Olá, amigos do esporte! Na década de 60, ficou famoso no Brasil o Teatro de Arena, movimento fomentado por José Renato, Sérgio Cardoso e Glauce Rocha, que formou atores e diretores como Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Viana Filho, Dina Sfat, Paulo José, Flávio Migliacio, entre outros.
Em pleno início de ditadura militar, buscava recuperar fatos da história brasileira ''aplicados'' à época. Assim nasceram os espetáculos ''Arena Conta Zumbi'', com música de Edu Lobo e letra de Vinícius de Moraes, e ''Arena Conta Tiradentes'', entre outros, que se tornaram bastante populares.
Este tipo de teatro trouxe inovações na forma de encenação e no espaço cênico. Uma delas, por exemplo, era inexistência de um ator principal, os atores eram coringas e desempenhavam mais de um papel. O Teatro de Arena também tinha uma estrutura circular e aproximava palco e platéia, era esse um de seus efeitos mais fortes.
Findo na década de 70, tem como espécie de ''descendente'' o Teatro Oficina, que existe até hoje, comandado por Zé Celso Martinez Correa, em São Paulo, e que atualmente está montando a versão teatral do clássico da literatura brasileira, ''Os Sertões'', de Euclides da Cunha.
A palavra Arena, também nos anos 60, definiu um partido político que, junto com o MDB eram os dois únicos permitidos, mas disso é melhor nem lembrar. Agora, a palavra Arena ressurge com força em outra área, o futebol. Designa um direito conquistado pelos jogadores que devem receber parte do que os clubes comercializam com a venda das transmissões esportivas para as redes de televisão.
Significa que os atletas são os atores e autores do espetáculo e que por isso têm que ser pagos como uma espécie de direito autoral sobre a obra que criam sobre o campo, que é o seu palco, a cada jogo.
A lei estipula que aos jogadores cabe 20% do total da negociação entre clubes e televisões. Acontece que em acordos feitos com alguns sindicatos de jogadores, os clubes passaram a repassar apenas 5%. Agora, está entrando no palco um procurador do Ministério Público do Trabalho, no Paraná, que deverá desempenhar um importante papel nesta história.
Provocado pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Paraná e pelo Sindicatos do Atletas Profissionais de Futebol de Curitiba, o procurador Luercy Lino Lopes fez um longo estudo sobre o Direito de Arena. Na terça-feira passada, em Curitiba, colocou na mesma mesa representantes do Coritiba, Atlético e Paraná Clube, além de sindicalistas, para debater a questão.
Na audiência, o procurador pediu esclarecimentos sobre o que foi pago aos jogadores e fez algumas exigências. Quer, por exemplo, que os clubes recolham tributos sobre essa forma de pagamento, quer a transparência nestes recolhimentos e por isso requer que os clubes façam esses pagamentos diretamente aos jogadores, nos holerites, e não mais com a intermediação de sindicatos, que ficavam com 0,5% como ''taxa de administração''.
Ainda não está decidido, mas a Justiça está a um passo de exigir que os clubes paguem a diferença do que recolheram, considerando-se nulos os acordos com os sindicatos que prejudicaram os jogadores. Se for confirmada, a decisão do Ministério Público do Paraná deve ser estendida a todo o País.
Ah, sim, o próximo clube a ter que se entender com o procurador Luercy Lino Lopes deve ser o Londrina.