Nenhum espectador assistiu ao enterro de um dos mais tradicionais cinemas de Curitiba, o Cine Ritz, no último domingo. A Fundação Cultural anunciou na tarde do mesmo dia, o fechamento oficial do espaço e marcou para às 20h30 a última sessão do pequeno cinema que sobrevivia há 20 anos, já em condições precárias.
A sessão de ''A casa dos bebês'', uma co-produção americana e mexicana, não teve nenhum espectador e o cinema partiu silenciosamente. A penúltima exibição, às 17 horas do domingo, registrou oito espectadores. O fechamento do cinema acontece depois de um imbrólio que já se arrastava há três meses.
O motivo não foi a deficiência das projeções, o som quase inaudível nem as cadeiras pouco confortáveis do espaço, localizado bem no coração da Rua XV de Novembro. O que influenciou no fechamento das portas do cinema, segundo divulgou a FCC, foi a impossibilidade de acordo com o novo proprietário do prédio, que pedia R$ 15 mil pelo aluguel da sala.
O contrato que garantia o funcionamento do Cine Ritz foi fechado em 1985, em regime de comodato. O cinema foi cedido para uso da Fundação Cultural por uma das empresas do Grupo Cofra, proprietário das lojas C&A, em 1985.
O contrato acabou em fevereiro deste ano. Tanto a gestão anterior da FCC quanto a atual solicitaram renovação do documento nos mesmos termos, mas o prédio havia sido vendido. O novo proprietário recusou a renovação e disse ter a intenção de alugar o espaço.
Se a FCC aceitasse a proposta do novo proprietário, assumiria, conforme cálculo divulgado pela própria fundação, um déficit anual de cerca de R$ 300 mil, duas vezes maior do que a fundação arcava anteriormente.
Isso porque o Cine Ritz tem uma taxa de ocupação baixa comparada as suas despesas anuais. Em 2004, o custo total de despesas foi de R$ 159 mil, ainda segundo a fundação, e a receita líquida foi de R$ 35 mil, ocasionando um déficit de cerca R$ 123 mil.
Com o fechamento do Ritz, a fundação ainda mantém em seu núcleo outros dois cinemas (o Luz e a Cinemateca) e anuncia alguns projetos para suprir a baixa. Segundo divulgou, a FCC pretente reativar o Cine Guarani, no Centro Cultural do Portão, com 190 lugares, fechado desde 2000 por problemas de estrutura física.