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Maternidade adiada

Mulheres pagam 'alto preço' em nome da carreira

Redação Bonde
22 fev 2012 às 08:48

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São necessárias muitas mudanças para que a maternidade e o sucesso profissional possam caminhar lado a lado - Reprodução
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As dificuldades para conciliar a carreira e a maternidade podem afetar decisivamente a fertilidade feminina no futuro? As respostas para este questionamento foram reunidas por pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia e divulgadas num artigo publicado recentemente no Family Relations Journal.

Quando falamos em maternidade e carreira, primeiro é preciso lembrar que homens bem-sucedidos não têm de lidar com nenhum tipo de opção muito difícil no âmbito pessoal. Geralmente homens no mundo todo, que exercem qualquer profissão, inclusive os cargos diretivos, expressam livremente o desejo de ter filhos e os têm. Na verdade, "quanto mais realizado o homem", maior é a probabilidade de que ele se case e tenha filhos.

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Com as mulheres ocorre o inverso. Elas enfrentam os mesmos desafios que os homens em longos expedientes e sofrem as mesmas pressões de quem ocupa cargos importantes. Contudo, há desafios que são próprios de cada sexo.

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"A história da mulher no mercado de trabalho está sendo escrita com base em dois quesitos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento do nível de instrução da população feminina. Estes fatores vêm acompanhando, passo a passo, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho e a elevação de sua renda", explica o ginecologista Jonathas Borges Soares, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida.

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Um universo masculino...


E quando falamos em mercado de trabalho e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, precisamos mencionar que as empregadas enfrentam uma mesma dificuldade global: o preconceito contra a maternidade. O ambiente de trabalho ainda não contempla as necessidades da mulher. São necessárias muitas mudanças para que a maternidade e o sucesso profissional possam caminhar lado a lado: jornadas flexíveis, possibilidade de trabalhar à distância, oferta disseminada de benefícios, como creches.

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"O abismo salarial que ainda persiste entre homens e mulheres é fruto principalmente das penalidades impostas à mulher no momento em que ela interrompe a carreira para ter filhos. De acordo com estudos recentes, uma fração cada vez maior do abismo salarial se deve à maternidade e à educação dos filhos, que acabam por interferir na carreira das mulheres – e não na dos homens –, afetando permanentemente seu salário potencial", destaca o médico.


A ideia de que as mulheres deveriam imitar, com o mesmo grau de sucesso, o modelo competitivo masculino é um complicador da vida moderna porque os maridos ainda não assumiram uma fatia significativa das responsabilidades tradicionalmente atribuídas a elas no plano doméstico.

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"Mesmo mulheres casadas, com salários superiores aos dos maridos, se vêem obrigadas a lidar com a maior parte das responsabilidades domésticas. Poucos são os maridos que se ocupam do próprio trabalho e assumem a responsabilidade pela preparação das refeições, os cuidados com a roupa suja e/ou a limpeza da casa. No tocante aos filhos, o desempenho deles também não é melhor", observa Jonathas Soares.


Maternidade adiada

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De acordo com dados de uma pesquisa do Center for Work-Life Policy, que reuniu dados de americanas e britânicas, quase metade, 43% das mulheres da Geração X com nível universitário – aquelas que atualmente estão entre as idades de 33 a 46 anos – não têm filhos. Três quartos dessas mulheres sem filhos estão em relações estáveis, ou seja, o fato delas ainda não serem mães, provavelmente não é por falta de um parceiro. Será culpa da carreira?


As mulheres pagam um preço maior pela ascensão profissional porque os primeiros anos "de batalha" se sobrepõem, quase que exatamente, aos anos mais apropriados para a maternidade. É difícil diminuir o ritmo nos estágios iniciais, acreditando que mais tarde será possível compensar o atraso.

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"As mulheres jovens aprendem que as pessoas bem-sucedidas devem se dedicar à carreira na faixa dos 20 anos e canalizar toda a sua energia para o trabalho, durante pelo menos dez anos, se quiserem ter sucesso. Acontece que, seguindo esta recomendação, é bem provável que as mulheres se vejam com 35 anos ou mais e ainda sem tempo para pensar na possibilidade de ter filhos. É exatamente nesta etapa da vida que a infertilidade pode se tornar um problema, conforme provam inúmeros casos. E mesmo com o emprego das técnicas de reprodução humana assistida, é bom saber que as chances de gravidez até 35 anos de idade são de 40% a 50%. Acima de 40 anos, a taxa de sucesso é de 10% , diz o diretor do Projeto ALFA.


Carreira x maternidade

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A maior pressão sentida hoje pela mulher não é a de provar sua competência, mas sim o próprio desejo de conciliar o trabalho com a família. O difícil balanço entre a vida profissional e a pessoal está na raiz de grande parte da insatisfação manifestada pelas mulheres no mercado de trabalho.


"O fato de que tantas profissionais sejam forçadas a descartar a maternidade é uma injustiça flagrante, além de afetar significativamente os negócios em todo o mundo. Se grande parte das mulheres que insiste em seguir carreira fica impedida de constituir família, outra parte igualmente grande e que opta pela família é obrigada a encerrar a carreira", informa Jonathas Soares.


Diversas pesquisas no campo dos recursos humanos já apontaram que as mulheres se sentem mais felizes quando têm uma carreira e uma família ao mesmo tempo. "Precisamos fazer esta notícia ecoar, transpondo as barreiras corporativas, culturais e sociais", defende o ginecologista.

Serviço:
www.projetoalfa.com.br


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