Após gerar menos vagas que o esperado no mês de junho e julho, a economia norte-americana criou 144 mil novos postos de trabalho em agosto, em linha com os 150 mil esperados pelo mercado e acima dos resultados anteriores. Além disso, também ao contrário do que ocorreu nos últimos dois relatórios, os dados dos meses anteriores foram revisados positivamente, passando de 78 para 96 mil em junho e de 32 mil para 73 mil em julho.
Com esses números, acumula-se 1,44 milhão de vagas criadas em 2004, 1,166 milhão das quais no setor de serviços (que criou 440 mil em 2003) e 274 mil na indústria (que extinguiu 501 mil no ano passado). Em termos de criação de emprego, os primeiros oito meses de 2004 foram os melhores desde 2000, quando foram criadas 1,48 milhão de novas vagas de janeiro a agosto.
A PEA (população economicamente ativa) passou de 147,856 milhões para 147,704 milhões. Com isso, a taxa de desemprego recuou pelo segundo mês consecutivo, de 5,5% para 5,4%, após permanecer estável em 5,6% nos seis primeiros meses do ano.
O destaque positivo foi a criação de 108 mil vagas no setor de serviços, ante 58 mil em julho e 99 mil em junho. A indústria de transformação, setor mais afetado em termos de emprego durante o Governo Bush (2001-2004), continuou se recuperando da queda sofrida em junho e criou 22 mil postos de trabalho em agosto. Dessa forma, esse setor (um sub-grupo da indústria) acumula uma geração de 97 mil vagas no ano.
Entre janeiro de 2001 e agosto de 2004, a indústria de transformação acumula extinção de 2,754 milhões de empregos, ao passo que entre 1997 e 2000 esse número era negativo em apenas 110 mil postos de trabalho. A crise da bolsa eletrônica Nasdaq em 2000 e os atentados terroristas em 2001 contribuíram para a desaceleração da economia e, portanto, para a extinção de empregos. Nesse setor especificamente, também se deve pontuar a transferência de algumas indústrias para outros países, como a Índia e China, onde a mão-de-obra é mais barata.
Já o setor de serviços criou 10,465 milhões de vagas durante o segundo Governo Clinton (1997-2000) e, com a desaceleração da atividade, reduziu esse número para 1,664 milhão de 2001 até o momento.
JUROS:
Conforme destacamos no último Global Briefing referente ao mercado de trabalho (06/08/2004), o emprego deixou de ser o foco das atenções no que tange à decisão de juros à medida que choques de custos passaram a ameaçar a trajetória da inflação.
Entre a reunião de junho e a de agosto, o preço do barril de petróleo evoluiu de um patamar próximo a US$ 37 para níveis próximos a US$ 45. Desde então, o preço da commodity se acelerou e quase atingiu US$ 50, recuando ao final de agosto e encontrando um suporte próximo de US$ 42. Em janeiro, o preço médio se situava em torno de US$ 34.
Conforme avaliamos também no relatório do dia 06/08, é plausível, sob a ótica da atividade econômica, que o FOMC faça uma parada estratégica na reunião de 21 de setembro. Ainda, caso os dados de inflação voltem a mostrar que o petróleo não está pressionando a economia de forma muito expressiva e, caso seu preço volte a recuar para níveis menores, próximos a US$ 40 por barril, o FOMC pode vir a optar pela manutenção dos juros.
Por outro lado, dada a manutenção do preço do petróleo em níveis elevados e partindo-se do pressuposto de absorção desse choque pela inflação, acreditamos em nova alta de 0,25 p.p. na próxima reunião, atingindo o patamar de 2% a.a. ao final de 2004. Além disso, como a próxima reunião (após setembro) ocorre apenas em 10 de novembro, ao se postergar a elevação dos juros a autoridade monetária norte-americana corre o risco da inflação se acelerar de forma acentuada nos demais setores da economia e, portanto, haver a necessidade de uma ação mais agressiva.