Começa nesta segunda-feira (9) e segue até 13 de novembro a Semana da Saúde Auditiva, promovida pela Sociedade Brasileira de Otologia. Em Curitiba, o evento será marcado por ações em escolas e maternidades, orientações sobre saúde auditiva de crianças na Rua XV de Novembro, entre outras iniciativas. Em Londrina está prevista uma triagem auditiva.
Segundo Ângela Ribas, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia, órgão que apóia esse trabalho, um dos focos principais será a transmissão de informações sobre o chamado teste da orelhinha, exame feito em recém-nascidos que detecta se o bebê tem alguma falha no ouvido.
''Se o problema não for diagnosticado logo e tratado desde o início da vida, a criança não é estimulada, e pode ficar sem aprender a falar, passar por dificuldades na escola, entre outras limitações. Com o diagnóstico rápido, é possível implementar ações que minimizam os problemas'', afirmou Ângela. ''Uma em cada mil pessoas nasce com surdez profunda'', complementou a especialista.
Ângela lembrou que o Paraná possui uma lei estadual que estipula a obrigatoriedade do teste da orelhinha. ''Essa lei foi aprovada, mas não regulamentada. O procedimento é obrigatório, mas ainda não se sabe como aplicar a lei. Então, o teste não está sendo feito'', disse a presidente do conselho. Ela explicou que algumas unidades de saúde particulares e públicas realizam o teste no Paraná, mas na grande maioria o procedimento é ignorado.
Londrina
Professores e alunos do curso de Fonoaudiologia da Universidade Norte do Paraná (Unopar) realizam nesta terça-feira (10), das 8 às 11 horas, uma triagem auditiva, com exames gratuitos à população. A atividade, que acontecerá na clínica do campus do Jardim Piza (Zona Sul) e no Centro Social Coração de Maria (esquina das avenidas Higienópolis e JK), faz parte das comemorações do Dia Nacional de Combate e Prevenção à Surdez.
Além dos exames gratuitos, o evento pretende repassar informações sobre os problemas que acometem saúde auditiva da população. A perda da audição é uma das deficiências mais comuns na população brasileira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos.
Implante
A dona-de-casa Janete Trindade do Vale, de Curitiba, é mãe de Natã, de seis anos. O menino, que tem deficiência auditiva, não foi submetido ao teste da orelhinha nos primeiros dias de vida. ''O diagnóstico foi feito quando o Natã tinha oito meses. Por ter fenda palativa (céu da boca aberto), ele passou por uns exames para que fosse feito um procedimento, e o médico falou que iria fazer um teste de audição. O diagnóstico foi de surdez profunda'', comentou Janete.
Ao longo dos anos, a família foi buscando informações e orientação para ajudar Natã. A princípio, o menino usou um aparelho auditivo. Há três anos, fez um implante coclear, em Campinas (SP). ''Ele está conseguindo ouvir e está começando a falar'', disse a mãe, que lamentou a falta de informação.
''Foi um processo lento. A falta de informação é muito grande. Se tivesse sido feito o teste logo quando ele nasceu, ganharíamos tempo'', afirmou Janete. Ela criou recentemente uma associação, com o objetivo de orientar famílias sobre o implante coclear. ''Queremos ajudar as pessoas para que não passem pelo que passamos'', explicou a dona-de-casa.