Curitiba - O cult-movie do ano deve ser eleito a partir do próximo final de semana no Brasil. A exemplo de ''Kill Bill'', que na última temporada foi unanimidade pela linguagem videoclípica recheada de referências pop retrô, ''Sin City - A Cidade do Pecado'' deve ser a nova febre entre os cinéfilos, especialmente pelas inovações visuais, que praticamente asseguram o filme no mais próximo que o cinema chegou dos quadrinhos até hoje.
Dizer que ''Sin City'' é uma adaptação dos quadrinhos de Frank Miller é quase uma injustiça. A película, dirigida por Robert Rodriguez (Era Uma Vez no México), é o próprio álbum em movimento. O diretor conseguiu seduzir Miller a ceder os diretos de sua mais valiosa criação com imagens que seguem à risca o climar noir e o peso do preto-e-branco na dramatização das sequências das revistas.
O resultado foi impressionante. Os ângulos e iluminação, assim como os diálogos, são extremamente fiéis aos álbuns de Miller, que, segundo Rodrigues, serviram como um ''storyboard de luxo'' para o filme. Tão fiéis que até mesmo Miller, que co-dirigiu o filme, sugeriu algumas mudanças. Rodriguez, tão certo do sucesso da história, negou e disse ao quadrinista: ''Se não for fiel, não faremos.'' O roteirista e ilustrador abriu um largo sorriso.
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O filme não só deve surpreender os leitores, que vão perceber todas as semelhanças com os quadrinhos, como os que ainda não conhecem o trabalho de Miller. Material que ganhou novas nuances, além do preto-e-branco. Na revista, só há cores quando elas representam algo. A película trabalha com cores frias e as quentes ficam com a mesma função das revistas. Apenas algumas passagens ganharam detalhes que poderiam estar nos álbuns e certamente ficaram de fora por falta de espaço, como um dos momentos protagonizados por Benício Del Toro, na sequência dirigida por Quentin Tarantino, diretor convidado.
A adaptação reúne três das diversas histórias já lançadas sobre a corrupta cidade de Basin City: ''The Hard Goodbye'', ''The Big Fat Kill'' e ''That Yellow Bastard''. A primeira chegou no Brasil apenas como ''Sin City'' e narra a trajetória do brutamontes Marv em busca do assassino de sua amante, Goldie; a segunda, batizada de ''A Grande Matança'', traz Dwight e as Damas da Noite em conflito com a polícia após um desentendimento com Jackie-Boy, um alcoólatra que adora bater em sua ex-namorada, a garçonete Shellie; a última traz o policial Hartigan na cola do ''Assassino Amarelo'', um criminoso que adora matar garotas indefesas. As três narrativas se entrelaçam no decorrer do longa, sem uma ordem linear.
Não bastasse as intrigantes tramas, o clima noir, os anti-heróis durões e as femme fatales, já presentes nas revistas, o filme também chama a atenção devido à constelação que faz parte do elenco. Bruce Willis, Clive Owen, Mickey Rourke, Josh Hartnett, Brittany Murphy, Jessica Alba, entre outros, todos com seus nomezinhos devidamentes consagrados em outras produções. Pra completar, a presença de Quentin Tarantino, como diretor convidado, para comandar uma sequência bem.. digamos... ''à la Tarantino''. Imperdível.
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