O filme ''Gaijin - Ama-me Como Sou'', com boa parte das filmagens realizadas em Londrina e que mostra a cidade especialmente em seu início como cenário da trama, foi o grande vencedor entre os seis longas brasileiros de ficção do 33º Festival de Gramado. A mostra gaúcha terminou na noite de 20 de agosto, sábado, com a cerimônia de premiação aos melhores da competição.
Além do Kikito de melhor filme, ''Gaijin'' ganhou ainda em outras três categorias consideradas importantes: direção para Tizuka Yamasaki, trilha musical (Egberto Gismonti) e atriz coadjuvante. Além de conquistar o júri por unanimidade, a feirante londrinense Aya Ono, que interpreta a personagem da batyan Titoe, encantou a platéia não só na noite de exibição do filme, mas principalmente quando seu nome foi anunciado como vencedora na categoria.
Emocionada mas sempre alegre, a pequenina estreante de 77 anos subiu ao palco, agradeceu as irmãs Yamasaki - Tizuka e Yurika - e comemorou muito o momento, cheia de sorrisos, acenos e reverências na melhor tradição nipônica.
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Há 25 anos, o inicio da saga ''Gaijin'' (Caminhos da Liberdade) tinha sido considerado o melhor filme lá mesmo em Gramado, mas a então debutante Tizuka só não conseguiu arrebatar o Kikito de direção. Desta vez ela conseguiu, não sem demonstrar surpresa em relação aos dois prêmios máximos.
É que, à medida que os prêmios foram sendo revelados e se aproximava a reta final, ficava a expectativa da divisão dos dois mais cobiçados entre os principais representantes gaúchos, ''Sal de Prata'' e ''Diário de Um Novo Mundo'' - houve um terceiro. ''O Cerro do Jarau''.
Mas o juri se comportou acima de suspeitas de favorecimentos ou influências estranhas, e optou por reconhecer uma história distante dos pampas, mais precisamente localizada entre o Norte do Paraná e o Japão dos pioneiros de ontem e dos dekasseguis de hoje. ''Gaijin - Ama-me Como Sou'' terá pré-estréia em Londrina no fim do mês e o lançamento em todo o país a partir do dia 2 de setembro.
A estréia de Paulo Betti, embora irregular, mereceu atenção e recompensas, como o Prêmio Especial do Júri. ''Cafundó'' acabou levando o mesmo número de estatuetas que ''Gaijin'', mas perdeu no significado e na hierarquia dos prêmios. Justos, o Kikito para Lazaro Ramos, melhor ator, e o de melhor fotografia para José Roberto Eliezer. Mas questionável a premiação de Vera Hambúrguer pela direção de arte: o trabalho meticuloso, requintado de Yurika Yamasaki na reconstrução da velha Londrina era imbatível. Nenhum favor ou ''patriotada'', mas a simples confrontação entre as contribuições apresentadas, seja nos dramas de época, seja nas tramas com cenários urbanos contemporâneos.
Por outro lado, nenhum dos seis concorrentes na tela do Palácio dos Festivais apareceu com ímpeto arrebatador. Nem mesmo o vencedor ''Gaijin'', aplaudido com parcimônia no meio da semana e na noite de premiação. A ficção, como vem ocorrendo com preocupante frequência, não anda à altura dos documentários, este ano uma vez mais dando as cartas.
''Do Luto à Luta'' e ''Doutores da Alegria'', definidos com razão como de utilidade pública (respectivamente, Síndrome de Down e terapia do riso para crianças internadas em hospitais) dividiram o prêmio especial do júri. E o Kikito de melhor na categoria foi com inteira justiça para ''Soy Cuba, o Mamute Siberiano'', de Vicente Ferraz.
Decepção diante do resultado que apontou os melhores entre os sete latinos na competição vespertina. O vencedor, segundo um júri à parte, foi ''Un Mundo Menos Peor'', que ainda ficou com o prêmio de direção dado a Alejandro Agresti. O ótimo venezuelano ''Punto y Raya'' foi o principal preterido. E entre os curtas metragens em 35mm, o pernambucano Eric Laurence enfileirou Kikitos (cinco) com o seu muito interessante ''Entre Paredes''.
Na véspera do encerramento, o presidente do Festival de Gramado, Enoir Zorzanello, anunciou novidades na mostra para 2006 e também a médio e longo prazo. O evento deverá ser ampliado não apenas no número de dias (dez) mas também no seu formato e nas suas finalidades.
Confira a lista de vencedors da Mostra de Filmes Brasileiros de Ficção:
Melhor Filme
Gaijin - Ama-me Como Sou
Melhor Filme - Júri Popular
Diário de um Novo Mundo
Melhor Diretor
Tizuka Yamasaki (Gaijin - Ama-me Como Sou)
Prêmio Especial do Júri
"Cafundó"
Melhor Ator
Lázaro Ramos ("Cafundó")
Melhor Atriz
Priscila Rozenbaum (Carreiras)
Melhor Ator Coadjuvante
Miguel Ramos ("O Cerro do Jarau")
Melhor Atriz Coadjuvante
Aya Ono (Gaijin - Ama-me Como Sou)
Melhor Roteiro
Diário de um Novo Mundo
Melhor Direção de Arte
"Cafundó"
Melhor Música
Gaijin - Ama-me Como Sou
Melhor Fotografia
"Cafundó"
Melhor Montagem
Sal de Prata