Bala na área

Fiasco no Pinheirão

20 nov 2003 às 10:15

Quem assistiu apenas o primeiro tempo de Brasil x Uruguai deve ter ficado surpreso com o resultado final do jogo. Nos primeiros 45 minutos a equipe de Parreira mostrou um bom futebol e aproveitou bem o espaço oferecido pelos uruguaios, marcando dois gols e perdendo pelo menos outros dois. Rivaldo, Ronaldo e Kaká – com o eficiente apoio de Zé Roberto e Júnior pela esquerda, e Renato e Cafu pela direita – foram os destaques com boas tabelas e jogadas de efeito. Só que perderam muitos gols, que fizeram falta no final. Dificuldades só no início do jogo graças a pressão uruguaia sobre a saída de bola brasileira. Marcação neutralizada no momento em que o Brasil passou a usar mais as laterais de campo. A partir daí foi um jogo de um time só.

Só que no segundo tempo, quando parecia que viria uma fácil vitória, o técnico Juan Carrasco mudou a história do jogo colocando Recoba e corrigindo o posicionamento da equipe. O Uruguai voltou acuando o Brasil na defesa, fez dois gols com grande facilidade e ganhou mais um de presente numa falha incrível de Gilberto Silva, que ontem não repetiu as tradicionais boas atuações. Os erros de posicionamento da zaga e a medíocre atuação de Lúcio – é impossível entender como ele pode ser titular da seleção – foram responsáveis pela virada uruguaia.


Mas o grande problema é que Parreira demonstrou mais uma vez não ter nenhum esquema de jogo alternativo. Enquanto o técnico adversário alterou totalmente a forma de jogo de sua equipe, o brasileiro observou placidamente a mudança de rumo da partida. Sem falar na excessiva demora para promover alterações. Com quinze minutos de jogo a torcida já exigia em coro a saída de Lúcio, obviamente não atendida pelo técnico, cada vez mais parecido com o seu "mestre" e amigo Zagallo.


No segundo tempo, com o Brasil sendo sufocado, Parreira mais uma vez fez a mesma substituição de sempre, tirando Kaká e colocando Alex. Não mudou nada e em seguida veio a virada. Daí, já no desespero, lançou Juninho Pernambucano e Luís Fabiano, que entraram bem mas já sem muitas chances de mudar o resultado. O empate acabou vindo na raça mas em nenhum momento a equipe voltou a jogar bem. A única atitude realmente positiva de Parreira foi finalmente abrir mão de Emerson e escalar Renato desde o começo do jogo.


O outro lado da moeda


Ao menos no vôlei, seguindo os passos das mulheres, a Seleção de Bernardinho venceu a arqui-rival Itália e já soma quatro vitórias em quatro partidas pela Copa do Mundo. Atenas está cada vez mais perto.


Nota 10


Para Juan Carrasco, grande responsável pela virada uruguaia. Para o primeiro tempo da seleção brasileira, só ofuscado pela estranha má atuação de Gilberto Silva e pelo desastroso Lúcio.


Nota 0

Para Parreira, pela incapacidade de mudar a forma do time jogar. Para Zagallo, que deveria ser mais do que uma figura decorativa e auxiliar o técnico. Para o segundo tempo da seleção, só salvo pelas boas atuações de Juninho e Luís Fabiano. Para Lúcio, pelo conjunto da obra iniciada contra a Inglaterra na Copa do Mundo.


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