É difícil compreender como Don Roos, que escreveu "Diabolique" e "The Opposite Sex", pôde chegar ao cúmulo da pieguice em seu último trabalho, o filme "Mais que o Acaso". Desta vez a crítica, a ironia e o humor inteligente deram lugar à surrada fórmula padrão dos romances com pitadas mal dosadas de drama e comédia. Talvez a culpa seja da pressa: Roos escreveu o roteiro em tempo recorde, apenas quatro semanas.
"Mais que o Acaso" conta a história de Buddy Amaral (Ben Affleck, de "Forças do Destino"), um publicitário com problemas de bebida que ao invés de embarcar no vôo para Los Angeles, prefere dar uma ‘escapadinha’ com a bela Mimi (Natasha Henstridge, de "A Bela Donna"). Sem ter o que fazer com sua passagem de primeira classe, ele resolve trocá-la com um desconhecido. O avião cai e, para a esposa e os dois filhos, só sobram as cinzas do pobre coitado. E é aí que começa a previsibilidade... Movido por um complexo de culpa, um ano mais tarde Buddy decide procurar a viúva (Gwyneth Paltrow, de "Shakespeare Apaixonado") com o propósito de ajudá-la, mas sem contar a verdade à ela. Papo daqui, consolo de lá – surpresa! – os dois acabam se apaixonando. A vida continua, o amor é lindo, mas em toda história de relacionamento a dois com segredo no meio, alguém acaba levando a pior. No final, obviamente feliz – e, que fique bem claro, isto não é nenhuma revelação –, o rapaz reconquista a moça com todo o seu charme.
A tentativa de tratar assuntos sérios como o alcoolismo e até mesmo o dilema "Posso amar o homem que ‘matou’ meu marido?" não funciona porque um roteiro incongruente não oferece base para isso. O filme poderia seguir direções diferentes e, com certeza, seria mais crível se Don Roos sacrificasse alguns momentos Kodak e se concentrasse em um maior desenvolvimento dramático e profundo tanto dos protagonistas quanto do roteiro. Ao invés disso, ele preferiu um sentimentalismo barato que fica evidente, inclusive, na falta de seriedade do elenco.
Ben Affleck, que, com muito esforço, tenta ser mais que um ‘rostinho bonito’ na tela, desta vez não mostrou muita habilidade para chorar. Sem poder se esconder atrás da ironia de seus típicos personagens, a tarefa de Affleck aqui era mostrar todo o sentimento e humanidade de uma alma torturada. Não convenceu. Gwyneth Paltrow, que longe dos holofotes já dividiu a cama do ator, agora compartilha o desconforto de ter participado desta produção.
Com os cabelos castanhos e a cara lavada, Paltrow parecia mais real nas seqüências sérias que seu colega de trabalho e ex-namorado. Mas a artificialidade estava impregnada nos sets de filmagem. Afinal, fica difícil uma cena exalar naturalidade quando o casal do filme demonstra pouca química entre si.
Se o diretor Roos tivesse sido mais esperto, teria escalado outra atriz, ou melhor, outro ator para o papel. Se o diretor quisesse ser mais esperto ainda, teria decidido antes de começar a filmagem se esse é um drama sério ou uma comédia romântica light. Se essa não for a sua praia, faça como o protagonista: troque seu ingresso com um estranho de outra fila do cinema.
"Mais que o Acaso" conta a história de Buddy Amaral (Ben Affleck, de "Forças do Destino"), um publicitário com problemas de bebida que ao invés de embarcar no vôo para Los Angeles, prefere dar uma ‘escapadinha’ com a bela Mimi (Natasha Henstridge, de "A Bela Donna"). Sem ter o que fazer com sua passagem de primeira classe, ele resolve trocá-la com um desconhecido. O avião cai e, para a esposa e os dois filhos, só sobram as cinzas do pobre coitado. E é aí que começa a previsibilidade... Movido por um complexo de culpa, um ano mais tarde Buddy decide procurar a viúva (Gwyneth Paltrow, de "Shakespeare Apaixonado") com o propósito de ajudá-la, mas sem contar a verdade à ela. Papo daqui, consolo de lá – surpresa! – os dois acabam se apaixonando. A vida continua, o amor é lindo, mas em toda história de relacionamento a dois com segredo no meio, alguém acaba levando a pior. No final, obviamente feliz – e, que fique bem claro, isto não é nenhuma revelação –, o rapaz reconquista a moça com todo o seu charme.
A tentativa de tratar assuntos sérios como o alcoolismo e até mesmo o dilema "Posso amar o homem que ‘matou’ meu marido?" não funciona porque um roteiro incongruente não oferece base para isso. O filme poderia seguir direções diferentes e, com certeza, seria mais crível se Don Roos sacrificasse alguns momentos Kodak e se concentrasse em um maior desenvolvimento dramático e profundo tanto dos protagonistas quanto do roteiro. Ao invés disso, ele preferiu um sentimentalismo barato que fica evidente, inclusive, na falta de seriedade do elenco.
Ben Affleck, que, com muito esforço, tenta ser mais que um ‘rostinho bonito’ na tela, desta vez não mostrou muita habilidade para chorar. Sem poder se esconder atrás da ironia de seus típicos personagens, a tarefa de Affleck aqui era mostrar todo o sentimento e humanidade de uma alma torturada. Não convenceu. Gwyneth Paltrow, que longe dos holofotes já dividiu a cama do ator, agora compartilha o desconforto de ter participado desta produção.
Com os cabelos castanhos e a cara lavada, Paltrow parecia mais real nas seqüências sérias que seu colega de trabalho e ex-namorado. Mas a artificialidade estava impregnada nos sets de filmagem. Afinal, fica difícil uma cena exalar naturalidade quando o casal do filme demonstra pouca química entre si.
Se o diretor Roos tivesse sido mais esperto, teria escalado outra atriz, ou melhor, outro ator para o papel. Se o diretor quisesse ser mais esperto ainda, teria decidido antes de começar a filmagem se esse é um drama sério ou uma comédia romântica light. Se essa não for a sua praia, faça como o protagonista: troque seu ingresso com um estranho de outra fila do cinema.