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Quadrinhos de Super-Heróis - Ano Zero

06 mar 2002 às 10:59

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Parece que uma "síndrome do século XXI" tomou conta das revistas dos mais populares personagens das HQs norte-americanas de super-heróis. Ícones como Superman, Batman, Homem-Aranha e X-Men passam por um processo de renovação para alavancar as vendas e seduzir novos leitores. E parece que tem dado certo.

Os super-heróis sempre foram o maior lucro das editoras Marvel e DC (as maiores do mercado gringo) e nos anos 80 e 90 passaram por períodos de oscilação. Algumas produções já citadas aqui chegaram a salvar os anos 80 e, na década passada, a decadência parecia iminente quando a Marvel chegou a decretar a falência da empresa.

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O Superman morreu, o Batman ficou paralítico, o Homem-Aranha ganhou um clone, os X-Men nem mesmo sabiam mais quem ou quantos mutantes faziam parte do grupo. As coisas caminhavam para um futuro cada dia mais incerto quando finalmente alguns escritores e diretores puseram a mão na cabeça e disseram: "O que estamos fazendo?".

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E foi aí que começou o "ano zero" para alguns personagens. Em primeiro lugar, Batman e Superman, personagens criados na década de 30, precisavam ter alguns elementos revistos, pois a sociedade já não tem como contexto a Crise de 29, a angústia atômica pós-guerra de 1942, ou mesmo a Guerra Fria. E o mesmo aconteceu com os X-Men e o Homem-Aranha: a liberação sexual e o movimento hippie, fatores que influenciaram em ambos, também têm seus conceitos originais ultrapassados há anos.

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A primeira etapa para dar nova vida aos personagens foi sintetizar ao máximo a caracterização, como designar os personagens em duas palavras: o Batman é um detetive doente, o Superman é poderoso e pacificador, os X-Men são heróis desajustados, o Homem-Aranha é problemático e responsável e por aí vai.


A partir daí, foi necessário reajustar as narrativas ao modo cada vez mais veloz dos leitores absorverem as histórias. As tramas são mais simples (sem grandes revelações em "teorias da conspiração") e a maneira de contar as histórias é que faz a diferença. Diálogos mais enxutos, menos balões e sem capítulos espalhados em 15 ou 20 revistas. Além disso, os arcos privilegiam ao dia-a-dia e crescimento do personagem, ao invés de causar grandes revoluções em cada universo.

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A equipe mutante, por exemplo, passou a pensar de forma mais realista para encarar a sociedade e o sonho utópico de Xavier. O Superman começou a questionar os valores de certo e errado em nosso mundo atual, depois de Lex Luthor se tornar o presidente dos Estados Unidos. Os X-Men e o Homem-Aranha chegaram a ganhar um novo universo para conter diferenças tão significativas.


O resultado foi imediato e positivo. O mercado alternativo de quadrinhos e as revistas adultas chegavam a se aproximar dos líderes de vendagem - até então os super-heróis -, quando houve a ascenção dos superseres que vestem colantes coloridos neste início de século.

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As histórias de super-heróis começaram a fazer sucesso novamente justamente por causa da fusão de narrativa adulta e alternativa, conservando bases originais que consagraram seus principais personagens.


E que agradam tanto adultos quanto crianças há mais de sete décadas.

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