Até o dia 17 de junho, a cineasta Tizuka Yamazaki estará em Londrina participando da Casa Japão e, junto com sua equipe, estará realizando um trabalho de pesquisa para definir as locações das filmagens de seu novo trabalho: "Gaijin 2" - filme que é parcialmente ambientado no Paraná.
"Gaijin 2" é a continuação do primeiro longa-metragem da cineasta, "Gaijin - Caminhos da Liberdade". A seqüência do trabalho vai mostrar a aproximação de quatro gerações de mulheres, de descendência japonesa, que progridem na vida enfrentando desafios, fundindo as raças, administrando as saudades e apagando o medo de perder suas raízes culturais.
Há quatro anos, Tizuka prepara a continuação de uma das melhores produções sobre a imigração japonesa no Brasil. "Gaijin - Caminhos da Liberdade" foi lançado comercialmente em 1980, reunindo grandes nomes dos cinemas brasileiro e japonês. O filme fundia elementos líricos e sociais para retratar as dificuldades vividas pelos imigrantes japoneses quando vieram trabalhar nas colheitas de café no Brasil, no início do século XX. Esta primeira versão foi premiada nacional e internacionalmente, entre os quais o Prêmio Especial Fipresci - Federação da Crítica Internacional em Cannes, recebido em 1980.
Conhecida por seu faro apurado para o sucesso, Tizuka Yamasaki tem três de seus trabalhos entre os cinco filmes brasileiros mais vistos dos últimos dez anos: O Noviço Rebelde (1997), Xuxa em Lua de Cristal (1990) e Xuxa Requebra (1999). Cada um dos três títulos passou de 1,5 milhão de espectadores. Em entrevista exclusiva ao Bonde, Tizuka falou sobre a produção de "Gaijin 2" e de sua antiga relação com o cinema.
Bonde: Pode-se dizer que "Gaijin- Caminhos da Liberdade" foi um marco no cinema brasileiro?
Tizuka Yamazaki: Foi, porque o Gaijin inaugurou o cinema emoção. Até então havia uma escola de cinema politizado e outra de pornochanchada. Ele veio com uma temática totalmente diferente, falando do ponto de vista da personagem em que a tecla principal era a emoção. O filme mostrava os japoneses chegando no primeiro navio de imigração aqui no Brasil até o momento em que eles percebem que não dá para voltar mais.
Bonde: E o que o público pode esperar de "Gaijin 2"? A mesma emoção do primeiro filme?
Tizuka: Com certeza. O "Gaijin 2" começa a partir do momento em que um imigrante compra uma terra, cria raízes, até os dias de hoje. É a história de quatro gerações de mulheres, na qual a terceira casa-se com um filho de imigrantes espanhol e italiano. A filha deste casal, a quarta geração, é quem conta a história. Esta personagem mestiça chama-se Yoko,
uma estudante brasileira no Japão, segregada porque é diferente. Odeia o país que lhe roubara seu pai, Gabriel, que foi ao Japão como dekassegui à procura de trabalho, pois estava falido. Então, desaparece deixando de mandar notícia e dinheiro. Só que aqui no Brasil fica a bisavó de Yoko, Titoe, primeiro personagem do "Gaijin - Caminhos para a Liberdade", que tem como meta de vida voltar para o Japão. Porém, quando Titoe está no Japão, a magnitude que foi a história de sua família como imigrante no Brasil começa a vir à tona, sentindo muita saudade deste país. É um filme muito terno que mostra as verdadeiras raízes.
Bonde: O filme está em qual estágio de produção?
Tizuka: Nós estamos em um período de preparação, que é ir atrás de locações para escolher onde vão ser feitas as imagens, onde vai ser a casa do personagem, o riacho, a estrada, a cachoeira, enfim tudo que vai compor as cenas. Estamos tomando as decisões de produção, cenografia e figurino. Além disso, estou em Londrina instalando um escritório que vai ser nosso endereço oficial. Também estamos negociando com a Sercomtel para podermos utilizar o galpão da empresa para instalar toda essa produção, cenografia e figurino. As filmagens mesmo só irão começar em janeiro.
Bonde: Há quanto tempo você está envolvida nesse projeto?
