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Do prazer a dor: vida sexual pode se tornar um problema

18 ago 2011 às 08:47

Todos sabem que as mulheres são mais suscetíveis ao temperamento na hora de transar. Cansaço, estresse, tristeza, podem influenciar a libido feminina com muita facilidade, e tirar por completo qualquer desejo sexual. Mas há mulheres que mesmo sem esses incômodos não costumam pensar em sexo, têm dificuldade em conversar sobre assuntos íntimos, e acabam sentindo dor ou ardência na relação sexual. Essas mulheres provavelmente têm vaginismo – e muitas delas nem sabem o que é isso.

Segundo o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Jr., vaginismo é uma contração dos músculos que circundam a vagina, causando uma falsa impressão de dor ou ardência, que acaba impedindo a penetração. O problema pode ser desenvolvido desde o início da vida sexual feminina, resultado de uma educação muito rígida e "puritana", religiosidade exacerbada, e também devido à tentativa de abuso sexual. Ou ainda, se desenvolver no decorrer da vida sexual, após alguma forma de trauma relacionado ao sexo, medo excessivo de engravidar, entre outras causas.


Todos esses fatores somados acabam resultando em problemas que podem deixar muitas mulheres - e até mesmo casais – infelizes e insatisfeitos, ainda que não percebam a origem desses sentimentos. "Até porque, mulheres com vaginismo tendem a procurar homens 'bonzinhos' que não insistam por sexo, e de preferência, manipuláveis. Também podem buscar homens com homossexualidade latente ou educação rígida", explica Amaury Jr.



A explicação para o vaginismo é bem simples. É só imaginar um assalto: algumas pessoas ficam traumatizadas, outras nem tanto. Mas pode ser que episódios sucessivos e recorrentes de assaltos criem crenças de que essas pessoas são azaradas. Desta forma passam a ter atitudes defensivas quando saem na rua ao invés de agirem de forma relaxada. Com o sexo é a mesma coisa. Um experiência ruim, duas, três... "Será que é melhor parar de tentar?"


Inúmeras pesquisas mostram que essa disfunção feminina é mais comum do que se imagina, mas que, felizmente, há um alto percentual de cura. O problema é que existe um desconhecimento pelos profissionais de saúde que não têm paciência em tratar e conversar devido ao tempo apertado das consultas. Dessa forma, muitas mulheres, quando chegam ao profissional certo, já estão desacreditadas da própria cura.


Segundo o especialista, a melhor forma de tratar o vaginismo, e voltar – ou ainda aprender – a ser feliz com o próprio corpo e com o sexo, é procurar um terapeuta sexual, que avaliará o quadro familiar (do casal ou da mulher) para entender todo o quadro que gerou, e sustenta essa situação. À medida que a terapia vai fluindo e as resistências vão caindo, inicia-se o processo de diminuição da sensibilidade da região vaginal (para acabar com a ideia de dor), com exercícios que são ensinados pelo médico para serem feitos em casa, por ela ou pelo casal. Também é interessante frisar que o tratamento é objetivo, breve e não dói.


"Trabalhamos por fora, comparando as negações para o sexo com a diminuição de prazeres com a vida, mas sempre com o foco no sexo. O objetivo é que a mulher tome uma atitude por iniciativa própria, afinal, não adianta simplesmente mandá-la usar um vibrador", afirma o médico. Outra solução, já adotada em alguns consultórios, é o uso de eletroestimuladores vaginais, um tratamento que estimula os músculos vaginais para que respondam mais rapidamente aos estímulos eróticos. "Desde, é claro, que estes sejam permitidos pela própria mulher, porque a primeira barreira é o cérebro", frisa Mendes Jr.

O objetivo disso tudo é fazer com que o dito "sexo frágil", se liberte de toda a repressão quanto às atitudes sexuais que a sociedade impõe desde cedo, e sinta-se forte e à vontade para entender que o corpo é uma boa fonte de prazer. Afinal, sexo também é vida, faz bem a saúde, deixa feliz, queima calorias e libera endorfinas.


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