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Chupeta prejudica a arcada dentária de 96% das crianças

24 fev 2010 às 10:07

O uso do bico para auxiliar os pais e bebês em momentos de ansiedade deve feito corretamente, em períodos específicos. O artefato deve ser apenas um coadjuvante para o bem-estar do recém nascido e, embora seja normal recorrer a ele, 96% das crianças que adotam a chupeta apresentam problemas no desenvolvimento da arcada dentária.

O doutor em ortodontia Cássio Rodrigo Panitz Selaimen lembra que o bico é um recurso sem precedentes na evolução das espécies, de uso exclusivo humano e sem benefícios comprovados. Ele explica que para os bebês e as crianças, o espaço entre as arcadas dentárias é invadido por uma espessura muito volumosa da chupeta, empurrando a língua para baixo, posição contrária ao desenvolvimento correto.


"O uso contínuo do bico impede a erupção correta dos dentes e o desenvolvimento dos rebordos alveolares, fazendo com que a língua adquira, ainda, um posicionamento incorreto", observa o especialista.


O tipo de problema que pode ocorrer depende de três fatores: a duração, intensidade e frequência do hábito. Normalmente causa a "mordida aberta anterior", em que os dentes não se tocam na frente. Esse problema tende a ser perpetuado pelo desenvolvimento errado de outras funções como sucção, fala e posicionamento incorreto de língua. O quadro piora se a criança apresentar problemas respiratórios e de comportamento.


Para minimizar os riscos, a criança deve abandonar o bico bem antes da troca dos dentes da frente, em especial, dos incisivos superiores na idade média dos quatro anos. Contudo, Selaimen avisa que o problema é persistente e que em 20% dos casos pode não acontecer a autocorreção. De acordo com ele, das crianças atingidas pelo mal uso da chupeta, 18,5% apresentam mordida aberta anterior e 17% respiração bucal em crianças de 7 a 9 anos.

"O uso racional do bico deve ser tolerado, mas usar o mínimo possível é o ideal, uma vez que o desenvolvimento correto das funções básicas são imprescindíveis para evitar a instalação de problemas difíceis de tratar. Dessa forma diminui-se o sofrimento da criança em um futuro bastante próximo", completa. Com essa orientação, a possibilidade de um tratamento dispendioso de tempo e dinheiro é menor e o tratamento, se necessário, é mais fácil.


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