Do envelhecimento precoce ao câncer de pele, o sol pode deixar de ser um aliado da saúde para transformar-se em vilão. Este é o alerta conjunto da Organização Mundial de Saúde, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, pois os profissionais de saúde sabem muito bem que o brasileiro cultiva o hábito de bronzear-se, e, quase sempre, expõe-se exageradamente ao sol, sem as devidas precauções, ou utilizando alternativas que trazem ainda mais danos à saúde, como o bronzeamento artificial. "Apesar da radiação ultravioleta, UV, ter efeitos benéficos, em excesso, ela pode levar a uma variedade de problemas de saúde, incluindo câncer de pele e catarata. Ao atinigir a pele desprotegida, a radiação solar pode desencadear reações como queimaduras solares e fotoalergias. Os raios UV - devido ao efeito cumulativo da radiação durante a vida – são os responsáveis também pelo envelhecimento cutâneo e pelas alterações celulares que predispõem ao câncer da pele", explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Quando o assunto é exclusivamente a saúde ocular, a exposição, sem proteção, a quantidades excessivas de radiação UV por um curto período de tempo, pode causar ceratite, uma espécie de "queimadura da córnea" que causa dor, vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia e sensação de areia nos olhos. "O maior risco para os olhos se encontra na exposição prolongada ao sol, que por sua vez, pode ser mais perigosa. A incidência direta dos raios ultravioleta no olho humano, ocasiona lesões oculares, que gradual e cumulativamente, podem resultar na perda total da visão. As lesões oculares mais comuns causadas pelo excesso de sol são a queda da percepção de detalhes pela mácula e a formação da catarata, problema ocular grave, de maior incidência no mundo", destaca Centurion.
Como proteger os olhos?
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Os efeitos da radiação UV são cumulativos. Quanto mais os olhos são expostos aos raios UV, maiores serão os riscos do desenvolvimento de uma moléstia, com o passar dos anos. "É aconselhável, portanto, o uso de óculos escuros de boa qualidade e que ofereçam proteção adequada aos olhos, não apenas durante o verão, e sim durante todo o ano", defende a oftalmologista Fernanda Takay, que também integra o corpo clínico do IMO.
Segundo a oftalmologista, a decisão de compra dos óculos de sol deve levar em consideração, primordialmente, o nível de proteção contra a radiação ultravioleta (UVA e UVB) que as lentes oferecem. "Esta informação deve estar disponível, no momento da compra, seja no adesivo afixado aos óculos ou em livretos contendo informações técnicas sobre o produto. O comprador deve exigir esta informação", diz a médica.
"Bons óculos escuros devem bloquear entre 99-100% as radiações UV-A e UV-B; não devem distorcer imagens ou mudar as cores. Devem ter lentes cinzas, verdes ou marrons, capazes de filtrar entre 75-90% da luz visível. Os óculos de grau também devem ter proteção UV. Bonés, viseiras e chapéus oferecem proteção adicional, quando precisamos passar muitas horas sob a luz solar", recomenda Fernanda Takay.
Mesmo os que decidem curtir o verão na sombra não estão livres de sofrer com a radiação solar que se reflete na água, na areia e no asfalto. Portanto, o uso de filtros solares embaixo do guarda-sol também é recomendável.
Bronzeamento artificial é uma prática de risco
Muito em moda, nos dias de hoje, o bronzeamento artificial, é feito, principalmente, em clínicas de estética. "É importante esclarecer que o bronzeamento com luz artificial traz danos à pele e aos olhos desprotegidos, da mesma forma que a exposição à luz solar. O FDA (Food and Drug Administration), órgão americano que regulamenta medicamentos e alimentos, desaconselha o uso das lâmpadas de UVA com o objetivo de bronzeamento. A Sociedade Brasileira de Dermatologia também desaconselha esta prática, no Brasil", diz a oftalmologista.
Para alcançar o mesmo efeito da luz solar, as camas ou cabines de bronzeamento têm que estimular a produção de melanina. Lâmpadas especiais, instaladas no interior dessas câmaras, emitem raios iguais aos do sol. Predominantes nos aparatos de bronzeamento artificial, os raios UVA têm um comprimento de onda mais longo (320 a 400 nm). Por isso, atingem mais profundamente a pele, penetrando na derme. Nesta camada incidem sobre o colágeno. Assim, o usuário estará acelerando o desgaste das suas células. Resultado: envelhecimento precoce. Quanto aos raios UVB, por seu comprimento de onda (280 a 320 nm), estes não penetram tão profundamente. Mesmo assim, são os principais agentes causadores de câncer de pele e manchas.
"Os olhos também ficam expostos aos raios ultravioletas nas câmaras de bronzeamento artificial. Quando estamos sob lâmpadas de bronzeamento artificial, precisamos bloquear os raios UV. Neste caso, os óculos de sol não resolvem. Devemos, sempre, utilizar óculos especiais de proteção para o bronzeamento", orienta a oftalmologista Fernanda Takay.
Saiba mais
Veja no site do IMO um filme sobre o pterígeo, moléstia ocular provocada pelo excesso de exposição solar.