Pensando em ações de conscientização sobre os cuidados com os animais e a posse responsável, a Secretaria Municipal de Educação deu início ao Projeto Educação Animal, na manhã desta quarta-feira (13). A primeira escola a receber a iniciativa foi a Escola Municipal Noemia Alaver Garcia Malanga, situada à Rua da Ginástica Olímpica, 341, no Jardim Olímpico.
O objetivo do projeto-piloto é trabalhar a conscientização da escolha pelo convívio das pessoas com os animais, tendo em vista a responsabilidade dos seres humanos e a relação de amor e cuidado que isso compreende. Segundo a secretária municipal de Educação, Maria Tereza de Moraes, levá-lo às escolas é necessário, porque se entende a importância da educação no contexto de divulgação de boas ações em prol da mobilização da sociedade, principalmente em situações como a atual em que há um crescimento no número de casos de maus-tratos e de abandono aos animais.
"Quando conseguimos mobilizar as crianças para que elas trabalhem em casa um assunto que viram na escola, conseguimos fazer com que várias pessoas discutam sobre ele. Sabemos que os casos de animais abandonados e maus-tratos é um grande problema e há dificuldade em lidar com isso. Podemos fazer políticas para castração e mobilizarmos as pessoas para que tenham uma posse responsável e a melhor forma de fazer isso é através da educação", explicou Maria Tereza.
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A ideia desta iniciativa é a da vereadora Daniele Ziober Sborgi. De acordo com ela, a intenção é coibir o número de abandonos de bichos na cidade, assim como os casos de maus-tratos. "Hoje, a gente vê famílias parando o carro na rua para abandonar os animais. Se as crianças tiverem informação e conhecimento sobre a posse responsável, elas vão coibir os pais de fazer isso e saberão como defender os animais. Se ensinarmos o caminho certo, dificilmente errarão", defende.
Daniele também explicou que, no momento, está elaborando um projeto de lei sobre isso e a iniciativa piloto nas escolas a ajudará a formulá-lo da melhor maneira possível, para que a ação seja permanente. "O projeto de lei está sendo elaborado, por isso lançamos a iniciativa piloto, que foi abraçada pela Secretaria Municipal de Educação, SOS Animal e pela Guarda Municipal. Assim, poderemos fazer o PL na íntegra, para que ele perdure mesmo depois do final desta gestão", disse.
Inicialmente, o Projeto Educação Animal será implementado em 15 escolas da rede municipal, a começar pela Noemia Alaver Garcia Malanga. Destas, serão 12 unidades da área urbana e três da rural, pois a intenção é oferecer em três escolas de cada região.
Ao todo, cerca de mil crianças, de 7 a 8 anos de idade, participarão das atividades neste ano. A intenção é que, em 2018, todas as escolas recebam o projeto. "Falar sobre os animais faz parte do currículo escolar das crianças do segundo ano, por isso se entende que é uma idade adequada para estar iniciando os trabalhos com a posse responsável", explicou a coordenadora das ações nas escolas, da Secretaria Municipal de Educação, Carla Cordeiro.
Parcerias - Para colocar o projeto em prática, três professores do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia (Unifil) e seus estagiários vão às escolas conversar com os alunos do 2º ano. De forma lúdica, com o uso de fantoches e slides ilustrativos, eles abordarão a questão dos cuidados com os animais, mostrando que os bichos não são objetos que as pessoas podem manipular como um brinquedo. Mas, que eles têm sentimentos, emoções e necessitam de cuidados diários de higiene, alimentação e saúde.
Os profissionais também ensinarão às crianças sobre castração, vão mostrar como deve-se cuidar de um animal, como alimentá-lo, o que são maus-tratos, quais são os animais silvestres que não se pode ter em casa e que precisam ser criados soltos, por que motivo algumas pessoas têm esses animais em casa como fiéis depositários, e as formas de ajudar com que os bichos não se reproduzam de forma desenfreada.
"O adulto nós não educamos mais, a não ser que ele queira. Com a criança é o contrário, porque eles estão no universo de descobrimento. Se você ensina desde pequeno o que é certo, eles vão seguir no caminho certo. Além disso, poder colocar os alunos do curso de Medicina Veterinária vai promover o crescimento pessoal e profissional deles, pois vão trabalhar com crianças, numa parte que chamamos de extensão rural. Eles vão aplicar na prática, tudo o que se aprende na acadêmica", ressaltou a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Unifil, Suellen Cordova Gobetti.
Além disso, o projeto conta com a participação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) SOS Vida Animal. Os voluntários vão levar os animais que já sofreram abusos, violência e crueldade e que foram resgatados pela entidade. Assim, os alunos poderão manter contato com esses bichos. Para a presidente da SOS Vida Animal, Carolina Valdivieso, mostrar os bichos aos alunos ajuda na assimilação do conhecimento.
"O visual sempre ensina muito e a palestra é voltada para a conscientização, para que, a longo prazo, mude a realidade da nossa cidade. A criança que está em formação e tem o contato visual do que aconteceu com o animal, terá registrado na cabeça isso e lá na frente quem sabe possamos construir um futuro melhor, em que os animais sejam respeitados", finalizou Carolina.
De acordo com a presidente da OSCIP, em Londrina, há cerca de 60 mil animais abandonados, sejam aqueles deixados nas ruas, quanto os deixados em residências fechadas sem alimentação e cuidados. Atualmente, a Associação Defensora dos Animais (ADA) é a organização que trabalha com o resgate dos animais. O SOS Animal desenvolve trabalhos de castração, socorro e realocação de animais na comunidade em que eles vivem e feiras de adoção.
A Guarda Municipal também participa da ação levando seus cães treinados. A intenção é mostrar para as crianças que os animais, além de serem amigos dos seres humanos, ajudam na proteção e segurança das pessoas. Após a ida às escolas municipais, o projeto prevê uma segunda etapa que é a visita dos alunos ao Hospital Veterinário da Unifil. No local, eles poderão ver animais de médio e grande porte, que são atendidos pela entidade, como cavalos, ovelhas e porcos. Ao final, os alunos irão receber uma cartilha para fixação do conteúdo e uma "credencial" de agentes protetores de animais (AGENTE PET).
A iniciativa do AGENTE PET pertence ao grupo de pesquisa em Saúde Pública da Unifil. De acordo com a professora de Medicina Veterinária e coordenadora do projeto pela Unifil, Joice Elaine Teixeira Campanha, a intenção é formar protetores mirins de animais, que se virem os pais, parentes ou vizinhos fazendo algo errado possam ensinar o que é certo.