Tizuka: Esse é o quarto ano. O "Gaijin 2" é um filme muito mais caro do que o normal. Está orçado em 7 milhões, pois tem filmagens aqui e no Japão. Eu tenho muitas cenas de época, por exemplo, vou reconstituir uma rua de Londrina no ano de 35, a mesma rua no ano de 47 e ela nos dias de hoje. Então há uma evolução histórica. Para isso tem que haver uma pesquisa específica, fazer um levantamento cenográfico da época. E isso custa dinheiro, investimento e tempo. Agora, não adianta ter só dinheiro, o esforço solidário e a vontade de querer que o filme seja feito é o mais importante.
Bonde: Está havendo uma troca entre você e o Paraná...
Tizuka: Exatamente. Quando eu visitei Assaí pela primeira vez, fiquei encantada com as casas da cidade e saí fotografando tudo. As pessoas não entendiam o porquê deste encantamento. Depois que eu fui embora elas começaram a perceber que a cidade estava caindo e ninguém estava fazendo nada. Depois que dei importância àquelas casas bárbaras, eles fizeram uma revisão de valores e começaram a montar um museu. E isso já é o bastante para começar. Quando terminar o filme, nós estaremos com um monte de material que não precisaremos mais e poderemos doar para o museu de Assaí ou Rolândia. É uma forma da nossa equipe agradecer a participação da comunidade.
Bonde: Seus últimos filmes foram sucessos de bilheteria. Você tem uma explicação para isso?
Tizuka: Na verdade você tem que ter uma visão macro do cinema e escolher as pessoas certas para o filme. Cada filme é uma produção única e diferente. Quando eu faço um infantil, tenho um tipo de público e de patrocinador. É assim também com filmes de época e adultos. Basicamente, eu faço um cinema que está muito vinculado com identidade cultural, mesmo nos infantis eu tento usar o filme para chamar a atenção das crianças para alguma coisa, no sentido de formar platéia. Tem que ter competência, uma equipe eficiente e convencida de que você vai fazer o melhor filme.
Bonde: Qual a sua expectativa para esta superprodução?
Tizuka: O "Gaijin 2" não é só sobre a história do Norte do Paraná, é um filme que conta também a história do Brasil e da humanidade. Quero mostrar para o primeiro mundo o Brasil, que é um país que é o melhor exemplo de convivência pacífica entre as mais diversas etnias, com liberdade religiosa e política. Vamos mostrar isso e dar uma esnobada, porque o primeiro mundo não está sabendo lidar com isso.
"Gaijin 2" é a continuação do primeiro longa-metragem da cineasta, "Gaijin - Caminhos da Liberdade". A seqüência do trabalho vai mostrar a aproximação de quatro gerações de mulheres, de descendência japonesa, que progridem na vida enfrentando desafios, fundindo as raças, administrando as saudades e apagando o medo de perder suas raízes culturais.
Há quatro anos, Tizuka prepara a continuação de uma das melhores produções sobre a imigração japonesa no Brasil. "Gaijin - Caminhos da Liberdade" foi lançado comercialmente em 1980, reunindo grandes nomes dos cinemas brasileiro e japonês. O filme fundia elementos líricos e sociais para retratar as dificuldades vividas pelos imigrantes japoneses quando vieram trabalhar nas colheitas de café no Brasil, no início do século XX. Esta primeira versão foi premiada nacional e internacionalmente, entre os quais o Prêmio Especial Fipresci - Federação da Crítica Internacional em Cannes, recebido em 1980.
Conhecida por seu faro apurado para o sucesso, Tizuka Yamasaki tem três de seus trabalhos entre os cinco filmes brasileiros mais vistos dos últimos dez anos: O Noviço Rebelde (1997), Xuxa em Lua de Cristal (1990) e Xuxa Requebra (1999). Cada um dos três títulos passou de 1,5 milhão de espectadores. Em entrevista exclusiva ao Bonde, Tizuka falou sobre a produção de "Gaijin 2" e de sua antiga relação com o cinema.
Bonde: Pode-se dizer que "Gaijin- Caminhos da Liberdade" foi um marco no cinema brasileiro?
Tizuka Yamazaki: Foi, porque o Gaijin inaugurou o cinema emoção. Até então havia uma escola de cinema politizado e outra de pornochanchada. Ele veio com uma temática totalmente diferente, falando do ponto de vista da personagem em que a tecla principal era a emoção. O filme mostrava os japoneses chegando no primeiro navio de imigração aqui no Brasil até o momento em que eles percebem que não dá para voltar mais.
