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Intensidade e duração da dor em cólicas menstruais podem indicar desminorreia

11 mai 2016 às 10:40

A dor das cólicas menstruais, muito conhecida pela maioria das mulheres, é denominada dismenorreia. Dependendo se há ou não alguma doença dos órgãos pélvicos como causa, pode ser classificada como primária ou secundária. Na dismenorreia primária, que representa cerca de 80% dos casos, não há problemas no útero ou ovários. "Os sintomas são comuns. Metade das mulheres apresenta esse tipo de dor pélvica durante sua idade fértil", observa Patricia de Rossi, ginecologista e obstetra do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, em São Paulo.

A cólica é consequência das contrações uterinas, que ocorrem por aumento da produção de prostaglandinas (moléculas reguladoras das vias metabólicas) no endométrio (camada interna do útero que é eliminada na menstruação). Essas contrações comprimem os vasos sanguíneos, dificultando o suprimento de oxigênio em algumas partes do útero. "Além da dor na parte inferior do abdome, que pode se irradiar para as costas e pernas, é comum ter outros sintomas (náuseas, vômitos, diarreia, mal-estar, fadiga) que prejudicam o bem-estar e as atividades cotidianas. Algumas mulheres ficam incapacitadas até para trabalhar", acrescenta a médica.


O presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), Irimar de Paula Posso, descreve que a dor é individual, e pode variar entre amena e muito intensa. "Tanto na primária como na secundária a dor pode atingir intensidade bastante alta, chegando próximo a níveis máximos de desconforto. Isso depende da sensibilidade da paciente e de outras doenças concomitantes", explica o profissional. Outros fatores influenciam o nível da dor, como a duração do fluxo menstrual, tabagismo, consumo exagerado de álcool, história de abuso sexual, obesidade, estresse e distúrbios emocionais.


A dor da dismenorreia primária costuma se iniciar junto do fluxo menstrual e dura, geralmente, entre dois e três dias. "Esse tipo costuma aparecer após as primeiras menstruações, podendo diminuir ou não de intensidade ao longo dos anos ou depois da primeira gravidez", explica Patrícia. A dismenorreia secundária habitualmente começa duas semanas antes da menstruação e é mais intensa ou progressiva (piora com o passar do tempo). Pode ser acompanhada de outros sintomas ginecológicos, como aumento da duração ou volume das menstruações, causado por outras doenças, como miomas ou endometriose.


Qual a maneira de amenizar os sintomas?


Na dismenorreia primária, o foco é bloquear o mecanismo da dor. Algumas das fórmulas mais indicadas, de acordo com a especialista, são os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) à base de ibuprofeno. "Medicamentos dessa linha são muito eficientes no tratamento da dismenorreia primária, pois diminuem a produção das prostaglandinas causadoras dos sintomas". Para Irimar, especialista em dor, "esses medicamentos podem ser considerados a primeira linha no tratamento, pois são muito eficientes contra a dor e têm boa indicação".


Se houver desejo de evitar a gravidez, uma alternativa é o uso de contraceptivos orais combinados, mais conhecidos como pílulas anticoncepcionais. Patrícia destaca que o tratamento deve sempre ser orientado por um médico, para que o medicamento seja usado na dose adequada e evite falha por uso incorreto, bem como reduzir a ocorrência de efeitos colaterais, como transtornos gastrointestinais.

Nos casos de dismenorreia secundária, é necessário também tratar a causa básica. "Os AINEs podem ser usados como medicação analgésica associada a outros fármacos nesses quadros, mas podem não ser suficientes para o tratamento da dismenorreia secundária. Em algumas situações, uma cirurgia para tratar a causa básica pode ser a única solução", esclarece o Irimar.


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