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Ataque aos sidekicks

26 nov 2007 às 11:00

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Rick Veitch dá sua resposta aos sidedicks, que soa tão interessante quanto ''mal-educada'' para as grandes editoras - Reprodução
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Curitiba - Eles são os sidekicks, mais conhecidos como ''parceiros mirins'', que se multiplicaram nos anos 80. Robin, Ricardito, Moça Maravilha, Superboy, entre outros, eram versões menores de Batman, Arqueiro Verde, Mulher Maravilha e Superman, respectivamente. Mas será que alguém nunca se perguntou se não é um tanto estranho um adulto obcecado em combater o crime ter como melhor companhia um menino de 12 anos? Sim, um deles foi o artista Rick Veitch e a resposta em ''Brat Pack'', lançando no Brasil pela HQ Maniacs, soa tão interessante quanto ''mal-educada'' para as grandes editoras, a exemplo de Marvel e DC Comics.

Bem, em primeiro lugar, é preciso contextualizar para entender a razão por trás da confecção de ''Brat Pack'' -uma alusão a jovens promessas em Hollywood, atores que seriam os astros daquela geração. Rick Veitch, um sujeito com uma visão um tanto ácida do mundo, ilustrou com muita propriedade a revista Monstro do Pântano, na época escrita por Alan Moore, ainda em meados dos anos 80.

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A narrativa inteligente, associada ao clima de filme de horror e imagens assustadoras, especialmente as que exploram texturas em preto-e-branco, tornaram o desenhista a escolha certa para o título que criaria o selo adulto Vertigo. No entanto, sua passagem pelo Monstro do Pântano acabaria sendo lembrada por muitos mais por causa de uma polêmica história do que devido ao seu talento como ilustrador.

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Veitch, insatisfeito por levar suas idéias apenas por meio de seus desenhos, também queria escrever. Mas não somente escrever, queria também chocar, ''enfiar o dedo na ferida'' da indústria e dos conservadores hipócritas de núcleos supostamente ''poiticamente corretos'', assim como outros artistas estavam fazendo, em obras como ''Watchmen'' e ''O Cavaleiro das Trevas''.

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A história que faria isso narraria um encontro entre Jesus Cristo e Monstro do Pântano. O elemental encarnaria na madeira onde Jesus estaria crucificado. A DC Comics, em tempos difíceis, recusou imediatamente a história e baniu permanentemente o ilustrador de seu rol de artistas.


Dois fatos contemporâneos aumentaram a ira de Veitch contra a indústria dos quadrinhos norte-americanos de super-heróis: o herói Estrela Polar, da marvete Tropa Alfa, declarava-se homossexual; na decentauta Batman, fãs decidiram pela morte do segundo Robin, Jason Todd, via votação por telefone. Ambos os episódios foram marcados por muito pouca autenticidade e respeito pelo material e personagens, além de falta de reflexão ética e moral adequada sobre os assuntos, especialmente porque ficou nítida a impressão de que as editoras queriam mesmo é lucrar com esses eventos.

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Na visão de Veitch, imperava a hipocrisia dos editores: eles estariam barrando a vanguarda de autocrítica e alimentando a falsa visão de que só existiam heróis incorruptíveis, de que o mundo, ou mesmo a indústria, não tinham problemas preocupantes. Assim nasceu ''Brat Pack''.


Na história, a cidade de Slumburg, uma estranha mistura de Metropolis com Gotham City, vê o assassinato de heróis mirins após a veiculação de uma enquete em uma rádio sobre a utilidade dos mesmos no combate ao crime da cidade. Seus mentores, o afeminado Doninha Noturna, o violento Juiz Júri, a viril Senhora da Lua e o alcoólatra Rei Rad decidem então procurar por substitutos e treiná-los, afinal de contas, dinheiro sobre merchandising de suas ações como vigilantes está em jogo. (Qualquer semelhança com a realidade...)

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O que se vê é um festival de críticas diretas aos piores momentos e idéias dos quadrinhos nos anos 80. Jovens sendo corrompidos, heróis morrendo por dinheiro, anti-heróis mostrando a verdadeira e perversa face, a tortuosa vida de um parceiro mirim em treinamento, etc. Tudo com aquele olhar cínico nos traços de Veitch.


A versão do diretor, que sai no Brasil com prefácio do sempre eloquente Neil Gaiman, traz a história completa e alguns ajustes feitos por Veitch após a conclusão da história, originalmente lançada em cinco parte nos Estados Unidos. Ou seja, muita coisa na edição ficou ainda mais cruel. E também mais instigante, provocador.


Serviço - ''Brat Pack'' sai no Brasil pela HQM Editora, tem 184 páginas, no formato 16,5 x 24 cm, e custa R$ 29,90.

O material citado acima pode ser encomendado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


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