Bala na área

Como se fosse em Minas

10 jun 2003 às 10:59

De forma discreta e eficiente, bem ao estilo de Bonamigo, o Coritiba vem subindo de produção e já é o quarto colocado do Brasileirão. Se não fosse o tapetão seria o terceiro já que o Inter ganhou pontos da Ponte Preta fora das quatro linhas. O segredo está em um time muito bem armado, aplicado e coeso, com alguns jogadores que se destacam como Jackson e Tcheco.

E talvez com as lições aprendidas no ano passado, quando o time caiu muito no fim da competição perdendo por pouco uma vaga para as quartas de final, este ano o resultado seja ainda melhor. Pensar em título é um sonho mas a chance de ganhar uma vaga nos torneios interclubes continentais é real.


A hora da reação


Atlético e Londrina venceram e conseguiram convencer suas torcidas. Iguais até no placar de 4 x 2, que os posicionou melhor na tabela. O rubro-negro buscando um lugar entre os dez primeiros e o Londrina de olho em uma vaga para a próxima fase.


A maldição das viagens


O Paraná mais uma vez perdeu fora de casa e reabilitou o Paysandu, em crise desde a eliminação na Libertadores. Se o tricolor repetisse fora de casa o mesmo desempenho das terras curitibanas estaria na briga pelo título. Mas de qualquer forma ocupa uma posição honrosa e inesperada depois do fracasso das últimas competições.


Vamos ter que engolir


E não é que a Ferrari anunciou a renovação do contrato de Schumacher até 2006. Com isso são cada vez maiores as chances do alemão bater todos os recordes absolutos da Fórmula Um. Para isso, basta conquistar mais um título – algo muito provável nas quatro chances que terá incluindo este ano – e superar as 65 poles de Senna, o que pode acontecer já no ano que vem.


Aliás, devem ser essas marcas que o motivam a continuar correndo, principalmente agora que a competitividade aumentou um pouco, ainda que muitas vezes de forma artificial. O que Schummy quer é se tornar de fato o melhor piloto da principal categoria do automobilismo, ao menos nos números, que são incontestáveis. Ele sabe que dificilmente alguém roubará o título de melhor de todos do argentino Juan Manuel Fangio, que na média de conquistas é insuperável. Nos românticos anos 50 Fangio venceu simplesmente 24 das 51 corridas que disputou, com um aproveitamento próximo aos 50%. O alemão queixudo se contenta em ser segundo, para horror de todas as viúvas de Senna.


A Ferrari também renovou pelo mesmo período o contrato de grande parte da equipe técnica da escuderia. Só Barrichello ficou de fora, o que mostra um futuro longe de promissor. Vem mais choro por aí...


Merecimento e injustiça


Parreira convocou o restante da Seleção e, se acertou em convocar jogadores que estão comendo a bola como Alex e Luís Fabiano, inventou e errou feio em alguns nomes.


Além de insistir no brucutu Emerson (que o destino nós poupou de assistir na Copa), ressuscitar o não menos tosco Eduardo Costa, chamar Zé Roberto – felizmente fora de combate por amídalas conscientes – agora fez mais uma lista que parece muito mais política do que técnica.


Se por um lado acertou ao chamar Kléber, Gil, Ricardinho e até mesmo Fábio Luciano, que lhe proporcionaram muitas conquistas na época do Corinthians; Maurinho, que desde o título do ano passado merecia uma chance para a mais carente das posições; Fábio, ótimo goleiro revelado aqui no estado; por outro errou nas inexplicáveis convocações de Edu Dracena (quem viu a final da Copa do Brasil pôde perceber que como ele existem muitos outros), Klebérson (é só perguntar para qualquer atleticano quando foi a última vez que ele jogou bem), os dois Adrianos (o do Parma não é melhor do que Liédson ou Deivid – lembrando mais o cabeceador Jardel – e o do Atlético Paranaense deveria ser chamado há dois anos atrás e não agora).


