Quem acompanhou o final do programa Casa dos Artistas do SBT deve ter feito a seguinte pergunta: “Como a Fiat conseguiu tanto espaço dentro do programa de tanto sucesso para divulgar o seu novo produto, o Dobló, de forma tão eficiente e contundente?”
Vários fatores contribuíram para isso.
O primeiro deles está relacionado, se assim podemos dizer, à imprevisibilidade do comportamento da audiência, que dentro de uma visão de marketing poderia ser enquadrada como uma variável incontrolável.
Quando do lançamento do programa, existia a percepção de que o formato reunia alguns ingredientes para uma rápida aceitação por parte do público, mas, nem de longe, havia a previsão de que o Casa dos Artistas viesse a se transformar em um dos maiores sucessos da história da televisão brasileira.
O último programa, por exemplo, obteve um pico de audiência de 55 pontos, contra 19 do Fantástico, líder absoluto das noites de domingo ao longo de 30 anos.
O segundo ponto está relacionado à atuação do profissional de mídia, que soube, de forma inteligente, aproveitar o momento e elaborar um modelo de veiculação capaz de assegurar o maior aproveitamento possível da verba, ou seja, uma chamada para o anúncio, a veiculação do filme fora do intervalo comercial, ou seja, dentro do próprio programa e uma ação de merchandising pertinente, realizada pelo próprio apresentador e pelos participantes da grande final.
Finalmente, é preciso considerar o enfoque estratégico do próprio cliente para o lançamento do produto, cuja verba de propaganda previa a realização de ações de oportunidade, com a devida velocidade, neutralizando qualquer tipo de ação ou reação da concorrência.
A combinação desses três elementos gerou , sem sombra de dúvidas, uma das mais importantes ações de mídia do ano e deixa alguns ensinamentos.
O primeiro deles é que uma boa estratégia de comunicação pode ser potencializada com uma boa estratégia de mídia.
Um outro ponto importante está relacionado ao uso das ferramentas de pesquisa de audiência, cuja qualidade das informações facilita o acompanhamento atualizado do consumo dos meios e dos programas, abrindo, dessa forma, a possibilidade da elaboração de cenários para a formulação de estratégias diferenciadas.
Finalmente, vale destacar o papel do feeling profissional, ou seja, é preciso “capturar” as oportunidades com a devida antecedência, mesmo que elas estejam escondidas ou sejam envolvidas por limites racionais (“não é o melhor momento”, “não existe verba”, “nunca adotamos tal estratégia”, etc)
Em outras palavras, acredite nas suas idéias, busque embasamento para as suas propostas e ouse. Você vai ver que funciona e o mercado ficará muito agradecido.