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Médico orienta como minimizar e tratar os sintomas da hiperidrose

17 fev 2014 às 17:32

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a hiperidrose é uma doença caracterizada pelo excesso de transpiração, além do considerado normal. Estima-se que cerca de 3% da população apresente sudorese excessiva, em maior ou menor grau. Somente no Brasil, seriam aproximadamente 6 milhões de pessoas.

"Quando exposto ao sol ou na prática de exercício físico, o corpo transpira para auxiliar na regulação da temperatura corporal. O suor tem um importante papel fisiológico em nossa saúde. Em alguns casos, a pessoa apresenta sudorese excessiva, acometendo regiões específicas do corpo, como mãos, axilas, pés, couro cabeludo e outras, caracterizando a hiperidrose", explica Marcio Botter, diretor do Departamento de Cirurgia Torácica da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.


Em situações mais intensas, os portadores da doença permanecem a maior parte do dia com as mãos ou axilas, literalmente, gotejando, umedecendo roupas ou tudo que o indivíduo toca, o que pode deixá-los desconfortáveis e estressados. Esse constrangimento interfere no convívio social e, inclusive, na esfera profissional. Compromete a qualidade de vida dos seus portadores, muitas vezes culminando com isolamento social e, até mesmo, em depressão.


Na maioria dos casos, o que ocorre é a chamada Hiperidrose Primária, em que não existe uma causa aparente. Tal condição é considerada uma desordem genética e, de fato, são relatados históricos semelhantes em uma mesma família. Também pode ser secundária a outras enfermidades, como obesidade grave, diabetes, entre outras.


A literatura médica reporta incidência maior em determinados grupos étnicos, em especial, orientais e judeus. A razão disso, até o momento, é desconhecida. Outro importante fator de predisposição é a história familiar. Crianças com suor em excesso nas mãos e pés, com parentes nas mesmas condições, são sérios candidatos a manifestar a desordem a partir da puberdade ou mesmo antes dessa fase.


Alívio


Certas medidas podem, em algumas situações, minimizar os sintomas, principalmente nos casos mais leves. "Costumamos orientar os pacientes a evitar, por exemplo, alguns tipos de alimentos, chamados termogênicos, que aumentam a temperatura corporal e, consequentemente, pioram a transpiração, como gengibre, canela em pó, pimentas, café, refrigerantes, chás verdes e outros. Outra medida é o uso de roupas que favoreçam a absorção e evaporação da umidade, de tecidos como tencel e tactel", destaca o especialista.


Além disso, evitar locais de elevada temperatura, situações de grande estresse emocional e, inclusive, a portarem, sempre que possível, peças de roupas para eventuais trocas no decorrer do dia, se necessário.


Tratamento


As melhores opções de tratamento da hiperidrose são a cirurgia, chamada Simpatectomia Videotoracoscópica, ou aplicação local de toxina botulínica, o mesmo medicamento utilizado para suavizar rugas de expressão facial. Nesta segunda opção, a aplicação é realizada diretamente na pele, por meio de múltiplas injeções cutâneas nas mãos ou axilas.


"O uso da toxina apresenta resultado muito bom, apesar de a eficácia ser temporária, sendo, portanto, considerada apenas uma medida paliativa. Em alguns meses, o efeito da droga cessa e novas aplicações são necessárias, acarretando em custo elevado ao longo do tempo", pondera Marcio.


Daí a grande vantagem da cirurgia, que é um procedimento definitivo, sendo muito rara a recorrência dos sintomas após a sua realização. Apesar de tecnicamente simples, a Simpatectomia exige grande treinamento e destreza do cirurgião, com execução exclusiva por profissionais habilitados em procedimentos videotoracoscópicos.


O principal efeito adverso da cirurgia é a sudorese reflexa ou compensatória, uma transpiração transitória, que eventualmente pode surgir em locais do corpo em que não existia hiperidrose antes do procedimento.


O avanço das técnicas e dos instrumentais cirúrgicos tem proporcionado excepcional progresso no tratamento da Hiperidrose. No passado, a cirurgia era um procedimento arriscado, sujeito a complicações graves, além de deixar cicatrizes grandes nos dois lados do tórax.


Atualmente, o procedimento é realizado com grande segurança e raras intercorrências. São utilizadas técnicas minimamente invasivas, que resultam em cicatrizes diminutas, quase imperceptíveis, além de instrumentais cirúrgicos que seccionam e cauterizam os tecidos por meio de vibração ultrassônica. O grau de satisfação dos pacientes ultrapassa 95%.

"Para o sucesso do procedimento, com o mínimo de efeitos adversos, reiteramos aos pacientes que devem sempre procurar um especialista treinado e habilitado a selecionar adequadamente os candidatos e a realizar a operação, que é o cirurgião de tórax", reforça o médico.


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