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Cesarianas podem afetar a amamentação e prejudicar saúde dos bebês

24 jul 2014 às 10:14

O número de partos via cesariana aumenta a cada ano. Em 2010, por exemplo, dos quase três milhões de nascimentos no Brasil, 52% foram feitos dessa forma, muito acima do limite dos 15% proposto pela Organização Mundial de Saúde. E este aumento gradativo pode interferir negativamente na saúde do bebê.

A recente pesquisa "Nascer no Brasil", coordenada pela Fiocruz e em parceria com diversas instituições científicas do país, apontou a influência do tipo de parto no aleitamento materno na primeira hora de vida do recém-nascido. Segundo o levantamento, 22,4% das mães que fizeram parto normal iniciaram o aleitamento materno logo em seguida, ao passo que apenas 5,8% das que optaram por cessaria conseguiram amamentar na primeira hora após o nascimento.


Consequências


Dentre muitos problemas, o nascimento por cesárea também pode afetar indiretamente a saúde bucal da criança. Como todos nascem com a mandíbula menor do que a maxila, a amamentação ajuda a alcançar o equilíbrio, já que durante a mamada ele faz importantes exercícios que estimulam o desenvolvimento de músculos e ossos.


"A má posição da mandíbula pode causar problemas não só na disposição dos dentes, mas também na fala e respiração. Um mau posicionamento dental e ósseo pode levar a criança a respirar pela boca, evitando que o ar seja filtrado pelos pulmões como deveria e facilitando a entrada de uma maior quantidade de doenças", alerta José Henrique de Oliveira, diretor de Operações e Credenciamento do INPAO Dental.


Cultura


Para a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal, "o índice elevado de cesarianas se deve a uma cultura arraigada no Brasil de que o procedimento é a melhor maneira de se ter um filho. Em parte porque, no Brasil, o parto normal é realizado com muitas intervenções e dor", esclarece.


Números


Porém, a maioria das mulheres desconhece as consequências. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que 2,9 milhões de bebês morrem no primeiro mês de vida. Destes, um milhão não sobrevive ao primeiro dia, o que torna as primeiras 24 horas de vida da criança as mais perigosas. No Brasil, do total de crianças que morrem com menos de um ano de vida, 69,3% das fatalidades acontecem até o 28º dia de vida (período neonatal) e 52,6% ainda na primeira semana de vida. Segundo a organização, amamentar os bebês imediatamente após o nascimento reduz a mortalidade neonatal.

É com base nesse cenário que os especialistas defendem a importância do aleitamento materno na saúde e desenvolvimento da criança. No Dia Mundial da Amamentação, celebrado em 1º de agosto, uma das principais recomendações é que todo bebê seja alimentado somente por leite materno até os seis meses de idade.


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