Pior do que isso são as explicações de Parreira, que beiram o ridículo. Quando questionado sobre a ausência de Marcos, o técnico afirma que não precisa testá-lo porque ele já provou o seu valor na seleção. Então porque chamar o Dida?


Pelo jeito o Brasil não vai fazer muito melhor nessa Copa das Confederações. A última foi um fiasco tão grande (derrota até para a Austrália ninguém esquece) que custou o cargo de Leão. Acho que não é para tanto, mas Parreira já foi bem melhor.


Para esgotar o assunto, a convocação também levantou algumas desconfianças, inclusive no exterior. Um jornal italiano divulgou que Ilan só foi convocado por interesse do Atlético – que, é bom que se lembre, apoiou o mal-sucedido boicote ao Estatuto do Torcedor. Segundo os italianos, um clube de lá ofereceu US$ 600 mil pelo jogador mas os rubro-negros pedem mais. Sem falar no caso de Edu Dracena, curiosamente negociado pelo Guarani com o onipresente Juan Figger dois dias antes da convocação, que com certeza aumentou o seu valor. Se é verdade ou não, é difícil saber, mas vindo da CBF é bom ficar atento. Salve a $eleção.


Uma final só termina no final


O primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil parecia uma viagem temporal. Fazia tempo que o Maracanã não ficava tão cheio e bonito, colorido de vermelho e preto e ao som ensurdecedor de 30 mil cornetas. Fazia mais tempo ainda que uma final era jogada de forma tão limpa, sem violência e com poucas faltas. Fazia tempo também que uma final não tinha uma arbitragem tão boa como a de domingo.


Dentro de campo o espetáculo foi de Alex, o regente cruzeirense, que vive novamente sua plenitude técnica. Se ele jogasse sempre assim seria titular absoluto da Seleção há muito tempo. Destaque também para o goleiro Gomes, que depois de muitas falhas deu a volta por cima e se firmou na posição. Mesmo nível para o lateral Maurinho e os atacantes Deivid e Aristizábal. Para compensar a zaga não é lá essas coisas, como em nove de cada dez times brasileiros.


Pelo lado rubro-negro, Athirson e Felipe, as estrelas da companhia, andaram apagados, como sempre carregando demais a bola. Júlio César teve poucas oportunidades para mostrar que se recuperou e merece continuar na Seleção. Um pouco graças ao esquema de três zagueiros, que estranhamente jogaram bem – especialmente Fernando, um dos destaques do jogo. A frente deles o volante Fabinho, que merece ser visto com cuidado por Parreira e na frente o sempre arisco Edílson, principalmente quando acompanhado pelo garoto Jean, que simplesmente não pode ser deixado no banco.


Em um jogo bem disputado e corrido, sem muitas chances de gol, o empate foi justo – embora o golaço de Alex, do início da jogada à conclusão de letra, devesse valer mais do que um. E quando o Cruzeiro já dava a vitória como certa – ainda mais depois da correta anulação do gol de Edílson que poderia abater o Flamengo – os deuses do futebol agiram. Nos descontos, o desacreditado Fernando Baiano empatou com raiva e garra, tal qual um flamenguista, tal qual um corintiano.


Pena que Wanderley Luxemburgo tentou estragar a festa acusando Simon de prejudicar o seu time. Devia agradecer ao gaúcho por poupar a ele, e a todos os que vão ver o jogo de amanhã, da dupla Edu Dracena e Tiago, suspensos pelo terceiro amarelo. O último de forma injusta já que Simon errou a cor do cartão, que deveria ser o vermelho.


Nota 10


Para Welber, do Paysandu, pelo show contra o Paraná. Para a letra magistral de Alex. Para o espetáculo do Maracanã.


Nota 0

Para Parreira e Zagallo pela falta de critério na convocação. Para Luxemburgo, por mais uma das suas.


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