Após um período de oito anos, os quadrinhos voltam a dormir o sono dos justos. Neil Gaiman, criador da aclamada série Sandman, volta ao universo que o consagrou ao lado de consagrados quadrinhistas em Endless Nights, revista que sai no dia 17 de setembro nos Estados Unidos e com possibilidade de publicação no mesmo mês em solo tupiniquim.
Endless Nights retoma a história dos Perpétuos: Sonho (Sandman), Destino, Destruição, Desespero, Delírio, Morte e Desejo. Todos irmãos, que além da conexão familiar, têm em comum reinar as diversas esferas que fazem parte de nosso mundo. Segundo as palavras do próprio Destino, ''Os Perpétuos estavam aqui antes da criação e estarão após seu fim''.
A série Sandman marcou o mundo dos quadrinhos por trazer referências literárias ao até então ''universo lúdico'' da arte sequencial. Considerado por muitos como a consagração do ''gibi adulto'', as 75 edições, que tiveram sua última revista publicada em 1995, fizeram sucesso devido aos rebuscados roteiros - baseados em mitologias e pela literatura clássica mundial - e aos traços incomuns, que privilegiaram muito mais a narrativa do que a beleza plástica.
Para quem ainda não leu, Sandman é o Mestre dos Sonhos, aquele que cuida de todo o Sonhar. Reino visitado por quase todos aqueles que adormecem diariamente. E cada um de seus irmãos têm função semelhante: equilibrar o status quo de seus domínios. Porém, o interessante na série é como esses semi-deuses apresentam falhas, que os aproximam aos seres humanos, e de que maneira isso acaba interferindo em nossa sociedade, desde os primeiros dias até hoje.
Em Endless Nights, o shakespeariano Neil Gaiman traz em 160 páginas uma história para cada Perpétuo. O destaque, além do sempre surpreendente e bem trabalhado roteiro do britânico, fica para a arte da publicação. Para ilustrar as edições, os Perpétuos terão arte personalizada pelos maiores artistas da atualidade.
Sandman, por exemplo, terá a arte do espanhol Miguelanxo Prado, numa história da época em que os Perpétuos conversavam com as estrelas. Prado, conhecido por trazer muitas das ironias dos centros urbanos (como em Mundo Cão) deve acrescentar a espontaneidade necessária para esse tipo de conto.
Já Desespero terá quinze formas retratadas na ótica de Barron Storey. Influenciado por artistas plásticos que também desevolveram algumas histórias em quadrinhos, como Kent Williams e George Pratt, Storey adiantou que a produção se baseia em formas caóticas do personagem.
P. Craig Russel, responsável pela arte de Sandman 50 e pela quadrinização de A Queda da Casa de Usher (Edgar Allan Poe), vai trazer Morte em um dia interminável na Veneza do século 18.
A realidade distorcida será base para a história de Destruição, que reflete sobre o fim do mundo através do cotidiano de um arqueólogo numa península no sul da Europa. Fabry é conhecido pelas suas perturbadoras capas em Hellblazer e Preacher, em que transforma o horror fantástico em referências realísticas.
Já para Delírio, foi escalado Bill Sienkiewicz, famoso por suas pinturas em especiais do Demolidor e da quadrinização de Moby Dick. Sua ilustração surrealista será responsável por transmitir uma intrigante narrativa sobre liberdade.
Para Destino, o homem acorrentado com o livro sobre toda a história da Terra, Frank Quitely empresta um pouco do clima cínico a que impõe atualmente aos X-Men para mostrar uma visão introspectiva dos mais velho dos Perpétuos.
O maior mistério fica também para o artista mais popular do álbum. Neil Gaiman preferiu despistar sobre do que se trata a história de Desejo, mas, a cargo do italiano Milo Manara, especialista em histórias eróticas, é possível esperar uma narrativa baseada na sensualidade e na dualidade da andrógina personagem.
O álbum também terá a capa produzida por Dave McKean - que foi capista das 75 edições da série regular Sandman - ainda não tem o nome traduzido mas foi confirmado pela editora nacional Conrad, que prometeu a edição - senão no mesmo mês de lançamento nos Estados Unidos - até o final do ano no Brasil.
Música+Quadrinhos: Morphine+Endless Nights