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Confira entrevista especial de Johnny Depp

20 jul 2006 às 17:25

Ainda existem momentos em que Johnny Depp considera difícil entender inteiramente o sucesso fenomenal de Piratas do Caribe.

Ele sabe, também, que seu personagem, o adorável trapaceiro capitão Jack Sparrow, é visto com grande afeição por uma enorme legião de fãs ansiosos para ver mais de suas aventuras. Porém, algumas vezes, ele não consegue acreditar nisso de verdade.


"Está além da minha compreensão, entender como um personagem como este conseguiu fincar raízes no coração de algumas pessoas", diz ele. "Isso ainda me choca porque me deram a oportunidade de desenvolver este personagem e eu tinha idéias bastante específicas sobre quem ele era e como ele deveria ser. Mas teve gente que achou que eu estava louco..."


Os cínicos podem ter ironizado, mas ficou provado que eles estavam absolutamente errados quando Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra se tornou um sucesso de crítica e de bilheteria em 2003.


O vitorioso desempenho de Depp no papel do capitão Jack, o pirata que quer desesperadamente recuperar o controle de seu adorado barco, capturado por piratas-fantasmas, rendeu-lhe uma indicação ao Oscar e ele se tornou um dos destaques de um filme bastante divertido que conseguiu mesclar, com eficiência, humor, aventura e uma história de amor - Keira Knightley e Orlando Bloom interpretaram o casal apaixonado Elizabeth Swann e Will Turner.


E agora o diretor Gore Verbinski, com Depp, Knightley e Bloom estão outra vez reunidos para fazer Piratas do Caribe: O Baú da Morte - e um terceiro filme, quase que simultaneamente. Um compromisso que faz com que Depp esteja interpretando Sparrow há mais de um ano, até agora. Ele está bastante satisfeito com isso.


"Eu quis fazer o capitão Jack de novo porque ele foi muito divertido de ser interpretado e porque há muito mais a se explorar", afirma ele. "Eu vou em frente e se quiserem que eu faça Piratas 4 e Piratas 5, eu estou aqui. Por que não?
Em Piratas 2 e Piratas 3 será possível ver novas facetas do capitão Jack. Ele enfrentará situações diferentes, as quais não consegue controlar. Há muitas coisas legais", conclui o ator.


Depp espera que o capitão Jack se torne - se é que ainda não se tornou - um dos personagens de todos os tempos da Disney, adorado por fãs de todas as idades, jovens e velhos.


"Eu assisti aos desenhos clássicos da Disney por anos e anos, antigos desenhos com os quais eu cresci assistindo e uma das coisas que foi de fato importante para mim foi a idéia de um personagem de desenho animado que uma criança de três anos de idade pudesse assistir ao lado de uma pessoa de 20 anos, de uma de 50 e de outra de 75 e que todos gostassem e que tivessem a mesma impressão desse personagem. Então este foi um dos desafios para mim.


"Eu queria tentar fazer com que este homem tivesse apelo para crianças pequenas e também para intelectuais resistentes - é isso que eu busco. E espero que dê certo", revela o ator.


Depp nasceu em Kentucky e cresceu na Flórida, onde demonstrou, ainda bem cedo, interesse pela música, que ele ainda tem hoje em dia - alguns de seus amigos mais próximos são músicos e ele é um guitarrista talentoso. Sua banda, chamada Kids, foi bem-sucedida e levou Depp a mudar-se para Los Angeles. Depois que a banda foi desfeita, Depp decidiu tentar a carreira de ator.


Entre seus filmes anteriores estão A Hora do Pesadelo 1 e o último Platoon. Ele conquistou grande sucesso popular como o detetive secreto Ted Hanson, do seriado 21 Jump Street. Estrelou quatro séries antes de atuar no cinema, sendo a de maior destaque Cry Baby, com o diretor John Walters.


Depp provou ser um dos atores mais versáteis e surpreendentes de sua geração. Trabalhou diversas vezes com Tim Burton - Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e, mais recentemente, A Fantástica Fábrica de Chocolate. Interpretou um agente secreto do FBI, ao lado de Al Pacino, no filme aclamado pela crítica, Donnie Brasco; contracenou com outro astro legendário de Hollywood, Marlon Brando, em Don Juan DeMarco. Fez o papel do escritor J.M Barrie no aclamado Em Busca da Terra do Nunca e o poeta devasso do século 17 em The Libertine.


