Em dia

Diagnóstico precoce é chave na cura da leucemia infantil

03 abr 2012 às 09:00

Em 8 de abril é lembrado o Dia Mundial da Luta Contra o Câncer, em crianças, a leucemia é o tipo mais comum da doença. Com diagnóstico precoce e tratamento, porém, a cura fica em torno de 80-85%. Saiba mais sobre a doença na entrevista com a oncopediatra Beatriz de Camargo, do Hospital Infantil Sabará.

Qual a incidência da doença na população infantil?


A leucemia corresponde a 25-35% de todos os cânceres infantis (0-15 anos). É o tipo de câncer mais comum entre crianças e adolescentes e faz cerca de 2 mil novas vítimas por ano no país, de acordo com o Ministério da Saúde.


O que é a doença e por que ela se manifesta?


O câncer infantil, em geral, acomete as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Na leucemia, há um acúmulo de células anormais, que não completaram a sua maturação na medula óssea. Elas acabam por prejudicar ou impedir a formação dos glóbulos brancos (responsável pela defesa do organismo contra infecções), glóbulos vermelhos (que levam oxigênio dos pulmões para abastecer os tecidos) e plaquetas (células especializadas em estancar sangramentos). De acordo com o grau de maturação das células defeituosas a leucemia é classificada em subtipos que facilita o estudo da evolução da doença e resposta a novos tratamentos:



Leucemia linfóide (LLA) é o tipo mais comum em crianças correspondendo a 75% das ocorrências. Conta com alto índice de cura, chega a 80% dos casos.


Leucemia mieloide é menos comum em crianças. Com índice de ocorrência em torno de 25% do total de casos de leucemia infantil.


Quais são os sintomas mais comuns?


São inespecíficos, comuns a diversas outras doenças, mas podemos citar febre, perda de apetite, sangramento gengival, petequias (pequenas lesões na pele ou nas mucosas vermelhas), equimoses (manchas-pontos arroxeados no corpo), dor óssea e dores articulares, fraqueza, palidez, gânglios aumentados e infecções.
Quais os tratamentos disponíveis?


O tratamento é realizado por meio da administração de quimioterapia endovenosa e oral. A quimioterapia consiste de drogas que agem nas células imaturas. Podendo agir também em outras normais, por isso os efeitos colaterais, como queda de cabelo.


O diagnóstico precoce é fundamental no tratamento, por quê?


O diagnóstico correto e precoce, na verdade, é fundamental para a cura. O tratamento realizado em um centro por profissionais especialistas e uma equipe multiprofissional é importante, já que o tratamento necessita de diversos especialistas trabalhando em conjunto para um melhor resultado.


Quais os desafios para a doença?


Infelizmente ainda acontece o diagnóstico tardio, a com doença avançada e a criança mais debilitada. Isso se deve principalmente pela falta de acesso à saúde, dificuldade de realizar o diagnóstico em cidades menores, além da impossibilidade de encaminhar a criança a um centro especializado.


A leucemia é mais comum numa determinada faixa etária?


A faixa etária mais comum é entre 3 a 5 anos. Mas não são incomuns casos até os 10 anos.


Um dos tratamentos atuais é o transplante de medula, quando ele é possível?


O transplante de medula óssea só é indicado em casos específicos. Pode ser autólogo (próprio doador) ou alogeneico (doador compatível).


Muitos pais se culpam quando descobrem o problema, o que é importante que saibam para que não se sintam os vilões da história?


O importante é estar atento aos filhos e procurar o médico sempre que tiver duvida de algum problema. Não há como prevenir a doença ainda. E também não justifica a realização de exames laboratoriais periódicos na criança sem sintomas.


Quais as chances de cura?


Já estão ao redor dos 80-85% quando a criança é diagnosticada e tratada corretamente. Porém ainda existem alguns tipos denominados de pior prognóstico com algumas características biológicas bem definidas. Nesses casos mais raros, a cura esta ao redor de 50-60%.


Depois do diagnóstico e tratamento bem sucedido, a leucemia vira um monstro na vida de crianças e pais, as chances de voltar são altas?


Depois do tratamento pode haver uma recaída, mas não é comum, depende de características biológicas e da idade da criança. Mas não deve ser considerado um monstro.


Qual a relação deste tipo de câncer com os hábitos inadequados de vida e influência do meio ambiente?


Ainda não há dados comprovados, porém existem fatores que estão associados a maior risco para a doença, como o uso de pesticidas tanto de uso rural como de uso domestico durante a gravidez.

Serviço:
www.sabara.com.br


Continue lendo