Um desequilíbrio hormonal causado pela Síndrome do Ovário Policístico pode ser a causa para a infertilidade registrada em um grupo de mulheres obesas. As informações foram divulgadas recentemente durante um encontro da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica em Orlando, Estados Unidos, onde foi apresentada aos médicos participantes uma pesquisa a respeito da tese.
Os profissionais analisaram o histórico médico de 566 mulheres com obesidade mórbida que se submeteram à cirurgia de redução de estômago. Os registros de nove anos incluíam 31 pacientes diagnosticadas com a Síndrome antes da cirurgia. Algumas das mulheres com o problema não queriam ter filhos e outras estavam na pós-menopausa. Porém, segundo os pesquisadores, as seis pacientes que queriam ter filhos conseguiram conceber três anos após a cirurgia, sendo que todas elas haviam perdido uma quantidade significativa de peso após a intervenção cirúrgica.
"Normalmente, essas pacientes já se apresentam com resistência aumentada à insulina, ou mesmo pré-diabéticas, fenômenos que interferem no processo ovulatório e, consequentemente, dificultam engravidar. Uma das formas encontrada para resolver o problema é submetê-las à cirurgia bariátrica", revela a ginecologista especializada em sexualidade humana, Dra. Flávia Fairbanks.
Apesar dos dados animadores, especialistas afirmam ainda ser muito cedo para indicar a cirurgia a mulheres obesas apenas por este motivo, já que, como toda cirurgia, a bariátrica também apresenta alguns riscos ao paciente. "Deve-se analisar caso a caso, individualmente, antes de se decidir ou não pela cirurgia. Nossa prioridade é oferecer à paciente uma melhora significativa em sua qualidade de vida", afirma o cirurgião Almino Cardoso Ramos.
O cirurgião revela que, diminuindo a incidência de outras enfermidades, a probabilidade da mulher obter sucesso numa gravidez aumenta significativamente. "Está comprovado cientificamente que a cirurgia de redução do estômago reduz casos de problemas vasculares, varizes, dificuldade em andar e dormir, diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiorrespiratórios, dor nas articulações, entre inúmeros outros. Com a redução destas comorbidades as chances de concepção aumentam significativamente", finaliza Ramos.