'Peões' e 'Entreatos' são dois filmes que foram realizados simultaneamente, no segundo semestre de 2002. O do diretor Eduardo Coutinho, 'Peões', saiu em busca daqueles que fizeram o movimento grevista no ABC há pouco mais de 20 anos, quando Lula despontou para uma trajetória que o levaria à presidência do país.
Na tela, os ''Peões'', operários e combatentes de primeira hora, entrevistados duas décadas depois daquele tempo de resistência.
Já 'Entreatos', o filme de João Moreira Salles grudou em Luiz Inácio Lula da Silva ainda candidato, dois meses antes da vitória no segundo turno.
Leia mais:
Através do Cinemaverso: confira as estreias de junho nas telonas
Marvel Studios libera novo trailer de "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania"
The Weeknd libera música para trilha de sonora de "Avatar: O Caminho da Água"
Confira o novo trailer de "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso"
Na tela, os ''Entreatos'' da campanha, o diário daquela tensão crescente, a expectativa da vitória cada vez mais próxima, os bastidores, as (in)confidências, a intimidade no quartel-general, as estratégias, a logística, o intenso vaivém aéreo, as conversas ao pé de ouvido, as dúvidas, os temores, as alegrias, o desenlace.
Exibido fora da competição no 37º Festival de Brasília, realizado na última semana de novembro, antes do anúncio dos prêmios aos vencedores do festival, ''Entreatos'' foi demoradamente ovacionado pela enorme platéia que lotou a Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional de Brasília.
Se ''Peões'' de Coutinho logo em seguida o filme levaria o Candango como melhor longa-metragem da mostra já era muito bom, o documentário de João, o irmão mais moço de Walter Salles, é ainda melhor.
Os dois estrearam simultaneamente na última sexta nas principais capitais, em lançamento ''casado'', isto é, estão sendo exibidos em horários alternados na mesma sala.
Não são peças político-partidárias, mas são complementares quanto a traçar uma radiografia do universo de Lula e de tudo que gravita ao redor dele. Ambos são grandes momentos de cinema, na medida em que captam em imagens essenciais a humanidade dos personagens que elegeram.
Composto pelo diplomata Edgar Telles Ribeiro, pelos diretores Jorge Bodansky, Lina Chamie, Lucia Murat e Renato Barbieri, pelo crítico Ismail Xavier e pela atriz Maria Luisa Mendonça, o júri oficial de curtas e longas em 35 mm saiu-se bem da incumbência.
O troféu Candango de melhor direção foi para Toni Venturi por seu político, intimista e honesto ''Cabra Cega''. O filme levou ainda os prêmios de roteiro (Di Moretti), ator (Leonardo Medeiros) e direção de arte (Chico Andrade).
As melhores atrizes, principal e coadjuvante, foram Zezeh Barbosa e Lúcia Alves, de fato muito boas na divertida e bem amarrada comédia ''Bendito Fruto''.
O documentário ''500 Almas'', de Joel Pizzini, levou merecidamente quatro importantes prêmios técnicos a fotografia de Mario Carneiro, a montagem de Idê Lacreta, o som de Romeu Quinto e a trilha sonora de Livio Tragtenberg.
O Prêmio Especial do Júri foi para ''O Diabo a Quatro'', que propiciou ainda a Jonathan Haagensen o troféu de melhor ator coadjuvante.
Entre os curtas em 35mm, o vencedor foi ''Mina de Fé'', do grupo Nós do Morro, uma garotada valente que faz cinema e outras artes correndo risco de morte todos os dias no fogo cruzado dos traficantes do Morro do Vidigal, a ''Faixa de Gaza'' carioca.
Na categoria 16mm, o melhor filme foi o documentário-ficção ''O Homem da Mata'', de Pernambuco. Ao todo, o Festival de Brasília distribuiu R$ 435 mil reais aos melhores nas diversas categorias, aí incluídos os diversos títulos da surpreendente produção brasiliense distribuída entre vários gêneros e formatação.