Bala na área

O valor da experiência

19 ago 2003 às 10:59

Deixados de lado no início da competição, descartados como favoritos, e mais lembrados pela possível despedida das competições, os trintões da delegação brasileira voltam para casa consagrados. Gente como Hugo Hoyama, Gustavo Borges, Fernando "Xuxa" Scherer, Rogério Romero, Fernando Meligeni trouxeram alegrias que muitos não esperavam mais. Hoyama e Borges mantiveram sua saudável competição para ver quem será o recordista brasileiro de medalhas na história do Pan. Título que deve ficar definitivamente com o mesa-tenista que já mostra disposição para competir no Rio, em 2007. Meligeni pendurou a raquete do jeito que mais queria, com um título suado e lutado até o fim.

Mas os que mais mostraram superação foram Xuxa e Romero. Scherer passou por uma série de altos e baixos – muito mais baixos – nos últimos anos e não era apontado como forte candidato a medalhas. Ainda mais na prova em que venceu, os 50 m livre, com a presença do atual campeão olímpico Hall Jr, dos Estados Unidos, e do campeão mundial Meolans, da Argentina. Pois Xuxa tirou não se sabe bem de onde um gás a mais e ganhou a mais rápida prova da natação. Parece renascido e vai com tudo para Atenas.


Romero, ao contrário de Scherer, é comedido em gestos e declarações, mas quase onipresente nas grandes competições. Foi a seu quinto Pan já pensando na despedida mas venceu os 200 m costas, conquistou o índice olímpico e ano que vem iguala o recorde de participações em Olímpiadas de outro incansável lutador chamado Oscar.


Raposa desgarrada


Outra vez o Cruzeiro aproveita a bobeada dos adversários e abre três pontos de vantagem na liderança. Depois de três rodadas vendo a concorrência cada vez mais perto, volta a se isolar na ponta da tabela e mantém a condição de grande favorito. Enquanto isso, Santos e São Paulo perdem jogadores – Nenê pode até não fazer falta para o Peixe, mas talvez Diego vá embora também. No tricolor Kaká é um grande desfalque – e têm suas chances reduzidas.


Quem surpreende a cada rodada é o Internacional, que lembra o Santos do ano passado, com um time de jovens desconhecidos e habilidosos. Junto com o Coxa são as grandes zebras que podem chegar lá.


O Coxa ganhou apesar de não jogar tão bem. Mas o golaço de Edu Sales depois de um contra-ataque fulminante valeu a pena. O time segue na luta apesar da desvantagem de seis pontos para o Cruzeiro, seu próximo adversário. Se vencer em Minas já será permitido até mesmo sonhar com o título. Mas a vaga para a Libertadores 2004 já está de ótimo tamanho.


Já o Paraná apresentou um novo técnico, Edu Marangon, e velhos erros. A falta de pontaria justificou o 0 x 0 contra o retrancado Guarani. O tricolor não tem muito o que almejar mas mantém uma posição respeitável na tabela, o que já é o bastante quando comparado com as últimas competições.


O Atlético Paranaense conseguiu finalmente vencer fora de casa. Contra o seu xará de Minas brilhou outra estrela da casa: Alex Mineiro. Quem sabe agora o time se anima e embala embora já sem chances de conseguir muita coisa.


Triste moda


A Stock Car Brasil (não sei porque usar um nome inglês) copiou o que de mais feio existe no automobilismo mundial. Dando uma de Ferrari, a equipe de Antônio Jorge Neto e Guto Negrão, mandou o primeiro abrir passagem e dar a vitória de graça ao companheiro. E os dois desceram dos carros como se nada tivesse acontecido. Resta torcer para que a marmelada não dê resultado e o título fique nas mãos de quem merece (com certeza não é nenhum dos dois).


Nota 10
Para o recorde de medalhas do Brasil na história do Pan. Apesar de esvaziada em algumas modalidades, a competição conta ainda com ótimos atletas e o resultado foi expressivo.

Nota 0
Para a desorganização interminável do Pan de Santo Domingo, uma verdadeira piada.


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