Até a década de 70, as doenças cardiovasculares eram preocupações predominantes do sexo masculino, pois o risco para as mulheres era menor. Mas, infelizmente para elas, essa diferença está diminuindo com o passar dos anos. O número de casos de mulheres sofrendo infarto está aumentando.
Segundo dados da SOCESP Mulher, projeto vinculado à regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no Brasil, depois da menopausa a incidência de infartos entre as mulheres aumenta consideravelmente. Em média, até os 50 anos, são cerca de cinco homens infartados para cada mulher. Depois dessa idade, para cada mulher infartada são registrados apenas dois casos entre o sexo masculino.
De acordo com a entidade, estudos realizados nos últimos 20 anos apontaram que a mulher que para de fumar reduz em 13% o risco de doenças cardiovasculares. Aquelas que fazem dieta e controlam o colesterol diminuem esse risco em 16%. "Está comprovado cientificamente que a doença coronariana ocorre duas a três vezes mais em mulheres após a menopausa do que naquelas na pré-menopausa (possivelmente devido à proteção hormonal do estrógeno) e as manifestações clínicas, muitas vezes atípicas, aparecem em média 10 a 15 anos mais tardiamente do que nos homens", afirma a cardiologista do Hospital Costantini, Lara Carreira.
Para Lara, a maior parte das mulheres se preocupa mais com o câncer de mama, depositando assim no ginecologista a maior responsabilidade pelo cuidado de sua saúde e correndo o risco de esquecer o coração. "Sabemos hoje que a maior incidência de morte nas mulheres se refere às doenças cardiovasculares, fazendo com que haja um risco seis vezes maior de morrer por doença cardiovascular do que por câncer de mama".
Este aumento na incidência da doença cardiovascular nas mulheres se deve ao aumento da esperança de vida (o que faz com que as mulheres vivam mais tempo no período pós-menopausa) e também ao fato das mulheres terem assumido responsabilidades que até pouco tempo eram exclusivamente masculinas. Fatores como a competição no mercado de trabalho, estresse, consumo de alimentação inadequada, falta de tempo para atividades físicas, tabagismo e obesidade, completam a fórmula para uma precoce complicação cardíaca na mulher.
Coração e gestação
Durante a gestação o sistema cardiovascular das mulheres é sobrecarregado, o que, segundo a cardiologista, "pode desmascarar uma cardiopatia previamente assintomática na futura mamãe". Muitas mulheres engravidam sem saber que têm doença cardíaca, e todo sintoma suspeito deve ser investigado, para que se possa fazer o diagnóstico e iniciar o acompanhamento e tratamento durante a gravidez e o parto. "Alguns sintomas próprios da gestação podem ser confundidos com sintomas de doenças cardíacas, como inchaço, falta de ar, palpitações", alerta a médica. Mas com o acompanhamento de um obstetra no pré-natal, as gestantes não precisam se preocupar. Qualquer suspeita será devidamente encaminhada para o acompanhamento conjunto com um cardiologista.
As mulheres que têm maior propensão a desenvolver doença coronariana são aquelas com histórico familiar, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol elevado, sedentarismo ou são fumantes.