No início era a luz. Foi isso que muitos pensaram quando finalmente a CBF resolveu aplicar o simples, eficiente e justo formato de turno e returno com pontos corridos na Série A do Campeonato Brasileiro. Pena que não demorou muito para as trevas voltarem. Após dois anos de certo sucesso e no momento em que os torcedores passaram a compreender melhor a forma de disputa, valorizando cada jogo como se fosse o único, aquele que poderia ser um ótimo Brasileirão, com quase todas as equipes envolvidas em disputas - pelo título, pelas vagas em competições internacionais ou mesmo pela permanência na elite do futebol, o árbitro Edilson Pereira de Carvalho deflagrou um processo que ameaça cada vez mais a continuidade do campeonato do nobre esporte bretão.
Um pouco por incompetência e outro tanto por irresponsabilidade, os dirigentes (sempre eles) da confederação permitiram que se criasse um esquema de corrupção dentro da arbitragem que, felizmente, veio à tona após investigação do Ministério Público. Mas a parte boa acabou exatamente aí. Desde então, criou-se uma confusão tão grande que ainda não se sabe onde iremos parar.
Após a denúncia do esquema do qual Edilson era apenas um simples operador final (ainda tem muita gente para ser investigada), em um arroubo de agilidade e eficiência, o STJD, na figura de Luiz Zveiter, que em alguns momentos lembra seu xará Luís XV, determinou a anulação dos 11 jogos arbitrados pelo agora sinônimo de juiz ladrão (o coro Edilson ecoa nas arquibancadas a cada erro dos homens do apito). A emenda saiu-se muito pior que o soneto e nas partidas disputadas novamente o que se viu foi um show de erros e lambanças da turma do apito.
Prato cheio para que alguns marginais que se dizem torcedores deixassem de lado qualquer pudor e voltassem á velha selvageria, que até que havia diminuído um pouco após a penalização aos clubes pelo inadequado comportamento de suas torcidas. O copo transbordou na vitória (que havia sido derrota) do Corinthians sobre o Santos, na Vila Belmiro. Mas a torneira não foi fechada.
Por isso, no fim de semana o futebol voltou a ser destaque nas páginas policiais, com mortes de torcedores e brigas de torcida, exatamente uma semana antes do referendo que pretende reduzir a presença das armas de fogo na sociedade. E sabe lá o que irá acontecer nas próximas rodas, que terão jogos de risco como Vasco x Flamengo e a repetição de São Paulo x Corinthians.
Por falar nisso, para acomodar a re-realização das partidas anuladas, a CBF programou uma semana repleta para os futebolistas, com partidas diárias da próxima sexta até o outro domingo, pulando apenas o dia do Referendo. Cabe ao torcedor agora escolher se quer ver um futebol de segunda, de quarta, de quinta, de sexta...
O campeão, provavelmente o Corinthians, não vai ter muito o que comemorar.
Nota 10
Para os torcedores brasileiros (os sério, não os baderneiros cada vez mais presentes aos estádios) que resistem a todos os golpes da cartolagem.
Nota 0
Para os cartolas e sua turma pela luto que tomou conta do futebol brasileiro. O pior é que no ano que vem pode vir o hexa na Copa e tudo fica como está.