O reconhecimento está chegando, depois do equívoco do júri de Cannes. No festival francês, em maio do ano passado, ''Babel'' foi injustamente derrotado na corrida pela Palma de Ouro, embora seu diretor, Alejandro Gonzalez Iñarritu, tenha ficado com o prêmio de direção. Melhor filme do 2006, ''Babel'' como o grande vencedor na cerimônia de entrega da 64ª edição do Globo de Ouro, na noite de 15 de janeiro em Los Angeles. Não importa que concorria em sete categorias: levou a que realmente vale, a de melhor filme dramático.
A festa que serve de aperitivo ao Oscar (as indicações acontecem na semana seguinte ao Glob ode Ouro) justificou a fama de descontraída e divertida que a acompanha, e ao contrário de ''Babel'', em que pessoas globalizadas não se entendem em torno de tragédias cotidianas, todos falaram a mesma língua.
Todo mundo muito à vontade, muita conversa entre famosos do cinema e da televisão, muito bom humor, tudo muito leve, até Schwarzzenegger de muletas dizendo conclamando para voltarem todos em 2008 com um ''we will be back next year''. Enfim, a antítese daquele modelo engessado que costuma ser o Oscar.
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À exceção de algumas malas e bagagens, tanto da telona como da telinha, o pessoal que desfilou pelo palco foi quase sempre simpático e sintético - Meryl Streep, por razões óbvias, é hors-concours quando se estende nos agradecimentos, sempre espirituosos.
Ela e outra veterana, Helen Mirren, saíram como rainhas da noite, veteranas que fazem até esquecer os nomes das noviciadas. La Streep congestionou ainda mais sua prateleira de estatuetas pela performance em ''O Diabo Veste Prada''. Menos conhecida, mas igualmente grande, Mirren fez por merecer a dobradinha de Globos vivendo duas soberanas inglesas homônimas.
Clint Eastwood conquistou o que parecia impossível para um diretor americano com a idade dele. Faturou o Globo para o melhor filme em língua não inglesa. Seu drama de guerra, ''Cartas de Iwo Jima'', rodado em apenas 32 dias, é falado em japonês. Clint disse que pretende aprender outros idiomas para fazer outros filmes, ''agora que sou um diretor estrangeiro''.
Martin Scorsese ficou o prêmio de melhor diretor na categoria drama, por ''Os Infiltrados''. Respirou aliviado mas sempre falador, e agora sonha com o Oscar. A surpresa foi Leonardo Di Caprio não ter ganho na categoria de melhor ator dramático, em que concorria tanto pelo filme de Scorsese como por ''Diamante de Sangue''. O rapaz merecia.
Quem ganhou foi Forest Whitaker por ''O Último Rei da Escócia''. A noite também foi de ressurreição para Eddie Murphy - melhor coadjuvante por ''Dreamgirls'' -, que andava com a carreira em queda livre.
Momento ótimo. Tom Hanks, encarregado de anunciar o prêmio especial Cecil B. De Mille para o ator-produtor-diretor Warren Beatty, faz uma antológica apresentação do homenageado. Que, apesar da fama de sempre entrar mudo e sair calado, surpreendeu pelo fair play e, muito à vontade, brincou com os ''velhinhos'' da platéia, Clint e Jack Nicholson.
Todos muito inspirados, de Dustin Hoffman ao ganhador do prêmio de melhor ator cômico, o britânico Sacha Cohen, responsável por um momento de insana hilaridade na platéia. O filme dele, de título quilométrico e festejado humor, é um dos recordistas recentes do box-office americano.
Os premiados das séries e filmes televisivos também festejaram muito, e a cada ano o público dos muitos países para onde a solenidade do Globo de Ouro é transmitida, mais e mais se identifica com os elencos deste segmento, sintonizado principalmente nos canais pagos.
GLOBO DE OURO 2007 - PREMIADOS:
CATEGORIAS DE CINEMA:
- Melhor Filme dramático:
"Babel"
- Melhor atriz em filme dramático:
Helen Mirren, "A Rainha"
- Melhor ator em filme dramático:
Forest Whitaker, "O Último Rei da Escócia"
- Melhor filme de comédia ou musical:
"Dreamgilrs"
- Melhor atriz em um filme de comédia ou musical:
Meryl Streep, "O Diabo veste Prada"
- Melhor ator em filme de comédia ou musical:
Sacha Baron Cohen, "Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América"
- Melhor filme de animação:
"Carros"
- Melhor filme estrangeiro:
"Cartas de Iwo Jima" (EUA/Japão)
- Melhor atriz coadjuvante em longa-metragem:
Jennifer Hudson, "Dreamgirls"
- Melhor ator coadjuvante em longa-metragem:
Eddie Murphy, "Dreamgirls"
- Melhor diretor de longa-metragem:
Martin Scorcese, "Os Infiltrados"
- Melhor roteiro de longa-metragem:
Peter Morgan, "A Rainha"
- Melhor trilha sonora original de longa-metragem:
Alexandre Desplat, "The Painted Veil"
- Melhor Canção Original de longa-metragem:
"The song of the Heart", "Happy Feet" (música e letra de Prince Rogers Nelson)
-Prêmio Cecil B. DeMille
Warren Beatty
CATEGORIAS DE TELEVISÃO:
- Melhor série dramática:
"Grey's Anatomy"
- Melhor atriz de série dramática:
Kyra Sedwick, "The Closer"
- Melhor ator de série dramática:
Hugh Laurie, "House"
- Melhor série - cômica ou musical:
"Ugly Betty"
- Melhor atriz em série de TV - comédia ou musical:
America Ferrera, "Ugly Betty"
- Melhor ator em série de TV - comédia ou musical:
Alec Baldwin, "30 Rock"
- Melhor mini-série ou telefilme:
"Elizabeth I"
- Melhor atriz em mini-série ou telefilme:
Helen Mirren, "Elizabeth I"
- Melhor ator em mini-série ou telefilme:
Bill Nighy, "Gideon's Daughter"
- Melhor Atriz coadjuvante em série, mini-série ou telefilme:
Emily Blunt, "Gideon's Father"
- Melhor Ator coadjuvante em série, mini-série ou telefilme:
Jeremy Irons, "Elizabeth I"