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Conheça os mitos e verdades sobre a Síndrome dos ovários policísticos

31 mai 2016 às 11:48

A Síndrome dos ovários policísticos é um distúrbio hormonal comum nas mulheres em idade reprodutiva. Também conhecida como síndrome de Stein-Leventhal, a doença é definida por um aumento de tamanho dos ovários, que criam várias bolsas cheias de líquido (cistos). É comum a mulher apresentar elevados níveis de hormônios masculinos, ao ponto de, em certos casos, apresentar características masculinas, como excesso de pelos.

Em adolescentes, a menstruação pouco frequente ou ausente pode ser sinal da doença. "Uma em cada 15 mulheres em idade reprodutiva tem SOP, sendo considerada uma das doenças endocrinológicas mais comuns", conta Paula Pires, endocrinologista da Clinica Essenza.


A médica desmitificou alguns mitos e verdades sobre a SOP, confira:


1. Verdade que na SOP existe aumento da produção de hormônios masculinos em mulheres?


Verdade. Estrógeno e progesterona são hormônios femininos produzidos pelos ovários, que levam ao ciclo menstrual mensalmente e ajudam os óvulos a produzirem os folículos, preparando a mulher para uma possível gestação. A testosterona também é produzida pelos ovários, porém em quantidade muito pequena. Na síndrome dos ovários policísticos, ocorre um aumento importante nessa produção de testosterona.

2. O diagnóstico é feito apenas quando os níveis de testosterona encontram-se elevados no sangue?


Mito! Para ser diagnosticada é preciso que a paciente apresente dois ou três sintomas combinados, e que seja excluída outra patologia. Além disso, o médico deve avaliar sua história clínica e realizar o exame físico. Os sintomas são: aumento do volume ovariano, ausência ou irregularidade da menstruação, ausência de ovulação, aumento de peso, acne, hirsutismo (crescimento de pelos no rosto e outros locais em que a mulher normalmente não tem pelos), queda de cabelo, resistência insulínica (RI) e problemas com a fertilidade. Algumas pacientes podem ter a síndrome, mesmo com valores normais de testosterona no sangue.


3. Toda paciente com SOP pode ter diabetes ou resistência a insulina?


Verdade! A resistência a insulina (prejudicando a eliminação do açúcar no sangue) pode atingir 50-70% das mulheres com essa doença e isso independe se o peso está adequado ou se a pessoa está acima do peso. Ou seja, mesmo mulheres magras com SOP devem ter uma alimentação saudável e devem praticar atividade física regular para evitar que fiquem diabéticas.


4. Toda paciente com SOP tem irregularidade menstrual?


Mito! Apesar da SOP ser causa da irregularidade menstrual em 85% das jovens, é um distúrbio que pode se manifestar de diversas formas (como apenas acne e excesso de pelos). Além disso, a SOP está associada com o maior risco para o desenvolvimento de outras doenças como câncer de endométrio (tumor localizado na parede interna do útero), ataque cardíaco e diabetes.


5. Toda paciente com SOP possui ovários policísticos no ultrassom vaginal?


Mito! Apesar do nome ovários policísticos, essa doença pode se manifestar de várias formas! Afinal 7% e 20% das mulheres com SOP podem ter ovários normais. Além disso, 20% das mulheres normais podem ter achados ultrassonográficos compatíveis com ovários micropolicísticos mesmo sem ter a síndrome. "Por isso, este achado corrobora para o diagnóstico, mas deve ser avaliado em conjunto com os outros sinais,sintomas e achados para se fazer o diagnóstico de SOP", completa a especialista.


6. Na maioria das vezes o tratamento da SOP é simples e basta o uso do anticoncepcional e mudança no estilo de vida?



Verdade! Entre todos os medicamentos, os anticoncepcionais orais são os mais utilizados e são seguros e eficazes em pacientes sem maiores comorbidades metabólicas. Muitas vezes esse tratamento associado a uma reeducação alimentar e exercícios físicos já controla a doença. Por ser uma síndrome, com vários sintomas, o tratamento deve englobar diversos medicamentos como hipoglicemiantes orais (nos casos de resistência à insulina); estimulantes da menstruação, medicamento para reverter o quadro de infertilidade, cosméticos conta a acne e terapias para o controle do estresse e da ansiedade.


Mulheres com SOP apresentam, em geral, valores mais elevados de percentual de gordura, adiposidade central (barriga), testosterona, glicose pós-prandial, insulina basal e pós-prandial, triglicerídeos, colesterol total e LDL colesterol. Além disso, apresentam fatores de risco cardiovasculares mais precocemente do que comparadas as mulheres sem SOP, com mesmo IMC.


De acordo com a Diretriz Brasileira sobre a SOP, dieta e exercícios físicos representam o tratamento de primeira linha, melhorando a resistência à insulina e retorno dos ciclos ovulatórios, mesmo na ausência de perda de peso. Com o tratamento medicamentoso adequado a perda de peso resultante das mudanças no estilo devida favorecerá a queda dos androgênios circulantes, melhorando o perfil lipídico e diminuindo a resistência periférica à insulina. Dessa forma, contribuirá para o decréscimo no risco de aterosclerose, diabetes e regularização da função ovulatória. A prescrição de contraceptivos hormonais orais de baixa dose, por sua vez, propiciarão o controle da irregularidade menstrual e redução do risco de câncer endometrial.

"Apesar de ser comum, a Síndrome dos ovários policísticos manifesta-se de diferentes formas nas mulheres e por este motivo seu tratamento deve ser individualizado. Até o momento não foi descoberta sua cura, entretanto com o controle dos sintomas é possível prevenir os problemas associados. Em casos de suspeita de SOP, procure o seu endocrinologista", conclui.


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