Televisão

Até onde vai a realidade?

24 ago 2007 às 11:00

Se pararmos para analisar a programação da TV brasileira até que existem poucos reality shows. Big Brother, O Aprendiz, Fama, Ídolos, Simple Life e Família MTV são os primeiros que me vem a cabeça. Há também o "No Limite" que ninguém mais se lembra, mas que em 2000 foi uma verdadeira febre. Só se falava nisso. Até hoje me lembro da emocionante final entre Pipa e Elaine e as participações de Amendoim e Chico Pecuarista. Além da prova onde os participantes tinham que comer cérebro de macaco junto com uns gafanhotos. Um clássico realmente!

Felizmente (ou será infelizmente?) as redes de TV nacionais não se tornaram tão obsessivas com esse tipo de programa que, pelo menos parece, veio pra ficar. Nos Estados Unidos a coisa realmente é muito mais crônica.


Depois do estrondoso sucesso de "The Osbournes" da MTV, qualquer familiazinha com alguma fama e zero dignidade tem sua vida cotidiana na TV. O ex lutador de telecatch Hulk Hogan, a família do ex Backstreet Boy Nick Carter, o baixista do Kiss Gene Simons, os recém-casados (e agora separados) Jéssica Simpson e Nick Lachey e agora também Hugh Hefner. "Girls of the Playboy Mansion" do canal E!, mesmo passando tarde da noite devido ao conteúdo erótico, vem chamando a atenção. O dia-a-dia da vida das três namoradas de Hefner é um cúmulo de futilidade. Suas maiores preocupações são sobre as roupas usadas nas festas da mansão, quais lugares visitar na Europa ou qual foto delas vai aparecer na revista. Inútil e fútil, mas que cumpre muito bem seu papel de divertir, nada mais. O canal E! passa uma versão mais light do programa em horários mais familiares.


Já Kid Nation, mesmo antes do seu lançamento nos Estados Unidos, já está dando muito o que falar. Imagine uma cidade abandonada onde vivem apenas crianças. Lá elas vão ter que construir uma sociedade inteira, dando um jeito de se auto-governarem, além de correr atrás da subsistência diária. Nas gravações, que já terminaram, quatro crianças foram hospitalizadas por culpa de terem bebido água sanitária e uma sofreu queimaduras com óleo de cozinha.


Bizarro ou não, reality shows como esses despertam o nosso lado mais mórbido e politicamente incorreto. Você sabe que alguma coisa vai dar errado e aguarda ansiosamente para que isso aconteça! Kid Nation foi taxada por um colunista do New York time como sendo "para psicopatas que gostam de ver crianças chorando".


O que é extremamente questionável é o nível de realidade dos benditos reality shows. Afinal a partir do momento que a pessoa sabe é filmada acaba a realidade. Todos seus comportamentos mudam e suas ações são condicionadas pela câmera e pela equipe de filmagem. Experimente ter uma discussão familiar na frente de uma câmera, uma equipe de iluminação e outra de áudio. A naturalidade toda vai por água abaixo.

No fundo sabemos que tudo a tal uma grande farsa, mas gostamos de ser enganados. A velha máxima "me engana que eu gosto" em seu formato mais nítido.


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