Toque de Primeira

Dirigentes querem virar a mesa do torcedor

22 mai 2003 às 10:59

Olá, amigos do esporte! Uma reunião fantasma com dirigentes medíocres fez ameaças inconsistentes de suspender o Campeonato Brasileiro de futebol. Tudo para tentar minar o importante e necessário Estatuto de Defesa do Torcedor, que virou lei no dia 15 de maio.

Caso o governo federal aceite a coerção, mostrará que pode ser tão medíocre quanto os dirigentes do nosso futebol. Estes cartolas incompetentes dizem que a lei os pegou de surpresa, que não foram ouvidos e que não tiveram tempo para se preparar. Que uma lei não pode ser feita assim, de supetão.


São declarações absurdamente inválidas que podem comprovar que os cartolas são ou ignorantes, ou mal intencionados. Nenhuma lei entra em vigor de supetão. O Estatuto, por exemplo, está sendo discutido há pelo menos dois anos dentro do Ministério do Esporte.


A idéia de se ter uma lei que regulamentasse melhor a relação entre o futebol e o torcedor surgiu depois das CPIs que provaram as irregularidades cometidas pelos cartolas de todos os níveis. Antes de ser enviada ao Congresso, foi gestada no Ministério do Esporte, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. A própria CBF tentou acabar com ela ainda no ninho, fazendo inúmeras gestões junto à bancada da bola. Depois disso, ainda foi enviada aos parlamentares e analisada primeira nas comissões para depois ir ao plenário e ser aprovada por unanimidade. Só então o presidente Lula assinou e mandou publicar em Diário Oficial.


Dirigentes competentes deveriam acompanhar todo o trâmite. Portanto, a primeira alegação, de que não houve tempo de adaptação, é inconsistente. Existem cinco artigos que por serem de execução um pouco mais complicada, tiveram um prazo de seis meses para entrar em vigor. Portanto será em novembro que os clubes terão que providenciar acesso especial a pessoas portadoras de deficiência física (artigo 13), providenciar sistema de monitoramento de público e das catracas com vídeo (artigos 18 e 25), numerar ingressos e permitir que as pessoas escolham o local que querem sentar no estádio (artigo 22), e providenciar diretrizes básicas de seu relacionamento com o torcedor de como irá cumprir o Estatuto (art. 33). Será que não dá para fazer isso em seis meses?


Outra grande besteira que os cartolas estão dizendo é que podem ser responsabilizados por acidentes ou brigas de torcedores que aconteçam em até cinco quilômetros do estádio onde ele manda as partidas. Idiotice pura que mostra que eles nem leram a lei e repetiram como papagaio o que ouviram dizer. Veja o que está escrito na lei:


Artigo 39, parágrafo primeiro: ''Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de cinco mil metros ao redor do local de realização do evento esportivo.'' Nada a ver com o que eles alegaram pois trata das penas ao torcedor.

Sabe o que esconde toda esta movimentação e que os dirigentes realmente não querem? É ser responsabilizados pela má gestão e responder com o próprio patrimônio em caso de processos contra ele que poderão ser abertos por qualquer torcedor descontente com os caminhos (ou descaminhos) de uma administração.


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