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Prêmio de consolação

02 nov 2006 às 11:00

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A escalação não era das melhores, mas o curitibano não pode reclamar. Afinal, a primeira edição do Tim Festival na capital paranaense, na última terça-feira, serviu como um belo prêmio de consolação ante a hibernação do Curitiba Rock Festival (será que sai?) e foi fiel ao espírito hermético de sempre do evento sucessor do Free Jazz: englobou um hype do momento (Yeah Yeah Yeahs), um nome histórico (Patti Smith), uma atração pop arrasta-público (Beastie Boys) e uma aposta arriscada (DJ Shadow).

A tímida presença de público na Pedreira Paulo Leminski (menos da metade da capacidade atual do local foi preenchida, e isso ainda com farta distribuição gratuita de ingressos) pode ser relevada, já que este ano o Tim Festival não pegou nem em São Paulo – e a essa altura do campeonato, a organização já deve ter constatado que a escalação deste ano, em todas as cidades agraciadas, foi mesmo meia-boca.

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Este jornalista, ao contrário de outros, não costuma resenhar o que não viu e ouviu: não cheguei a tempo de presenciar o show da Nação Zumbi.

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DJ Shadow veio na seqüência e não deixou saudades. Gerou algum interesse quando ofereceu a faceta mais trip hop de seu trabalho, e só. A preferência pelas fórmulas do rap, ainda que com bases criativas, despertou no máximo tolerância, e descambou para a chatice absoluta quando um rapper Zé Roela veio aumentar a densidade demográfica do palco da Pedreira.

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A tia Patti Smith foi a única que fez uma apresentação incontestavelmente histórica no Tim Festival de Curitiba. Com vozeirão impecável e cortante, constrangeu os indies mais desavisados, que até aquela noite achavam que PJ Harvey era muito original.


Sobrou entusiasmo até para um momento Caros Amigos (mas esse deve rolar em todo show dela...) e para um passeio perto da Turma do Amendoim. Entre as jóias do repertório próprio ("Because The Night", "Rock ‘N Roll Nigger", "Redondo Beach"), Smith sacou "Gimme Shelter", devolvendo à canção o perigo que anda sendo meio ignorado pelos vovôs que escreveram a dita.


Depois da tia punk, ficou difícil para os Yeah Yeah Yeahs. Essa Karen O precisa mesmo daquelas roupas escandalosas, daquele pula-pula e daquela gritaria – ajudam a disfarçar a dificuldade que a moça e seus colegas têm para constituir um repertório decente. Houve quem dissesse que a banda não está à altura de Karen, mas é possível que seja exatamente o contrário: se os Yeah Yeah Yeahs não fossem reféns da histeria necessária para que a vocalista se sobressaia, talvez conseguissem escrever mais do que cinco músicas que prestam ("Turn Into", "Maps" e "Cheated Hearts" foram tocadas na Pedreira – faltaram "Y Control" e "Modern Romance").

Os Beastie Boys fecharam a noite sugerindo a união entre os mundos de Shadow e dos Yeah Yeah Yeahs, ao justaporem hip hop e riffs de guitarra. Como o show era de arena, privilegiaram o volume alto e a verborragia estilo metralhadora, o que deu aos leigos a impressão errônea de que são pouco versáteis (quem conhece a produção do trio entre o final da década de 80 e a primeira metade dos 90, entende). Não devem ter conquistado novos adeptos.


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