Sou uma consumidora nata. Gosto de comprar de tudo. Desde produtos naturais, daqueles que prometem limpar a gente por dentro, até coisas como bolsas, sapatos, óculos, perfumes, carros etc. Enfim entrei na área de jornalismo de moda e variedades por acreditar que só assim poderia ser feliz na profissão, aliando-a ao meu prazer de saber sempre o que há de novidades para consumir.
Fazer o que se gosta é a principal atividade profissional para qualquer pessoa. Mas o mundo da moda, música, arte e afins me encantam por outro motivo que talvez seja a mola propulsora a me jogar para fora de outras editorias. É que é um mundo feliz, sem falsidades (a não ser a dos produtos genéricos que invadem os camelôs do mundo todo) e sem hipocrisia. A moda é o que é. Muda o tempo todo e não tem que prestar contas de suas ideologias a ninguém.
Tem sempre um novo momento melhor por vir e ela não cessa de trazer possibilidades novas aos consumidores. Por isso fica fácil adentrar nesse universo. Um mundo de beleza, charme e sedução.
Difícil é ter que aceitar que, mesmo tendo acesso ao que há de mais belo a ser consumido, nós não temos poder de bala para comprá-lo. Se roupa não fosse importante o presidente Lula e sua primeira-dama não andariam as voltas com estilistas para produzirem seus trajes oficiais. Só que, diferente da realidade deles, para a gente comprar está cada vez mais difícil e raivoso.
Quando são lançadas as coleções uma blusa pode custar R$400,00 e isso se for de uma grife mais ou menos, pois tem coisas muito mais caras. Se a gente compra ( e sempre há aquele momento de loucura que toda consumista tem de achar que morre se não adquirir a peça que vai mudar sua vida) se ferra. Primeiro por que não ganhamos para isso. Segundo porque como a maioria "ajuizada" não compra as peças não vendem e no final da estação estarão custando R$ 100,00.
E é ai que entra o momento de revolta. Você tem raiva, gastou uma fortuna. Tem ódio, pois viu que poderia ter esperado a liquidação. Não, mas você não pode, você tem que sair na frente e se endividar durante cinco, seis meses para andar na moda.
Mas ela, a moda, é generosa. Surgiram os brechós chiques e alguns nem tanto que valem a pena assim mesmo serem visitados. Lugares onde se compram roupas de segunda mão e podem fazer aquela diferença no seu guarda-roupa. Principalmente no inverno essas lojas são convidativas e fazem um bem danado para gente. Conseguimos comprar roupas maravilhosas por preços de banana, literalmente.
Ano passado fui a uma festa com um casaco que comprei em Nova York. Com ar retrô, gola de pele verdadeira me custou US$ 50,00. E eu lá no meio de mulheres que portavam peças certamente avaliadas em muito mais que o dobro do meu casaco. Quando uma delas veio elogiar minha roupa senti uma satisfação enorme. Descobri naquele momento que poderia continuar tendo prazer em consumir invadindo esses paraísos de consumo alternativo.
Claro, ir a um brechó exige criatividade e paciência, mas é preferível ao nervosismo do malabarismo financeiro que se tem que fazer para equilibrar os gastos indispensáveis com os que não queremos dispensar.
boas pedidas
E essa é a grande dica do inverno: descubra um brechó em sua vida. E siga consumindo. Com responsabilidade e consciência já que encomendar roupas sob medida são coisas ao alcance somente de nosso presidente petista e alguns poucos afortunados. E só.