Depp e sua parceira, a atriz Vanessa Paradis, têm dois filhos, Lily Rose, de 7 anos, e Jack de 4. Ele dividem o tempo entre as casas de Provence, na França, e da Califórnia.


Em Piratas do Caribe: O Baú da Morte, Jack Sparrow enfrenta uma corrida contra o tempo para salvar a própria alma do terrível Davy Jones - interpretado por Bill Nighy, irreconhecível no papel - que ele exigiu em troca do Pérola Negra, dez anos antes. Agora Davy Jones vem cobrar a dívida e isso significa que Jack poderá acabar como um de seus fantasmas amaldiçoados.


P: O que o Pérola Negra significa para o capitão Jack?


R: O Pérola Negra representa a liberdade. É seu único amor verdadeiro.


P: Jack é um pirata. Mas ele segue alguma regra?


R: Acho que Jack certamente tem suas próprias regras, seu próprio código de conduta, no qual baseia sua vida e no qual os verdadeiros piratas se baseavam na época. Eles eram muito rígidos com relação ao código. Acho que Jack estabeleceu parâmetros para si mesmo.


P: Em que tipo de enrascada Jack se envolve em O Baú da Morte?


R: Bem, ele certamente tem algo bem específico em mente e não tem nada a ver com ganhos financeiros. Tem mais a ver com o lado espiritual, de uma forma meio esquisita. Ele está atrás de algo muito especial.


P: Como a chave, o baú e o coração são mostrados na história?


R: Bem, no início do filme, Jack ganha a "marca negra" que decreta o fim de todo pirata que a recebe. Se você é um pirata, um homem do mar, e alguém lhe dá a marca negra, é o seu fim, quer dizer que você pertence a Davy Jones. E isso está além do ponderável para Jack, como você bem pode imaginar. E o coloca em um rumo mais espiritual, e, talvez em um estado de pânico ligeiramente maior.


P: Chegou a hora de arcar com as conseqüências e isso significa enfrentar Davy Jones?


R: Sim, Jack fez um acordo com Davy Jones alguns anos antes, e agora chegou a hora de acertar seu débito. É claro, Jack vai tentar evitar isso a todo custo, mas Davy Jones é o fim de tudo, ele é a vida e a morte, mais a morte.


P: Ele tem algum outro inimigo humano?


R: Sim, tem o lorde Beckett (interpretado por Tom Hollander) que representa a Companhia das Índias Orientais, que faz grandes negócios e tem muito dinheiro, e é uma enorme ameaça à pirataria. Então, tanto Davy Jones como Beckett são extremamente perigosos para Jack, cada um a seu modo.


P: Obviamente é um filme de grande orçamento. Como você consegue controlar o personagem com todas as distrações que existem durante a realização do filme?


R: Isso mostra o quanto sou ingênuo. No primeiro filme parecia que eu estava fazendo um filminho íntimo, porque da minha parte é só ir até lá, entrar nas trincheiras, conversar com seu diretor, fazer o que se tem que fazer, e as coisas acontecem. E é isso que você tem que fazer no contexto, na estrutura da cena. Eu não tinha percebido ainda o quanto tudo que estávamos fazendo era épico. Na verdade, eu não percebi até estarmos provavelmente na metade das filmagens, quando vi o primeiro corte do primeiro trailer e, de repente, fiquei chocado, e disse: "uau, é um projeto gigantesco!" Agora que estou fazendo o Baú da Morte e já tenho um ótimo entendimento do personagem, conhecendo-o tão bem, é claro que se tornou muito mais amplo que o primeiro. A estrutura, a história, é tudo muito mais complicado de filmar. As apostas estão bem mais altas no segundo filme.


P: Você filmou em algumas locações exóticas. As condições meteorológicas influenciaram muito na filmagem?


