Em todas as fases da vida é comum desenvolvermos feridas de pele. Essas lesões podem causar dor e prejudicar a qualidade de vida. Por definição, as feridas são uma interrupção na continuidade da pele. São causadas por traumas, acidentes, cirurgias ou desencadeadas por alguma doença. Podem ser agudas, superficiais e de simples tratamento ou podem ser consideradas crônicas, com maior dificuldade de cicatrização e reincidência. Na maioria dos casos, as feridas são tratadas e a pele cicatriza, voltando ao estado normal.
Além do tratamento, realizado com medicamentos tópicos e curativos indicados pelo profissional de saúde de acordo com o tipo de lesão, outros fatores podem auxiliar na cicatrização, acelerando o processo de regeneração da pele. De acordo com enfermeiro estomaterapeuta* Antonio Rangel, da Membracel, os principais aspectos para a melhor regeneração tecidual são a hidratação e a nutrição adequadas. "A alimentação deve ser equilibrada e balanceada, com carboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas. O nutricionista é o profissional indicado para definir a dieta, de acordo com cada caso", explica.
Segundo Rangel, os carboidratos são importantes porque oferecem energia para a função dos leucócitos, macrófagos e fibroblastos, elementos do sangue que ajudam a regenerar os tecidos. Já a proteína favorece a formação de novos vasos sanguíneos, a proliferação dos fibroblastos e a síntese de colágeno, que são fatores imprescindíveis para a cicatrização. E, para dar a energia necessária para a formação de novas células, é imprescindível também a ingestão adequada de gorduras.
Rangel explica que a alimentação deve contemplar a ingestão de vitaminas A, C e minerais. "A vitamina A favorece a síntese e a ligação cruzada do colágeno, além de oferecer resistência ao tecido regenerado. A vitamina C auxilia na resposta imunológica e na síntese e resistência do colágeno. E os minerais também contribuem para a cicatrização de forma efetiva." Em casos de feridas difíceis e recorrentes, pode ser necessária uma dieta diferenciada, hiperproteica e hipercalórica. E, para manter a hidratação da pele, Rangel aconselha a ingestão de água, suco de frutas naturais e água de coco.
Sono, cigarro e idade
Outros fatores também podem afetar a cicatrização. Entre eles estão a infecção da ferida – nesse caso a cicatrização tem que disputar os fatores imunológicos com a infecção – e a oxigenação do tecido, já que uma circulação deficiente reduz o fornecimento de oxigênio aos tecidos desacelerando a cicatrização.
Em alguns caso é necessária uma intervenção mais efetiva para a cura de ferimentos graves, como o uso de membranas regeneradora porosas. Desenvolvidas com base em pesquisas de biotecnologia, estas membranas atuam como substitutas temporárias da pele para casos de falta da epiderme ou da derme, como em queimaduras e úlceras. O produto já é utilizado em hospitais e unidades de saúde em todo o país.
Além disso, a idade avançada, alguns tipos de medicamentos e o cigarro também podem prejudicar a cicatrização. "O avanço da idade diminui a velocidade metabólica celular. Acima dos 60 anos, é comum o surgimento de disfunção vascular, diabetes e aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos. E, em relação às drogas, anti-infamatórios corticoides, quimioterápicos e a nicotina podem influenciar no processo cicatricial por diminuírem a resposta imunológica normal", esclarece o especialista.
*O estomaterapeuta é um profissional especializado no tratamento de feridas.