Foram 20 anos de espera. Desde 1983, os fãs dos grupos de heróis mais poderosos das concorrentes norte-americanas DC Comics e Marvel Comics aguardam o encontro. O crossover Liga da Justiça e Vingadores finalmente foi produzido, pelas mãos do escritor Kurt Busiek e do ilustrador George Pérez, e está nas bancas nacionais.
Em 1983, George Pérez chegou a desenhar 21 páginas do encontro mas divergências editoriais impediram que o projeto tivesse continuidade. Nesse tempo todo - após mudanças de chefia na Marvel e na DC - o assuntou voltou a rondar os corredores de ambas as empresas e o acordo foi firmado.
Para quem não sabe, a Liga da Justiça é formada pelos peso-pesados da DC Comics: Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Ajax, Eléktron, Homem-Borracha e Aquaman, basicamente. Eles são celebridades no mundo em que vivem e os responsáveis por derrotar ameaças de proporções gigantescas, as quais nenhum dos heróis poderiam lidar sozinhos.
Já os Vingadores têm em sua linha de frente Capitão América, Vespa, Homem de Ferro, Thor, Mercúrio, Visão e Feiticeira Escarlate. Diferente da Liga, o grupo da Marvel vive tendo participação de membros reserva, como Mulher-Hulk, Jaqueta Amarela, Warbird, entre outros. São tão famosos mas não tão queridos pela população de seu mundo quanto a Liga é no universo DC.
Uma das questões mais insistentes nas cabeças dos leitores, nesse tempo todo, foi: será que vão conseguir fazer um crossover à altura de tantos ícones dos quadrinhos juntos?
A trama principal não traz novidades: seres muito poderosos começam a invadir os universos um do outro sob as maquinações de outras criaturas, ainda mais malignas. A partir daí é necessária a junção dos mais raros e importantes artefatos de cada mundo para acabar com a ameaça. E, quando os grupos partem em busca desse objetos, acabam se chocando e medindo forças para ver quem fica com tais coisas.
Cada um tem um tipo de gosto mas é verdade que os autores se sairam razoavelmente bem. O veterano George Pérez - que pode não agradar a nova geração de leitores que se acostumou com traços de Todd McFarlane (Spawn) e Jim Lee (X-Men, Batman) - fez um ótimo trabalho. Primeiro porque sua pesquisa foi extensa e minuciosa, pois são centenas de personagens, todos com suas particularidades, roupas, poderes e características físicas.
Além disso, sua narrativa, que ainda era impregnada do estilo dos anos 70, mais cadenciada, está mais dinâmica, com diagramação mais arrojada e ângulos mais adequados aos quadrinhos da atualidade. Perez também conseguiu estabelecer um padrão para que as dezenas de personagens não sumissem nas páginas ou simplesmente fossem confundidos.
Busiek não foi tão pretensioso, já que apresentou uma história simples, mas conseguiu definir bem as diferenças de ambas as equipes, tanto conceituais, como na forma de agir. A Liga da Justiça é mais bem coordenada mas os Vingadores apresentam mais agressividade no combate. Outra coisa que enriquece a revista são também as referências a outros personagens, como Hulk, Justiceiro e até menção aos mutantes, os X-Men.
Um dos grandes erros, mas que infelizmente é muito difícil evitar numa história como essa, é o excesso de heróis que pode confundir os novos leitores. São tantos e com background tão extenso que apenas os que conhecem bem os universos da Marvel e da DC é que vão conseguir apreciar o encontro em sua totalidade.
A série está no segundo número das quatro parte e está sendo publicada no Brasil pela Panini Comics. Cada exemplar, de 52 páginas em formato americano (17 cm x 26 cm) pode ser encontrado em todas as bancas por R$ 3,90.
Música+Quadrinhos: Backbeat Band+Liga da Justiça/Vingadores