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Inescritos - Luci Collin

26 jan 2005 às 11:00

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O que é um inescrito? Impossível significa não possível. Inexato, não exato. Incorreto, não correto.

Por analogia, um inescrito é um não escrito.

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Então, qual é o material do livro da escritora curitibana Luci Collin?

Leia mais:

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Mãos de Cavalo - Daniel Galera

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Dois Irmãos - Milton Hatoum

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Memória de Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez

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O Fotógrafo - Cristovão Tezza


Talvez ela se refira ao que podia, porém não foi escrito ali. Ou talvez a algo até então inescrito. Quem sabe a algo inexplicável, incompreensível, indecifrável.

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O que posso afirmar – como qualquer leitor da obra de Luci – é sua sensibilidade, experimentação e variedade.


Já reconhecida como uma das maiores escritoras brasileiras da atualidade, por nomes como Valêncio Xavier e Luiz Ruffato, Inescritos confirma tal mérito.

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Professora do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, a doutora em Letras Luci Collin é uma típica representante do escritor oriundo da academia: alguém capaz de atuar na crítica, criar e lecionar literatura.


Uma autora dotada de compreensão histórica, conhecimento literário, reconhecimento e referenciação de obras existentes.

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Mais que o prazer da experiência de leitura, cada livro novo apreendido é uma lição.


Inescritos é seu terceiro livro de contos e, sem dúvida, o seu melhor (os anteriores são, respectivamente, Lição Invisível e Precioso Impreciso). Além destes, Luci também publicou 6 livros de poemas. Decididamente não estamos falando de uma iniciante.

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Toda a experiência anterior colabora na confecção de seus contos. A beleza poética do texto não é gratuita ou casual.


Suas características "essenciais" permanecem as mesmas desde seu primeiro catálogo de contos: experimentação, perversão gramatical, auto-ironia, sensibilidade, sensualidade e humor.

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Os contos curtos e circunstanciais, por vezes tendendo ao absurdo e à desconstrução psicológica, por outras à simplicidade, montam um belo panorama do que é literatura moderna.


Momentos de angústia e auto-engano como em "Imagens Desabrigadas". Situações cômicas e de auto-reflexão sobre o papel de autor (e da própria autora) em "No Céu Com Diamantes". O absurdo cotidiano em "Virtudes do Alerião". A sensibilidade genial e experimental em "Dir-Te-Ei Quem (Psicotópicos)". A prosa poética feminina (e não feminista) em "Figuração" e "Frases de Renda".

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Uma grande variedade de temas.


Na verdade, um catálogo de temas e experimentos a cada conto, magistralmente conduzidos pela autora. A impressão da leitura é de que a autora tem controle total sobre o que faz, para que o leitor não precise ter nenhum.


Para que o leitor livre possa recriar o texto para si.


Como sugere Gaston Bachelard em seu livro Poética do Espaço, que o texto seja o gatilho para o devaneio do leitor. Devaneio esse bastante caro a Bachelard.


E muito bem executado por Luci. Seus textos são um chamado às nossas lembranças e vivências.


E a memória da nossa vida é sempre a melhor história de todas.


Talvez o inescrito seja isso. Esse texto íntimo, que parte do escrito no livro para a experiência de cada leitor.


Leituras Relacionadas: A Paixão Segundo G.H. (Clarice Lispector), Lição Invisível (Luci Collin), Cidade Inventada (Cristovão Tezza), Um Atrapalho no Trabalho (John Lennon) e Com Meus Olhos de Cão (Hilda Hilst)

Maiores informações sobre a aquisição do livro podem ser obtidas no
site da Travessa dos Editores.


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