Em dia

Engenharia desvenda o mito da calcinha de algodão

18 fev 2011 às 08:51

Toda mulher já ouviu de seu médico a recomendação para usar sempre calcinhas de algodão, porque materiais sintéticos seriam prejudiciais à saúde. Foi pensando em averiguar tecnicamente esse conselho que uma aluna do curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana) realizou um estudo que compara a umidade em lingeries de poliamida e algodão. A surpresa foi que depois da realização dos testes de gerenciamento de umidade e proliferação de fungos, a pesquisa apontou que as atuais malhas sintéticas de calcinhas não contribuem para o aumento da umidade e da temperatura local.

Ainda segundo o estudo, o ambiente não fica propício ao crescimento de fungos, especialmente para o candida albicans, que causa a candidíase (principal infecção vaginal causada por fungos). "O intuito já era estudar especificamente a proliferação deste fungo", afirmou a engenheira.


No último semestre da faculdade de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), em São Paulo, Maria Carolina fez o seu Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC, sobre o assunto. A ex-universitária realizou um estudo que compara a umidade em lingeries de poliamida e algodão. "A pesquisa incluiu ler alguns artigos médicos que contêm a afirmação de evitar utilizar calcinha sintética e pesquisar quais os tipos de lingerie mais usados no mercado antigamente e agora", disse Maria Carolina sobre a investigação que durou todo o ano de 2010.


Maria Carolina realizou ensaios com cinco tipos de malha de lingerie. Duas eram bastante usadas nos anos 80 e são feitas de poliamida com elastano em malha de urdume e 100% algodão. As outras três atuais são produzidas com poliamida microfibra texturizada com elastano em malha circular; um dos materiais é feito de malha de algodão com elastano, enquanto a última, de malha de ordume com poliamida microfibra. O resultado foi que as malhas atuais tiveram o mesmo desempenho que as malhas de algodão utilizadas na década de 80.


"A afirmação da área médica que novos tipos de malhas são favoráveis para o aumento de fungos não é válida", disse a engenheira têxtil.


Para chegar ao resultado foram realizados testes de gerenciamento de umidade. As pesquisas incluíram permeabilidade ao vapor de água para mostrar a quantidade de ar que passa pela camada do tecido, além do transporte de líquido por capilaridade - que tem o objetivo de identificar o quanto de líquido o tecido consegue transportar através dos espaços dos fios e fibras ou filamentos.


Segundo Maria Carolina, o estudo também comprovou que todos os forros das calcinhas dos modelos investigados são 100% algodão sem elastano.


O melhor resultado obtido foi com a microfibra texturizada com elastano em malha circular, que apresentou o mesmo desempenho que a malha de algodão, ou seja, não é favorável a proliferação de fungos. Já a malha de urdume (conjunto de fios dispostos longitudinalmente através dos quais a trama é tecida) mostrou-se mais favorável a fungos.

"Quanto maior a quantidade de líquido que o tecido consegue transportar, melhor. Dessa forma, o tecido não gruda na pele", afirmou.


Continue lendo