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Botox ajuda quem sofre de bexiga hiperativa

09 jun 2009 às 15:30

Aprovada há um mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma nova técnica pode aumentar a qualidade de vida de pessoas que sofrem de bexiga hiperativa, um problema que prejudica - e muito - o convívio social de quem sofre desse mal. A arma é uma velha conhecida, em moda em diversos círculos: a toxina botulínica, popularizada pela marca registrada Botox.

O problema da bexiga hiperativa faz com que a pessoa tenha de ir ao banheiro com mais frequência que a normal - isso quando o portador da deficiência não consegue segurar a vontade. A toxina, que possui a propriedade de paralisar parcial ou totalmente os músculos, atua diminuindo a atividade da bexiga e, assim, impedindo uma contração involuntária do órgão.


A técnica foi criada por uma médica suíça há cerca de cinco anos e, pouco tempo depois, começou a ser utilizada, em caráter experimental, por alguns médicos brasileiros. Um deles é o urologista do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio Libanês de São Paulo, Flávio Trigo Rocha. Ele conta ter aplicado a toxina em cerca de 50 pacientes.


''Cerca de 80% dos que não tiveram sucesso em outros tratamentos responderam bem à toxina botulínica'', afirma o urologista, se referindo às antigas técnicas utilizadas contra a bexiga hiperativa, como fisioterapia do assoalho pélvico (a musculatura que sustenta a bexiga), medicamentos ou intervenções mais invasivas - entre elas, instalação de um marca-passo para controlar a bexiga, cirurgias ou colocação de um pedaço do intestino para diminuir a contratividade.


Se esse tipo de cirurgia demanda de sete a dez dias de hospitalização, no caso da injeção da toxina, apesar de requerer anestesia geral, o paciente recebe alta - no máximo - no dia seguinte à aplicação. Em 15 dias, a substância começa a fazer efeito, que dura entre 10 e 12 meses, quando uma reaplicação se faz necessária.


De acordo com Rocha, o custo do tratamento pode chegar a R$ 10 mil. O preço inclui o serviço hospitalar, as ampolas e o trabalho do médico. Agora, com a aprovação da Anvisa, os pacientes poderão utilizar os planos de saúde, garante o urologista.


Embora não haja estatísticas precisas no Brasil, o médico do Sírio Libanês, baseado em dados dos Estados Unidos, estima que 8 milhões de pessoas sofram de bexiga hiperativa por aqui. ''Nos EUA, são 17 milhões de pacientes.'' Desses 8 milhões de brasileiros, metade não responde aos tratamentos convencionais e 30% estão no ponto de não conseguir chegar a tempo ao banheiro.


Um desses era Marcelo Zotti Rodrigues, de 29 anos. Com paralisia nas pernas desde 2005, ele perdeu o controle da bexiga. ''Sofria de incontinência'', recorda. ''Minha bexiga não estava cheia e contraía, não dava tempo de chegar ao banheiro.'' Ele tentou a fisioterapia, sem sucesso, e só resolveu o problema com as aplicações da toxina botulínica.

A primeira foi feita há três anos, quando Marcelo teve de assinar um termo se dizendo ciente de que o tratamento ainda não havia sido aprovado. Deu certo e ele já está na terceira aplicação.


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