R: Passamos por todas as situações em termos de clima. Começamos em St. Vincent e Dominique sob calor e umidade tremendos e, depois, nas Bahamas, tivemos que lidar com a ameaça de furacões que passavam por lá.


P: É uma tarefa gigantesca para o diretor - dois filmes praticamente ao mesmo tempo, locações exóticas, filmagem no mar. Como ele lida com tudo isso?


R: Tenho um profundo respeito por Gore e sempre tive, desde o primeiro instante que trabalhamos juntos no primeiro filme. Vê-lo neste filme, testemunhar o que ele teve que enfrentar e solucionar, é inacreditável. Eu aprendi muito só pelo fato de estar perto dele, vendo. Mesmo sob a pressão mais forte, ele nunca se esquivou nem perdeu a compostura ou mesmo o foco. Ele apenas enfrenta e luta para sair das cordas.


P: É diferente estar em um set de Jerry Bruckheimer?


R: Bem, como eu disse, no primeiro, por ingenuidade minha, eu achei que era muito íntimo e foi se tornando maior e maior com o passar do tempo. Este é totalmente Jerry Bruckheimer - tem tudo lá, desde a pia da cozinha, tudo. E é feito com muito gosto; ele procura sempre os melhores, é impressionante. Então sim, trabalhar em uma produção de Jerry Bruckheimer é muito diferente.


P: Os trajes do capitão Jack são incrivelmente exóticos. De onde eles vêm?


R: Eu passei algum tempo com Keith Richards que foi, em grande parte, a inspiração para o personagem - certamente ele foi um dos principais ingredientes da sopa que se tornou o capitão Jack. Eu passei algum tempo com Keith e toda vez que eu o via, ele tinha algo novo amarrado no cabelo e eu perguntava: "o que é isso aí pendurado?", e ele respondia: "ah sim, comprei nas Bermudas." ou algo parecido. Então fiquei pensando nisso. Achei que Jack em suas viagens e aventuras veria algo e diria: "ah, eu quero isso..." e você sabe, pendurava a tal coisa. De forma que cada adereço teria uma história.


P: Como é voltar ao elenco principal para as seqüências?


R: Ah, é ótimo, é fantástico em todos os aspectos reunir o mesmo elenco. É muito bom ter a maioria do elenco do primeiro filme reunido outra vez. Nós passamos muito tempo juntos no primeiro e ficamos muito amigos, você se torna parte de uma família cigana, de uma trupe de circo. Então ter todos de volta em Piratas 2 e Piratas 3 tem sido uma benção. Algumas pessoas da equipe conhecem meu personagem tanto quanto eu. Eles poderiam interpretá-lo tão bem quanto eu agora. P: As carreiras de Keira Knightley e Orlando Bloom decolaram desde o primeiro piratas. Agora eles são grandes astros. Mudou alguma coisa?


R: Não, na minha opinião, eles são os mesmos. Eles chegam, trabalham intensamente e estão inteiramente comprometidos com o projeto. Keira não pode ser mais amável, Orlando também. Estou muito feliz por estarmos todos de volta. Todos estão relativamente iguais ao que eram quando começamos.


P: Tem alguns personagens novos também, como Bill Nighy e Stellan Skarsgard…


R: Eles são muito divertidos. Você vai lá e contracena com Bill e Stellan, o que mais pode querer? E Naomie (Harris) é genial. Ela está agregando muito a um personagem bastante interessante. Havia muitas coisas para se esperar em termos de como isto tudo se transformaria em filme. Eu mesmo, na verdade, estou muito entusiasmado - vou fechar os olhos quando eu aparecer na tela e alguém vai me cutucar quando eu desaparecer!


P: Soube que Jack é perseguido por canibais em Piratas 2. Como foi filmar isso?


R: Tremendamente cansativo. Na minha opinião foi: "Muito bem, lá estão 200 caras vestidos como canibais me perseguindo na praia." Eu estava totalmente vestido e tinha uma corda enorme amarrada no tornozelo e corria dentro d’água. Foi simplesmente exaustivo. E foram dias e dias fazendo isso. Para mim, particularmente, não foi nada divertido, mas o resultado final valeu a pena.

FIM


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