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Taxa Selic: elevação à vista?

25 ago 2004 às 11:00

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Em sua 99ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade manter a taxa de juros básica Selic novamente em 16% ao ano. Essa é a quarta vez consecutiva que os juros permanecem inalterados. Ao final da reunião o comitê divulgou a seguinte nota:
Tendo em vista as perspectivas para a trajetória de inflação, o COPOM decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 16% ao ano, sem viés.
O COPOM tem mantido o mesmo discurso para justificar sua decisão há três meses, ou seja, o cenário atual para a inflação tanto de 2004 quanto para 2005 recomenda cautela.

Nesse sentido, as estimativas para o IPCA 2004, IPCA 2005 e IPCA 12 meses à frente, compiladas pelo Bacen e divulgadas semanalmente pelo relatório Focus, ratificam a postura cautelosa do COPOM em relação a decisão da taxa Selic.
Os gráficos ao lado mostram claramente que as expectativas de inflação entraram em trajetória ascendente a partir de meados de maio após terem permanecidas relativamente estáveis por algum tempo. O fator propulsor desse movimento das expectativas foi a disparada da taxa de câmbio em meados de maio quando a cotação chegou a R$ 3,21/US$.
Apesar da taxa de câmbio ter voltado para o patamar de R$ 3,0/US$, as expectativas continuaram se acelerando, entretanto, agora o fator fomentador desse movimento é basicamente a questão da expressiva alta do preço do petróleo (o barril tipo WTI negociado em Nova York chegou a US$ 48,20, a maior cotação em 21 anos).
No curto prazo, não há fatores que façam com que o preço do petróleo seja reduzido, pelo contrário, é muito provável que o preço teste os US$ 50 por barril em breve. Esta afirmação se baseia em alguns pontos, a saber: i) capacidade de oferta está no limite; ii) crescimento global ainda em patamar elevado e; iii) problemas de operação em grandes praças produtivas (Rússia e Iraque).
Além dos fatores externos há ainda as questões relativas ao aumento do consumo interno, ou seja, os últimos indicadores sobre a atividade econômica brasileira revelam que a recuperação da economia já está consolidada e, caso não ocorra nenhum evento negativo daqui a diante, o ano de 2004 será o melhor desde 2000. Com isso, a retomada do nível de emprego e renda iniciada em abril ganha ainda mais força e potencializa o aumento da demanda no segundo semestre (período de maior consumo na economia).
Se de fato esse cenário se concretizar, acreditamos que haverá um movimento de aumento de preços ao consumidor devido ao repasse dos custos do setor fabril que ficaram represados no primeiro semestre.
Dessa forma, o cenário atual recomenda manutenção em 16% até o final do ano. Porém, vale ressaltar que nosso cenário contempla viés de alta para a taxa Selic a partir de novembro caso os riscos assinalados nos parágrafos anteriores se tornem fatos.

Créditos: Alexsandro Agostini Barbosa, economista da Global Invest

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