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Novos velhos filmes

01 abr 2001 às 17:22

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‘‘Apocalypse Now’’, de Francis Ford Coppola, será relançado no próximo mês no Festival de Cannes com acréscimos de 53 minutos - Reprodução
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Nelson Sato
De Londrina

Não bastam sequências e remakes. A ordem do dia em Hollywood apregoa um novo filão, o de relançar filmes com acréscimos de cenas ‘não exibidas’ na primeira versão.
O recurso, que já foi explorado esporadicamente, ressurge agora potencializado pela indústria, talvez impulsionado pelos lançamentos em DVD, cujos produtos começam a chegar ao mercado apresentando montagens distintas das que vieram a público – caso, por exemplo, da fita ‘Episódio 1: A Ameaça Fantasma’, a quarta parte da série ‘Guerra nas Estrelas’, recheada com 20 minutos a mais de cenas nunca vistas.
A temporada ‘vale a pena ver de novo’ começou com ‘O Exorcista’, que retornou às telas vinte e sete anos depois de sua estréia nos cinemas. Ainda capaz de provocar arrepios, a produção voltou com início e fim ligeiramente modificados e cenas – cortadas do original – reinseridas pelo diretor William Friedkin. Na esteira do revival, bem-sucedido nas bilheterias, um antigo projeto foi desengavetado: a filmagem de uma sequência da história.
O roteiro será de Caleb Carr. A trama vai mostrar a primeira batalha entre o padre Merrin, interpretado por Max Von Sydow no original, e o demônio Pazuzu. Os dois se encontram na África, onde o padre jovem é missionário. O filme vai mostrar o nascimento de Pazuzu e sua trajetória para tentar conseguir um corpo para que possa trazer o apocalipse. A volta do primeiro ‘O Exorcista’, no entanto, parece ter inspirado outros golpes de marketing.
O diretor Francis Ford Coppola é um dos que aderiram ao formato ‘versão do diretor’, anunciando o relançamento de ‘Apocalypse Now’ para o próximo mês no Festival de Cannes. Foi em Cannes, aliás, que o filme sobre a Guerra do Vietnã estrelado por Martin Sheenn e Robert Duvall faturou a Palma de Ouro em 1979. Na mesma temporada, ganhou Oscars de fotografia e som.
Mas diferente do filme sobre a garota possuída pelo demônio, que foi esticado com apenas 11 minutos a mais, o épico que arruinou as finanças de Coppola (ele investiu do próprio bolso a quantia de US$ 31 milhões de dólares) vai conter 53 minutos extras elevando sua duração para 3 horas e 17 minutos. As imagens inéditas do filme mostrarão cenas com Marlon Brando, Martin Sheen, Christian Marquand e Aurore Clement.
O elenco inclui ainda Robert Duvall, Dennis Hopper, Frederic Forrest, Albert Hall, Sam Bottoms, Laurence Fishburne e Harrison Ford. ‘Não se trata apenas de acrescentar cenas que foram cortadas, mas de fazer uma autêntica ‘remontagem’ a partir do material original. A nova versão é mais inquietante, com uma perspectiva histórica mais ampla’ – explicou Coppola na Internet.
A moda, pelo jeito, vingou. Também fisgado pelo filão, Steven Spielberg prometeu retomar um de seus maiores sucessos nas telas: o filme ‘E.T – O Extrarrestre’, de 1982. O cineasta revelou recentemente que a produção será relançada em abril do ano que vem incluindo, claro, as cenas cortadas do original. A idéia é celebrar os 20 anos da primeira aparição do monstrinho de outro planeta.
‘E.T’ conta a história de um alienígena que perde o embarque de volta e se apega a uma criança terrestre (Henry Thomas) para escapar de pesquisadores que pretendem capturá-lo para servir de cobaia. Escrito por Melissa Mathison, mulher de Harrison Ford, o roteiro reunia suspense, sustos, gargalhadas, lirismo e ternura desmistificando o preconceito de que o ser diferente – por mais diferente que seja e mesmo que de ‘outro mundo’ – representa perigo em essencial.
Ganhador de Oscars de trilha sonora e efeitos visuais e sonoros, ‘E.T’ conquistou o mundo quando entrou em cartaz. Na época, nem a mordaz crítica americana Pauline Kael escapou de sua comovente história. ‘O filme de Steven Spielberg é banhado de simpatia, e parece varrer todos os maus pensamentos da nossa cabeça’ – escreveu ela, acrescentando mais adiante que ‘esta fusão de ficção científica e mitologia lembra-nos os sonhos mais fantasmagóricos da infância, e os reabilita’. Que cenas adicionais poderiam amplificar a magia do filme?
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