O procedimento que chegou ao país em 1980, através do médico francês Yves Gerard Illouz , é hoje um dos mais procurados no Brasil. Considerada por muitos médicos brasileiros uma técnica absurda e perigosa, a lipoaspiração, também conhecida pelas variantes de Lipolight, Minilipo e Lipo Pró Curva passou por problemas nos primeiros anos, mas conseguiu superá-los e chegar ao século XXI como a grande musa da cirurgia plástica nacional.
Este ano, a lipoaspiração completa 32 anos e continua entre as cirurgias mais requisitadas no país. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), 40% dos pacientes procuram pela lipoaspiração.
Evolução
De acordo com o cirurgião plástico Cláudio Bicudo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a maior mudança no procedimento no decorrer destes anos foi à variação do tamanho da cânula. "As cânulas de aspiração ficaram mais finas e com isso trouxeram uma maior segurança e melhores resultados para as cirurgias" esclarece o médico lembrando que antes da lipoaspiração, a retirada de gordura localizada deixava no paciente uma extensa cicatriz que era indesejada por todos os clientes, em sua maioria mulheres.
"Nesses 32 anos, muita coisa mudou em termos de tecnologia de sucção e calibre da cânula utilizada na cirurgia. No início, os orifícios para a sucção eram maiores, o que causava mais traumas no tecido do paciente. Hoje em dia, com cânulas que variam entre 2 e 5 milímetros, é possível mais precisão e menos tempo de cirurgia", afirma Bicudo.
Cláudio Bicudo, que realiza em média 30 cirurgias mensais em suas clínicas em Niterói e Ipanema, no Rio de Janeiro, conta que hoje em dia o perfil das clientes é muito distinto. "Temos pacientes muito jovens querendo realizar pequenas intervenções assim como temos pessoas de todas as idades recorrendo a lipo, que é um procedimento muito seguro desde que realizado por profissionais sérios e competentes" diz o cirurgião.
Procedimento complementar
A procura por um corpo ideal leva o Brasil ao fantástico ranking de estar entre os países onde a lipoaspiração é mais realizada no mundo. Um fator importante de ser citado é que ela pode ser associada a outros procedimentos fazendo com que a procura seja maior ainda. "Quando fazemos um lifting facial podemos associar uma lipo de pescoço e a mesma coisa quando realizamos uma plástica de abdômen, associamos quase sempre a lipoaspiração" revela o médico lembrando que o procedimento complementa muitas outras cirurgias, trazendo resultados melhores e facilitando muitas vezes o resultado final.
Apesar de cada vez mais moderna, a procura excessiva pelo procedimento também pode ser perigosa. "A melhor forma de prevenir cirurgias desnecessárias é conscientizar as pessoas de que a lipoaspiração não emagrece, ela apenas retira gordura localizada", explica o médico, que condena a megalipo, que tem como objetivo extrair até 10 litros de gordura de uma única vez. "Acredito que o nome megalipo seja uma contradição com os princípios básicos da lipoaspiração já que o objetivo inicial da lipo é eliminar gordura e não emagrecer" conclui.
Profissional habilitado
Para aqueles que pretendem recorrer à cirurgia, Cláudio Bicudo aconselha a procurar um cirurgião plástico que pertença à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e também a procurar referências deste médico. "Depois de escolher o cirurgião é fundamental que o paciente faça uma avaliação médica para saber se não existe impedimento laboratorial para a cirurgia e anestesia. A lipoaspiração deve ser realizada em um centro cirúrgico com todos os recursos necessários. É preciso realizá-la com cuidado, sem retirar grandes volumes e prejudicar a saúde do paciente" completa. O especialista também recomenda que após a cirurgia o paciente mantenha uma dieta equilibrada e faça tratamentos complementares, a fim de preservar os resultados obtidos na lipo. "O segredo para obter um resultado satisfatório após o procedimento é o paciente procurar manter seu peso ideal e sempre que possível tratar a área lipoaspirada com procedimentos como drenagem linfática, endermologia, carboxiterapia, entre outros", finaliza.
Médico criou lipo para a namorada
A lipoaspiração foi inventada em 1978 por Illouz com o intuito de agradar a uma atriz francesa que ele namorava. A moça que ele jamais revelou o nome adorava usar decotes, mas tinha vergonha por ter um nódulo de gordura nas costas. Depois de pensar em um jeito de remover o nódulo sem deixar cicatriz, Illouz teve a idéia de sugar a gordura através de uma cânula. Mas, antes de experimentar na namorada, treinou em gordura animal, comprada em açougue, por quase três meses.
A técnica não demorou a chegar ao Brasil. Dois anos depois, em 1980, Illouz participou de Congresso em Fortaleza, onde apresentou a lipo aos brasileiros. Para convencê-los, propôs uma demonstração na geógrafa Maria Edith de Araújo Pessanha, que conheceu num jantar no Rio. Quando soube do motivo da vinda do médico ao Brasil, Maria Edith foi a primeira a se oferecer como ‘cobaia’ para aquela que seria a 1ª lipo feita no país. A cirurgia foi realizada no Hospital dos Servidores do Estado (HSE). "Naquela época, eu não ia à praia porque tinha vergonha de usar biquíni. Tinha complexo das minhas pernas. Até pensei em fazer plástica, mas tinha medo da cicatriz. Depois que fiz a lipoaspiração, superei meus complexos e recuperei minha autoestima. Nunca mais fiz outra operação. Me exercito andando na bicicleta ergométrica", recorda Maria Edith.