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Asilo Arkham revisita lado sombrio de Batman

18 set 2003 às 10:59

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As preces de milhares de fãs do Batman parecem estar mesmo surtindo efeito. Após o início da veiculação no Brasil de uma de suas melhores séries nos último anos, atualmente na revista mensal Batman, o Cavaleiro das Trevas terá a republicação turbinada de uma de suas melhores obras. A Panini Comics lança este mês Asilo Arkham, publicada por aqui em 1990 e que agora chega com uma impressão mais caprichada, já que será finalizada em um processo digital a partir dos fotolitos restaurados da edição original norte-americana, de 1989.

Assinado pelo roteirista Grant Morrison (Novos X-Men e Os Invisíveis) e pelo ilustrador Dave McKean (capista de Sandman), a edição está ao lado de A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, e de Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, como a gibiteca essencial de Batman.

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Essa é a chance para os novos leitores e os antigos de ler e rever o lado mais obscuro de Batman: em Asilo Arkham, os autores exploram a loucura do herói através de seus inimigos, que acabam recolhidos em um sanatório nada convencional.

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A história tem início quando os funcionários do asilo são tomados como refém e o protetor de Gotham City é obrigado a revisitar seus maiores inimigos para acabar com a rebelião. Mas durante a incursão no sombrio local, o herói não só faz uma turnê sobre as insanas mentes do Coringa, Hera Venenosa, Duas-Caras, entre outros, como também questiona sua própria obsessão em perseguir tais criminosos. Além disso, Batman e os leitores percebem que quase nunca uma instituição criada para recuperar mentes instáveis consegue realizar com sucesso sua obrigação.

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O roteiro de Morrison é impecável. Além de um belo trabalho de pesquisa - o autor não só recupera a essência dos personagens como também dá uma referência mais realista para suas motivações -, o escritor também conta a história do fundador do asilo. Mas a grande sacada é colocar Batman também como um louco: assim como Moore fez em A Piada Mortal, Morrison revela que o Morcego luta incessantemente contra os limites que sua mente impôs para que não saia da linha e seja também considerado um maluco. Nessa perspectiva, não há vilão nem herói, apenas pessoas que lidam com a loucura de formas diferentes.


O artista plástico Dave McKean, famoso por seu trabalho surrealista nas capas de Sandman e outras revistas, como Mr. Punch e Cages, é quem consegue interpretar a história com ainda mais sensibilidade. Suas imagens sombrias caracterizam bem o funesto local e a insanidade dos personagens, principalmente do Coringa. Algumas sequências são espetaculares, como as que mostram o palhaço gargalhando com uma faca na mão. As cenas são retratadas com sugestão de movimento, as pinceladas revelam o movimento das cores durante as inquietas e imprevisíveis articulações do Coringa.

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Algumas boas tiradas também garantem outras grandes sequências. Como o momento em que o Coringa sugere seu homossexualismo e também pergunta à Batman como anda Robin, o menino-prodígio, em tom lascivo. Outro grande momento é quando Duas-Caras - famoso por estar sempre indeciso e por decidir sua ações a partir do 'cara-e-coroa' - está sendo 'tratado' pelos psicólogos do asilo com um baralho de tarô. A partir daí ele consegue ter mais alternativas mas ao mesmo tempo precisa consultar todas as cartas antes de decidir qualquer coisa, até ações simples, como ir ao banheiro.


A imprensa norte-americana afirmou na época do lançamento, em 1989, que Asilo Arkham foi produzido despretensiosamente sobre a ambição de McKean, em ter um jatinho particular, e de Morrison, em ter uma casa de praia. Ambos teriam levado essa proposta para a DC Comics, que logo teria aceito. Boatos à parte, a edição, indispensável aos fãs de quadrinhos adultos, sai ainda este mês em todas as bancas e terá 132 páginas, com preço ainda indefinido.

Música+Quadrinhos: Beth Gibbons & Rustin Man+Asilo Arkham


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