Quem nunca sentiu aquele soninho durante o dia, principalmente, após o almoço ou enquanto estava assistindo TV, ouvindo uma música ou, até mesmo, lendo um livro? E aquela preguiça que parece nunca ter fim? Situações como essas acontecem regularmente, sobretudo, se o indivíduo não teve uma boa noite de sono ou se gastou energia demais.
No entanto, o que poucas pessoas sabem é que a sonolência excessiva durante o dia pode ser algo preocupante, sendo caracterizado com um distúrbio do sono: a narcolepsia. A doença, pouco conhecida, acomete um em cada dois mil indivíduos, segundo cálculo do Centro de Narcolepsia da Universidade de Stanford, na Califórnia.
De acordo com Carolina Carmona, fisioterapeuta da Duoflex e especialista em Medicina do Sono, seu diagnóstico não é muito fácil, podendo demorar vários anos até que, realmente, possa ser identificada corretamente. "A dificuldade em detectar o problema é que ele pode ser naturalmente confundido com uma preguiça excessiva, sonolência em demasia ou transtorno de atenção, ainda que, a pessoa durma bem durante a noite", explica.
Leia mais:
Celulite: por que surge, quais as principais causas e como tratar?
Arábia Saudita autoriza mulheres a dirigirem automóveis
'Nem todas as mulheres podem ser modelos', diz estilista da Dior
Empresa dos EUA cria fantasia de 'Kylie Jenner grávida' para o Halloween
Apesar de não ser considerada uma doença grave, os ataques deste distúrbio podem ser preocupantes, afinal, tendem a acontecer a qualquer momento e em ocasiões inusitadas, entre elas, enquanto a pessoa está dirigindo um automóvel, operando máquinas ou cozinhando, por exemplo. "E isso, com certeza, é alarmante, já que se tratam de situações em que o indivíduo está concentrado em uma atividade e extremamente vulnerável", esclarece.
Em um quadro de narcolepsia, a cataplexia – a súbita perda da força e controle muscular – é um sintoma comum a todos os portadores, porém outros indícios também podem se manifestar de pessoa para pessoa, como por exemplo, a paralisia do sono, quando o indivíduo acorda e não consegue movimentar-se, as alucinações hipnagógicas, que se caracterizam por possíveis sonhos vividos na transição do sono com a vigília e, em alguns casos, os portadores da doença interagem com os sonhos, o que os levam a situações inadequadas em público ou em casa, além da fragmentação do sono, caracterizada clinicamente por despertares noturno.
A especialista ressalta, no entanto, que a narcolepsia não é uma doença mental, mas sim, um distúrbio do sistema nervoso. "Especialistas acreditam que o problema é causado por quantidades reduzidas de uma proteína denominada hipocretina, que é gerada no cérebro. Porém, não se sabe ainda, o que leva o cérebro a produzir pouca quantidade desta substância", esclarece.
No meio social, por exemplo, o portador de narcolepsia é muitas vezes visto pelos familiares ou amigos como preguiçoso, com consequente dificuldade na carreira profissional e no desenvolvimento de atividades sociais. "Em contrapartida, o indivíduo nem sempre sabe que é portador da doença, por isso, nesses casos, é fundamental o apoio psicológico e, claro, a busca por tratamento", alerta a fisioterapeuta.
Após a doença ser diagnosticada – o que pode demorar aproximadamente dez anos até que os sintomas evoluam – é indispensável a adoção de algumas medidas comportamentais como, seguir horários regulares para atividades do dia a dia, evitar situação de privação de sono noturno e, sempre que possível, tirar cochilos programados de 15 a 20 minutos, duas ou três vezes durante o dia, para facilitar o controle da sonolência diurna. O tratamento farmacológico também é indispensável, mas sempre sob prescrição e orientação médica especializada.