Na esteira de filmes controversos como "Ninfomaníaca" e "Azul é a Cor Mais Quente", mais uma produção europeia deve causar polêmica no Brasil em setembro. Drama produzido em 3D, "Love", do diretor franco-argentino Gaspar Noé, literalmente causou no último Festival de Cannes.
Repleto de cenas de sexo explícito – incluindo uma cena de ejaculação "frontal" (ou seja, na direção do público) --, o filme gerou mais um burburinho na França ao receber classificação indicativa de 16 anos. O ministro da Cultura, Fleur Pellerin, não gostou e já pediu para que o filme seja reavaliado, dada a "natureza sexual" da história.
A produtora francesa Wild Bunch reagiu à decisão e disse que o pedido demonstra "extremo conservadorismo". "Não temos nada a ganhar em fazer o jogo do conservadorismo e do puritanismo", rebateu a produtora do filme em nota.
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O brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, coproduziu "Love" e afirmou que a polêmica já era esperada. "Houve controversa durante a produção, durante a exibição em Cannes e não teria motivo para agora ser diferente", explicou, ao UOL.
"O Gaspar [Noé] fez um filme ousado, mais uma vez, e de certa forma chocante. Não estamos acostumados a ver histórias de amor sendo contadas do ponto de vista sexual", observa Teixeira. "A sociedade e as instituições são conservadoras, não há dúvida, mas ficamos muito contentes com o resultado final. Como realizadores, queremos que nosso filme seja visto pelo maior número de pessoas".
18+ no Brasil
Noé já é um polêmico de carteirinha. Aliado à direção vertiginosa e com muitos efeitos, ele gosta de chocar plateias. Com "Irreversível", no Festival de Cannes de 2002, foi duramente criticado pela sequência de nove minutos de um estupro com a atriz Monica Bellucci. No festival de 2009, ele voltou a provocar com "Into the Void", uma imersão sobre morte, reencarnação e drogas.
Pôster do filme "Love", de Gaspar Noé
Com "Love", Noé quer falar sobre o amor através do sexo. Na trama, Um pai de família (Karl Glusman) relembra o tórrido romance que teve com Electra (Aomi Muyock), uma garota que acabou de desaparecer. Nas memórias, sexo a três e todos os tipos de excessos e perversidades. (Assista ao trailer abaixo)
O Brasil deve ser o primeiro país após a França a receber o longa. A data de estreia está prevista para 17 de setembro e o filme deve ganhar pré-estreia no Dia do Sexo – é uma das grandes apostas da distribuidora Imovision para este ano.
Pelo menos por aqui, a classificação indicativa deve ser de 18 anos. O diretor da Imovision, Jean Thomas Bernardini, contesta e afirma que o mercado de cinema está refém da Coordenação de Classificação Indicativa (COCIND) do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (DeJus).
"A censura aqui com certeza será de 18 anos baseada em nossas experiências anteriores tendo em visto a severidade dos julgadores da 'classificação indicativa' e a falta de reatividade da classe cinematográfica perante o exagero dessa severidade com filmes de Arte", critica. (As informações são do Portal UOL)