A divulgação hoje (29/7) da Ata do Copom salienta preocupações inflacionárias que deverão impedir qualquer redução da taxa de juros Selic, atualmente em 16% ao ano, até o fim de 2004. A autoridade monetária passou a utilizar em sua análise uma previsão de maiores reajustes de energia elétrica (de 11,0% para 11,6%) e de telefonia fixa (que na reunião anterior havia sido reduzida de 6,7% para 6,1%, agora subiu para 12,8%). A projeção para a inflação dos preços administrados foi elevada de 7,7% para 8,3% - estes preços respondem por 28,6% do IPCA. A estimativa de elevação do preço da gasolina ficou estável em 9,5% - ou seja, ainda não considera a persistência da alta do petróleo, que após a elaboração da Ata continuou a subir e atingiu recorde histórico ontem (28/7). A Ata destaca que as projeções de inflação estão acima da meta tanto para 2004 como para 2005, mesmo no cenário de manutenção das taxas de juros ao nível de 16% a.a..
Em relação à atividade econômica, o BC também demonstra um cenário de aquecimento acima do esperado no fim de 2003. Como exemplo, cita a expedição de papel ondulado, que cresceu 1,5% em junho em comparação a maio, com dados dessazonalizados pelo Banco Central. Todavia se o BC divulgasse os dados puros (sem a dessazonalização), os leitores teriam visto um crescimento menor, de 0,92%. Ou seja, talvez seja mais um indicador de que a autoridade monetária esteja sinalizando, com ênfase, que a economia não precisa de reduções de juros. Outro exemplo citado pelo Copom segue a mesma linha: as vendas da indústria em maio aumentaram 3,0% em relação a abril, pela série com ajuste sazonal pelo Banco Central. Porém, os dados puros são da Confederação Nacional da Indústria, cujo método próprio de dessazonalização leva a uma taxa de crescimento consideravelmente menor: 1,76% de crescimento.
Portanto, se não há viés na taxa de juros Selic, identificamos uma série de justificativas e de métodos de ajuste sazonal que indicam um conservadorismo da autoridade monetária no sentido de mostrar que não há necessidade de redução de juros sob a ótica da atividade econômica e nem pela ótica da estabilidade de preços, visto que a autoridade monetária elevou suas previsões de reajustes de energia elétrica e telefonia. Adicionando-se a continuidade da alta do petróleo após a elaboração da Ata, reiteramos que não esperamos que o Banco Central reduza a taxa Selic até o fim de 2004, dado este cenário atual.Créditos: Paulo Gomes é economista da Global Invest.
Em relação à atividade econômica, o BC também demonstra um cenário de aquecimento acima do esperado no fim de 2003. Como exemplo, cita a expedição de papel ondulado, que cresceu 1,5% em junho em comparação a maio, com dados dessazonalizados pelo Banco Central. Todavia se o BC divulgasse os dados puros (sem a dessazonalização), os leitores teriam visto um crescimento menor, de 0,92%. Ou seja, talvez seja mais um indicador de que a autoridade monetária esteja sinalizando, com ênfase, que a economia não precisa de reduções de juros. Outro exemplo citado pelo Copom segue a mesma linha: as vendas da indústria em maio aumentaram 3,0% em relação a abril, pela série com ajuste sazonal pelo Banco Central. Porém, os dados puros são da Confederação Nacional da Indústria, cujo método próprio de dessazonalização leva a uma taxa de crescimento consideravelmente menor: 1,76% de crescimento.
Portanto, se não há viés na taxa de juros Selic, identificamos uma série de justificativas e de métodos de ajuste sazonal que indicam um conservadorismo da autoridade monetária no sentido de mostrar que não há necessidade de redução de juros sob a ótica da atividade econômica e nem pela ótica da estabilidade de preços, visto que a autoridade monetária elevou suas previsões de reajustes de energia elétrica e telefonia. Adicionando-se a continuidade da alta do petróleo após a elaboração da Ata, reiteramos que não esperamos que o Banco Central reduza a taxa Selic até o fim de 2004, dado este cenário atual.Créditos: Paulo Gomes é economista da Global Invest.