Neste domingo, dia 29, acontece a entrega do Oscar. A festa tem um sabor especial para o Brasil, que verá seu maior sucesso recente, Cidade de Deus, concorrendo a quatro estatuetas.
É sempre bom lembrar que ganhar um Oscar não é necessariamente um atestado de qualidade. A Academia premia filmes por critérios duvidosos, quase sempre influenciada por suntuosas campanhas de marketing. Porém, é assim mesmo que a festa deve ser encarada. O Oscar é uma festa da indústria cinematográfica, e não dos filmes propriamente.
Isso não quer dizer que a entrega do Oscar não seja um evento importante para o cinema mundial. Acaba por formar um panorama do melhor que o cinemão americano produz, mesmo que os melhores filmes quase sempre fiquem apenas com as indicações.
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Com o reconhecimento de Cidade de Deus (e de outros filmes latinos, como E Sua Mãe Também e Fale com Ela, indicados no ano anterior fora do gueto da categoria "estrangeiro"), Hollywood dá sinais que está lançando seu olhar para fora do próprio umbigo. Apesar disso, esses filmes também foram bancados por grandes companhias da indústria americana. Sem essa máquina de influências é praticamente impossível chegar lá.
Contudo, isso não desmerece Cidade de Deus. O filme merece as indicações por suas qualidades, longe do aspecto meramente financeiro. Surpreendentemente, o filme de Fernando Meirelles pode ser considerado favorito à categoria de montagem, segundo alguns sites especializados. Seu maior concorrente nessa categoria é o onipresente O Retorno do Rei, parte final da trilogia comandada por Peter Jackson. Outra possibilidade é em roteiro adaptado – mas aí a concorrência é muito mais forte. Além do filme de Jackson, concorrem Anti-Herói Americano, que levou o prêmio do sindicato de roteiristas, Seabiscuit e o favorito Sobre Meninos e Lobos (que é o grande merecedor do prêmio).
Favoritos
Algumas categorias são favas contadas. Os Oscars de melhor filme e melhor diretor já têm dono: Peter Jackson e a conclusão de seu ambicioso projeto. Com a provável vitória de O Retorno do Rei, pela primeira vez a Academia concederá seu maior prêmio para um filme de fantasia. Apesar da indiscutível qualidade da produção, existem candidatos mais interessantes, como os excelentes Encontros e Desencontros e Sobre Meninos e Lobos. Porém, deve prevalecer o marketing.
O prêmio de melhor atriz deve ficar com Charlize Theron, por sua elogiada atuação em Monster, inédito por aqui. A disputa entre os atores é a mais complicada. Bill Murray, de Encontros e Desencontros, tem leve vantagem sobre a atuação de Sean Penn como o pai vingativo de Sobre Meninos e Lobos. Pode haver surpresa com Johnny Depp e seu divertido papel em Piratas do Caribe. Seja qual for o resultado, o prêmio fica em boas mãos. Renée Zellweger, por Cold Mountain, e Tim Robbins, por Sobre Meninos e Lobos, são as principais apostas como coadjuvantes.
Para nós, fica a expectativa em torno de Cidade de Deus. No domingo veremos se a história de uma favela carioca pode ser maior que um bando de Hobbits aos olhos de Hollywood.