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O artista que virou pirata

29 set 2005 às 11:00

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Arte-final de "Isaac, o Pirata" é propositalmente tosca, para o leitor também prestar atenção no roteiro
- Reprodução
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Curitiba - O que um rapaz com nome de judeu e habilidades de um artista está fazendo em um navio pirata? Essa interessante, divertida e empolgante história faz parte do primeiro volume de ''Isaac, o Pirata'', do francês Christophe Blain, que a editora Conrad acaba de lançar no Brasil.

A edição já chega em solo tupiniquim pra lá de credenciada: ganhou prêmios de melhor álbum no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, de Portugal, e no Salão Angoulême, na França, dois dos principais eventos de quadrinhos da Europa. Além disso, Christophe Blain mostra muita maturidade em seu trabalho para ter apenas 31 anos e passa a ser um dos expoentes do ''novo quadrinho francês'', comparado ao compatriota Tardi (''O Grito do Povo'', também disponível no Brasil) e ao belga Hergé (criador de Tintin).

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Blain, que garante já ter sido um marinheiro, usa como pano de fundo as aventuras marítimas do século XVIII para falar sobre amor, traição e intriga. Isaac é um talentoso pintor pobretão que acaba prestando serviços para um rico capitão. Ele planeja juntar rapidamente algum dinheiro para retornar e se casar. No entanto, acaba se tornando um pirata nas águas geladas do Norte do Caribe.

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O autor abusa da principal ferramenta das histórias em quadrinhos: a narrativa. De fácil compreensão, fluentes e intuitivas, suas páginas tragam o leitor para o mundo de Isaac. Após o início da leitura, é quase impossível largar a álbum antes do fim.

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Os traços são todos feitos com técnicas de nanquim e Blain evita a beleza plástica, com arte-final tosca, com o objetivo de não chamar a atenção apenas para os desenhos, mas também para o roteiro, em uma equilibrada narrativa.


The Originals: Dave Gibbons sempre foi famoso por seu trabalho em ''Watchmen'', em parceria com Alan Moore. Antes, havia desenhado Batman e Lanterna Verde, chegou a fazer outros trabalhos de destaque, como Martha Washington. Mas o ilustrador quer mais e agora também ataca como roteirista. E sua primeira edição como escritor chega ao Brasil com ''The Originals - Sangue das Ruas''.

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A história é calcada no que Gibbons presenciou em sua adolescência na Inglaterra. Sob o fundo musical de bandas como The Who e Small Faces, o autor viu de perto o crescimento do movimento mod, aqueles entusiastas do rock que costumavam usar trajes caros e impecáveis e andar de motonetas scooter, bem diferentes dos sujeitos que atualmente tentam copiar o estilo antigo ralando a pé pela cidade com roupas de brechó.


E ''The Originals'' começa por aí: as ruas sanguinolentas a que a edição se refere são divididas por gangues de mods, os Originals, e rockers, os Dirts, que seguem o estilo Hell's Angels, com jaquetas de couro e motocicletas. Tudo com um leve sabor de ''Laranja Mecânica'', de Anthony Burgess.

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O tema não é assim tão intrigante e o roteiro não chega perto de ser brilhante, mas Gibbons continua fazendo o que sabe melhor: ele usa de seu estilo cinematográfico e suas produções retrô-futuristas para fazer ótimas sequências de ação. Segundo o próprio autor, o preto-e-branco foi utilizado para evitar a explosão de cores computadorizadas que assolam o mercado hoje em dia e também para dar um cárater de documentário para a narrativa. E claro, para remeter o leitor ao universo pop dos anos 60, quando os jovens já começavam a viver através do mundo da tevê.


Serviço: ''Isaac, o Pirata'' tem o formato 21 x 27 cm, com capa dura, 168 páginas e custa R$ 39. ''The Originals'', também com capa dura, sai no formato 17 x 23 cm, com 160 páginas, a R$ 34. Ambas são publicações da editora Conrad.


Ambas as publicações citadas acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

Música+Quadrinhos: The Kinks+The Originals


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