Quem gosta de ler e se divertir certamente já ouviu falar de Charlie Brown. Não, não aquela banda insossa que insiste em impregnar as rádios do País mas sim o mais simpático de todos os ''perdedores'' das histórias em quadrinhos. A grande notícia é que a Conrad Editora lança no Brasil, a partir deste mês, uma série de coletâneas sobre o guri e seu inseparável, e não menos carismático, cãozinho Snoopy.
A primeira edição, de uma série de coletâneas do autor Charles Schulz, tem como tema o amor e o título do livro, bem apropriado, é ''Snoopy, Eu Te Amo''. A publicação traz uma série de tiras com situações envolvendo a turminha de Charlie Brown (chamada no Estados Unidos de Peanuts) em relacionamentos afetivos, com muita graça e bom humor, como é de costume nas histórias de Snoopy.
O álbum vem para coroar os 54 anos de existência de uma produção que mudou a maneira de ver quadrinhos e também de fazer histórias. Na década de 50, quando Peanuts nasceu, as histórias de detetives e super-heróis eram maioria nas tiras de jornais norte-americanos, além de serem romanceadas, com continuações no dia seguinte. Snoopy veio para trazer algo mais sutil, com toda ingenuidade e carisma que as crianças podem oferecer ao cotidiano sem graça e repetitivo das grandes metrópoles.
Com o tempo, a tirinha foi ficando ainda mais popular e ganhou o coração dos leitores por onde passou. Para ter uma ligeira idéia de seu sucesso, apenas as tiras -sem contar desenhos animados e outros produtos licenciados- contabilizam 355 milhões de edições, impressas em 2600 jornais de todo o mundo, em 26 idiomas. A razão por trás disso é a maneira simples com que os personagens encaram o mundo.
Charlie Brown é o legítimo perdedor, pessimista, e cheio de compaixão, ao contrário de sua amiga Lucy, que prefere ser racional e cruel, de vez em quando. Patty Pimentinha é a ativista, Schroeder é o excêntrico, Linus é o amigo inseparável. Tudo com a presença, é lógico, do sempre espirituoso e criativo Snoopy, ao lado do pássaro Woodstock. Estereótipos do mundo adulto que ganham vida através da maneira sincera e direta com que lidam com os problemas do dia-a-dia.
Isso é obra do norte-americano Charles Schulz, que nasceu na cidade de St. Paul, Minnesota, em 1922. Ao longo de sua carreira, o cartunista recebeu dois prêmios Reuben da Sociedade Nacional dos Cartunistas (Melhor Cartunista e a Melhor Tira Cômica Humorística) e foi incluído na lista dos Cartunistas Mais Famosos. Ele também escreveu os diálogos e as histórias para os especiais de televisão, que deu ao autor cinco Prêmios Emmy e dois Prêmios Peabody. Após sua morte, em 2000, nenhuma nova história foi produzida -a pedido de Schulz, antes de falecer- mas sua obra continua sendo admirada por todas as gerações ao redor do globo.
As histórias criadas por Schulz não só traziam bom humor mas também passou a contar, durante os desenhos animados, com a ajuda do trompetista Wynton Marsalis, que compôs ótimas trilhas de jazz para a turminha. Além disso, a animação também pôde apresentar, com mais transparência, a crítica do criador sobre o sistema educacional norte-americano, principalmente aos pais. Nenhum adulto tem papel principal em Peanuts e muitos deles -como a professora que apenas balbucia as palavras- não conseguem entender as crianças.
Peanuts mudou tanto o modo de contar histórias que várias outras produções são ligadas à turma de Schulz, como a Turma da Mônica (Maurício de Sousa), Garfield (Jim Davis), Calvin e Haroldo (Bill Watterson), Bone (Jeff Smith), entre outros. Até mesmo o escritor e professor italiano Umberto Eco, autor de ''O Nome da Rosa'', diz-se fã confesso das histórias de Snoopy. A popularidade é tanta que a revista norte-americana People considera Charlie Brown um dos 200 ícones da cultura pop mundial.
O álbum ''Snoopy, Eu Te Amo!'', tem 96 páginas, custa R$ 25. A Conrad promete também lançar, ainda este ano, outros dez livros da coleção Snoopy, composta por minilivros, livros de presentes e compilações de tiras do mestre Charles Schulz.
Música+Quadrinhos: Miles Davis+Snoopy, Eu Te Amo!