Bonde: E o que o público pode esperar de "Gaijin 2"? A mesma emoção do primeiro filme?
Tizuka: Com certeza. O "Gaijin 2" começa a partir do momento em que um imigrante compra uma terra, cria raízes, até os dias de hoje. É a história de quatro gerações de mulheres, na qual a terceira casa-se com um filho de imigrantes espanhol e italiano. A filha deste casal, a quarta geração, é quem conta a história. Esta personagem mestiça chama-se Yoko,
uma estudante brasileira no Japão, segregada porque é diferente. Odeia o país que lhe roubara seu pai, Gabriel, que foi ao Japão como dekassegui à procura de trabalho, pois estava falido. Então, desaparece deixando de mandar notícia e dinheiro. Só que aqui no Brasil fica a bisavó de Yoko, Titoe, primeiro personagem do "Gaijin - Caminhos para a Liberdade", que tem como meta de vida voltar para o Japão. Porém, quando Titoe está no Japão, a magnitude que foi a história de sua família como imigrante no Brasil começa a vir à tona, sentindo muita saudade deste país. É um filme muito terno que mostra as verdadeiras raízes.
Bonde: O filme está em qual estágio de produção?
Tizuka: Nós estamos em um período de preparação, que é ir atrás de locações para escolher onde vão ser feitas as imagens, onde vai ser a casa do personagem, o riacho, a estrada, a cachoeira, enfim tudo que vai compor as cenas. Estamos tomando as decisões de produção, cenografia e figurino. Além disso, estou em Londrina instalando um escritório que vai ser nosso endereço oficial. Também estamos negociando com a Sercomtel para podermos utilizar o galpão da empresa para instalar toda essa produção, cenografia e figurino. As filmagens mesmo só irão começar em janeiro.
Bonde: Há quanto tempo você está envolvida nesse projeto?
Tizuka: Esse é o quarto ano. O "Gaijin 2" é um filme muito mais caro do que o normal. Está orçado em 7 milhões, pois tem filmagens aqui e no Japão. Eu tenho muitas cenas de época, por exemplo, vou reconstituir uma rua de Londrina no ano de 35, a mesma rua no ano de 47 e ela nos dias de hoje. Então há uma evolução histórica. Para isso tem que haver uma pesquisa específica, fazer um levantamento cenográfico da época. E isso custa dinheiro, investimento e tempo. Agora, não adianta ter só dinheiro, o esforço solidário e a vontade de querer que o filme seja feito é o mais importante.
Bonde: Está havendo uma troca entre você e o Paraná...
Tizuka: Exatamente. Quando eu visitei Assaí pela primeira vez, fiquei encantada com as casas da cidade e saí fotografando tudo. As pessoas não entendiam o porquê deste encantamento. Depois que eu fui embora elas começaram a perceber que a cidade estava caindo e ninguém estava fazendo nada. Depois que dei importância àquelas casas bárbaras, eles fizeram uma revisão de valores e começaram a montar um museu. E isso já é o bastante para começar. Quando terminar o filme, nós estaremos com um monte de material que não precisaremos mais e poderemos doar para o museu de Assaí ou Rolândia. É uma forma da nossa equipe agradecer a participação da comunidade.
Bonde: Seus últimos filmes foram sucessos de bilheteria. Você tem uma explicação para isso?
Tizuka: Na verdade você tem que ter uma visão macro do cinema e escolher as pessoas certas para o filme. Cada filme é uma produção única e diferente. Quando eu faço um infantil, tenho um tipo de público e de patrocinador. É assim também com filmes de época e adultos. Basicamente, eu faço um cinema que está muito vinculado com identidade cultural, mesmo nos infantis eu tento usar o filme para chamar a atenção das crianças para alguma coisa, no sentido de formar platéia. Tem que ter competência, uma equipe eficiente e convencida de que você vai fazer o melhor filme.
Bonde: Qual a sua expectativa para esta superprodução?
Tizuka: O "Gaijin 2" não é só sobre a história do Norte do Paraná, é um filme que conta também a história do Brasil e da humanidade. Quero mostrar para o primeiro mundo o Brasil, que é um país que é o melhor exemplo de convivência pacífica entre as mais diversas etnias, com liberdade religiosa e política. Vamos mostrar isso e dar uma esnobada, porque o primeiro mundo não está sabendo lidar com isso.